terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cadê a gentalha?

Depois do julgamento do policial pela morte do menino no Rio, em que ele respondeu por lesão corporal leve, meu pai e eu chegamos a conclusão de que é melhor mandar mesmo meu sobrinho para o Japão, quando ele ficar maior, e se ele quiser morar lá com o tio, claro. Aliás, adoraríamos poder mudar daqui também, porque não dá pra levar um país desse e um povo desse a sério, não dá. Não, não entendo, nunca vou entender como é que um policial entra em tiroteio e depois em perseguição a um Fiat Stilo preto, vê um Fiat Palio Weekend cinza encostar e parar para lhe dar passagem, e o tal policial desce da viatura, atirando, sem ver inclusive um sacola de criança do lado de fora da janela.

Não entendo! Podem falar dos salários ruins, da violência, da falta de apoio do governo, da falta de apoio da população, do treinamento ruim, podem falar de tudo o que cerca as péssimas condições de trabalho dos policiais hoje em grandes cidades. Mas nada disso explica um policial não saber o mínimo, que é distinguir um carro de outro, que é não sair atirando se não há está sendo atacado no momento, que é observar o cenário onde está e ser capaz de ver tudo, inclusive uma bolsa de criança sendo jogada por uma janela. Não entendo um policial achar que um bandido que estava trocando tiros com ele iria parar o carro de repente e ainda jogar uma coisa qualquer pela janela, e ver isso como ameaça, abrindo fogo. Não é falta de treinamento, isso é falta de competência. Isso é crime. Isso é homicídio doloso. Em qualquer lugar do mundo, menos aqui.

E o que eu entendo menos ainda é a sociedade. Eu estou procurando aquela orda de urubus que ficou sentada na frente da televisão acompanhando o seqüestro da moça Eloá. Estou procurando aquela orda de urubus que foi até um cemitério que fica na casa do caralho ver seu enterro. Estou procurando pela orda de urubus que ficou parada em torno do ônibus sequestrado no Rio, e que viu ao vivo a morte da refém.

Cadê essa orda, que acha tempo para tudo isso, que pára de trabalhar pra ver as pessoas sofrerem, morrerem, que acham tempo para ficar contando detalhes mórbidos ou picantes, para no fim de semana ir ver jogo de futebol, para em dia de semana ir assistir a apresentação daquele gordo do Ronaldinho no meu Timão, cadê essa orda? Por que ela não foi protestar, reclamar da falta de Justiça pela condenação de um policial, por crime de lesão corporal leve, a pena alternativa de sete meses, depois de ter matado um bebê? Cadê essa gentalha?

Eu queria ter feito isso!

O iraquiano Muntazer al Zaidi é um jornalista, hoje, muito famoso. Eu sou muito cismada com jornalista. No geral, acho essa turma muito metida a saber tudo e, no fundo, não sabem nada. Se metem a falar de qualquer assunto como grande especialista. No geral, se você raspar a superfície, atrás da casquinha verá que jornalista tem muita informação de muita coisa, mas tudo da profundidade de um pires. Mas o iraquiano conseguiu minha admiração. Virou meu muso! Acho que muita gente, em muitos lugares do mundo, o aplaudiu pela sapatada. Só fiquei com pena dele mesmo por ter perdido os sapatos. Aquele merda do Bush não vale nada, nem mesmo um par de sapato. Não vale!