sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sem coerência

Eu li o texto do jornalista de F-1 do Estadão, que estava em Madri no dia do acidente do avião... Ele estava dentro de outro avião, esperando para decolar, e viu todo o fogo. Ele dizia que todos no avião em que ele estava rezaram para chegar bem no outro aeroporto. E eu fiquei pensando se esses seres, quando passam em um acidente de carro, daqueles com morte e sangue e o caralho a quatro, pensam a mesma coisa.

Ninguém vê um acidente de carro e fica rezando pelo resto do caminho para chegar bem em casa. Nem o motorista nem o passageiro. O máximo que as pessoas fazem é tirar um pouco o pé do acelerador e serem mais cuidadosas. Mas não ficam se perguntando: será que chegarei ao meu destino estando nesse automóvel?

Será que a tranquilidade para lidar com acidentes de carro é grande porque se tornou banal - todo dia tem gente morrendo, no fim das contas, em alguma porrada no trânsito? Será que é porque o carro não voa, pelo menos, não literalmente?

O ser humano não tem muito coerência nas coisas não... Se todos ficassem com medo de andar de carro como ficam quando estão vendo acidentes de avião, o trânsito seria muito menos violento, não?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Há algo de podre no reino da Dinamarca

... e eu me surpreendi não me incomodando muito com isso. Ouvi, sem querer, metade de uma conversa em que comentavam que o Sergio e a sua respectiva não estão lá muito bem. Não sei o motivo, peguei a conversa andando. Ouvi que falaram pra moça que o Sergio a considerava como a mulher da vida dele, e ela disse um "não sei não". Depois falaram para o próprio Sergio para ele não sacanear com a amiga, e que ele nada respondeu. Deduzi que a moça deve ter tido alguma crise de ciúme, e pelo silêncio do moço, baseado no pouco que eu sei dele, ela tem motivo de sobra pra ficar embirrada. Ele mente mal. O silêncio é a melhor resposta.

Eu sempre fiquei pensando qual seria minha reação se esse relacionamento dele, um noivado, não desse certo. E se aparecesse uma crise entre eles, eu iria comemorar? Ficaria feliz? Ansiosa por vê-lo? Iria achar que uma chance se abriria para mim? Eu iria aproveitá-la, já que gostei tanto dele? Iria pular em cima, como urubu rodeando cadáver, na primeira oportunidade? Sempre achei que a resposta para tudo isso seria sim. E agora que aconteceu uma crise no relacionamento dele, nada disso ocorreu. Quando fiquei sabendo da crise do casal, senti um grande e enorme nada. Quase que dei de ombros.

Acho que não gosto mais dele. Me preparei tanto para o fato de que ele, noivo, ia se casar, me eduquei tanto para ficar feliz por vê-lo feliz do lado de uma moça de quem ele aparentemente gosta demais, que o faz feliz, que amacia o ego dele, que acho que desgostei. Tentei até sonhar com a situação dele tentar ficar comigo pra se consolar. E minha reação foi inédita: achei tudo sem graça e comecei a pensar em outra coisa.

É, cansei de brincar. Toda chama, sem oxigênio para mantê-la, adormece, adormece e apaga. Morre. Meu gostar do Sergio morreu. Não estou triste, nem feliz. Estou vazia. E acho que isso é muito pior...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Viva a Samantha!

Eu, como quase toda a mulherada da faixa dos 30 anos, as populares balzacas, adoro Sex and The City. Tirando o fato delas quase não trabalharem e serem bem estereotipadas, o seriado é perfeito. Mesmo os estereótipos são muito bons. Mas já ouvi algumas moças falarem que se identificam mais com a Carrie. Ou moças que dizem que gostariam de ser como ela, classificando a Carrie de "equilibrada".

Não vejo nada de equilibrado na Carrie. Para mim, ela é a pior de todas no que se refere a confusão da personalidade feminina - e talvez a mais próxima do real, porque é uma bicha muito confusa! A Carrie não é bem definida. Ela não é romântica como Charlotte, não galinha como a Samantha, nem é durona como a Miranda - essa sim, me parece bastante equilibrada, porque as coisas para ela são muito práticas e claras. Carrie é uma mistura muito complicada de todas as outras. E vendo a Carrie eu entendo porque os homens falam que a gente, em certas horas, é um pé no saco. Eu acho a Carrie um tremendo pé no saco!

Carrie consegue encanar porque o cara dá a chave do apartamento e porque o cara não dá a chave do apartamento. Como colunista e comunicadora, é péssima. O que foi aquele emburramento dela com o namorado russo só porque ele disse que a amiga dele morreu de câncer, quando ela falava da doença da Samantha? Absoluta e total falta de comunicação. Preocupada com o que o namorado falava, ela teria resolvido toda a pindaíba se tivesse simplesmente se preocupado em perguntar para ele porque ele estava insistindo em falar que a amiga dele morrera de câncer. Mas preferiu se irritar, brigar, espernear ao invés de fazer a pergunta direta: "por que você está me falando isso?". Coisa tão típica de mulherzinha essa reação, credo!

Prova de que não é legal ser a Carrie é que, reparem, a Carrie foi a última a se dar bem! A Miranda, que não era bem uma perseguidora de relacionamentos e tava feliz na vida profissional, teve filho e casou antes da Carrie. Até a doida da Samantha, que só usava a homaiada e tinha uma capacidade e vontade limitadas para se envolver com um só homem, achou um namorado fixo antes da Carrie. A Charlotte se casou duas vezes! E arrumou cachorra-baby, depois foi avó da cachorra-baby...

Enquanto isso a Carrie ficava se debatendo entre ir ou não para Paris com um namorado que oferecia o sério, a segurança que ela queria. E tudo isso para ser a última a arranjar um namorado e, pior, ela terminar, no final do seriado, exatamente como ela começara: com o Big! Aquele cara que a fez pastar, sofrer e chorar horrores. Veja lá se isso é exemplo!

Não entendo mesmo a mulherada achar a Carrie o máximo. Prefiro admirar a Samantha. Não pelo fato dela ficar com todos os caras que queria. Mas por ser forte, e por ter todo aquele bom humor para contornar as crises que apareciam, como quando ela ficou doente e quando simplesmente se enrolava com os caras.

O dia em que ela terminou com aquele dono de rede de hotéis porque subiu trocentos lances de escada usando uma calcinha com pérola ou afim, e chegou morrendo no quarto para constatar que ele estava sozinho, mas terminar com ele por não suportar as crises dela mesma, foi a maior prova de sensatez, respeito por si mesma e auto-conhecimento que uma mulher poderia demonstrar.

E a cena em que a Samantha resolve raspar o cabelo, e o namorado chega e a ajuda, raspando o dele e o dela, a reação dela em tomar a atitude de raspar e o que ela fala pro namorado a respeito da doença, a resposta dele.... Esse foi um dos melhores momentos do seriado, não tenho dúvida!

Por isso: Viva a Samantha!

Uma decepção

Abro a internet e vejo a manchete: Rick Martin é pai de gêmeos! Eu comemorei, né? Todo mundo dizia que aquela coisa linda era gay. E eu pensei: aí, povo preconceituoso, toma! Povo que não pode ver homem bonito e solteiro sem desfilar com mulher e que já bota lá o adesivo de gay na testa do sujeito... Bem-feito, seus linguarudos! O homi era tão gay que fez dois filhos de uma vez. Bando de gente invejosa!!!

Feitas as comemorações, cliquei no link para ler o texto. E está lá que ele tem 36 anos - achei que ele fosse mais novo - e que foi pai de dois meninões! Ehhhhh, parabéns! E aí escrevem que a mãe era uma barriga de aluguel...

Pera! Pára tudo! Como??? Barriga de aluguel??? O Rick Martin contratou barriga de aluguel? Lindo, rico, com mulher caindo no colo, alugando uma barriga? Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh que decepção, hein, seu Rick!

Nunca mais eu defendo homem solteiro e bonito que não desfile com mulher. Queimei totalmente minha língua!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O passado me condena

Eu sempre fui saudosista demais da conta. É um problema isso, mas não consigo evitar. E acho que essa crise saudosista chegou a limites intoleráveis. A crise deve ter sido detonada por causa do Ricardo me lembrar da época de criança... porque ele faz parte da minha infância, quando tudo na minha vida estava por fazer ainda. E esse saudosismo se expressou no meu súbito vício por procurar programas e músicas que eu ouvia quando criança na breguíssima, exagerada e divertida época dos anos 80. Eu a-ma-va o Globo de Ouro, Chacrinha, Bolinha, Barros de Alencar e afins, e todas as músicas bregas da época. Não tenho vergonha de confessar. Nenhuma! Achei muitas pérolas lá no Youtube. Vai uma listinha aqui do Globo de Ouro:

Gretchen e Conga-Conga. Ai, meu Deus, eu dançava isso. Tá, era diferente das meninas que dançam creus e afins hoje. Só podia dançar em casa, sozinha. Nada de ficar rebolando na frente dos outros não, mamys me dava uns tapas no traseiro!

Mordida de amor, com o grupo Yahoo, nome que não é referência ao programa de busca da internet. Aliás, o grupo é de um período que sequer tínhamos computador no Brasil e internet era coisa exclusiva do serviço militar dos EUA. Ai, que eu suspirei horrores ouvindo essa música... Acho que continuo suspirando... rsrs

Patrícia Marx e a Festa do Amor... Uohuoh, uohuohuuuuhhh... caraca, eu adoro muito essa música. Era da novela Bambolê, a Carla Marins era uma peste que roubou o namoradão lindo da Miriam Rios, irmã mais velha dela na novela. Eu adorava a Carla Marins, queria ser malvada como ela. Teve uma cena que ela pingou colírio nos olhos para parecer que estava chorando pro namorado da irmã. Por essas e outras, acabou com o namoro de pobre da Miriam com o Luís Fernando, acho que era esse o nome dele. Até cogitei fazer uma cena parecida na rua lá de casa para chamar a atenção de um moço... que horror!

YES!!!!!!!!!!!!! YESSSSS!!!!!!!!! Tim Moore... música da novela Selva de Pedra, versão Fernando Torres, Tony Ramos. Puitizzzzzzz música brega, boa pra dançar bregamente de rosto coladinho. Ai, ai! Tá, tá... ele é lindo e dança muito "desmunhecadamente", mas e daí?

Outra hora eu volto com mais um momento "o passado me condena"! Acabei de ver que tem Menudo no Youtube. Vou reaprender a coreografia do "Não se reprima"!

Pirando na faculdade

Algumas constatações sobre a faculdade: primeiro, eu odeio dialética marxista. Segundo, quero ser neopositivista, tá bom? Eu quero ser uma pessoa rasa, simples, quantitativa, eu quero entender o mundo pelos números, eu quero saber onde as coisas estão e porque elas estão ali sem ter de saber sobre filosofia e sociologia.

Isso não é por preguiça, é pela absoluta falta de conhecimento básico nessas duas ciências mesmo. E pela absoluta falta de tempo para poder ler e aprender essas bases. Mal consigo ler os textos obrigatórios. E os estágios da Licenciatura? Eu tenho de arrumar 40 horas livres para fazer estágio... onde eu vou encontrar essas horas? Das 0h às 5h? Mas nenhuma escola funciona nesse horário, catzo!

Tenho uma lista imensa de livros em geografia que gostaria de ler. Preciso começar a montar essa bibliografia em forma de lista. Mas com certeza só darei conta dela quando estiver fora da faculdade. Ficarei um ano descansando e depois tentarei mestrado. Tenho um ano para dar conta da lista.

Terceiro ponto: na primeira aula de teoria da região e regionalização, com o Élvio, eu sai da sala pensando "ou esse cara é um tremendo gênio ou um tremendo picareta". Na segunda aula, pensei que ele estava mais para gênio. Na terceira, realmente ele é um gênio. Ou eu que sou muito burra? Sei lá, gosto muito dele, apesar de entender cerca de 40% só do que ele fala.

O Élvio é professor novo, mas das antigas, daqueles que manda coisas para a gente pensar, nos desafia a fazer reflexão, fica revoltado com o pseudo conhecimento sobre Marx dos moleques, chama o marxismo de religião porque lá na Geografia da USP só se fala disso, não há outra possibilidade de interpretar o mundo que não pelo olhar marxista. Ele fica revoltado com as perguntas complexas feitas por alunos que acham que estão na pós, mas não tem conhecimento para acompanhar a resposta que ele precisa dar para as perguntas feitas no curso de graduação. Ele lança dúvidas, temas que podem ser mestrado/doutorado, manda estudar, ler... E eu fico lá me lamentando por não poder responder a esses desafios.

Eu devia ter feito geografia na USP como minha primeira faculdade, quando eu não trabalhava. Com certeza, eu aproveitaria mais o curso e seria muito mais sabida do que hoje. Oh lástima, viu?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Oh, catzo!

Caralho, eu tava indo bem na Operação Deletar PM - Parte 1... mas tive uma recaída. Como me conheço bem, então, já botei Parte 1 na operação porque sabia que precisaria da Parte 2. Ou Fase 2. Eu sei lá o que acontece. Acho que são os hormônios, de novo. Quer coisa pior do que mulher mal comida? Mulher não comida! Fueda. Fato é que eu sempre tenho recaídas nessas minhas paixonites agudas. Eu resolvo que vou deixar pra lá. E passo semanas bem. Aí, puft! A recaída. Ohhhhhhhhhhhhhhh catzo de vida!

Me preocupou nessa recaída a ausência de uma fator que a desencadeasse. O fato de que, quase sempre, elas ocorrem quando eu vejo a pessoa em questão, me deixa muito feliz, em geral. Porque nessas circunstâncias é fácil resolver o problema e evitar as recaídas. É só não ver o dito cujo. Mas quando a recaída ocorre sem motivo desencadeador, aí a coisa se complica. Foi exatamente o que aconteceu: nada que seja identificável desencadeou essa crise, porque faz semanas que sequer vejo o Ricardo. Teve dia que nem o carro dele na garagem eu vi! Mas desde a semana passada que só fico pensando nele. Toda hora...

E complicou mais ainda porque eu dei pra sonhar com ele. Esses dias eu sonhei que ele estava no portão da casa dele, saindo, e o telefone celular dele tocou. Ele atendeu, ficou falando, olhando pra mim e com um sorriso - e coisa mais rara no mundo é ver aquele menino sorrir. Estava um tempo ruim, meio que garoando, frio, nublado...

Ele nitidamente sorria porque eu não tirava os olhos dele enquanto ele atendia a ligação. E parecia que ele queria que eu pensasse que ele estava falando sobre algo muito bom e importante, como se estivesse marcando um encontro com alguma moça muito, muito, muito interessante. Era como se ele quisesse me provocar e que eu ficasse curiosa e enciumada. Ele usava uma calça jeans larga cinza desbotada, camiseta azul clara e tênis. E tinha uma mochila escura nas costas. O pai dele estava do lado dele, segurando o portão, esperando a conclusão da ligação. Eu acordei antes da ligação dele acabar e dele sair da garagem. Não sei até agora o que esse sonho significa.

E eu fico ansiosa quando vou na mamys, porque queria muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito vê-lo. Só um pouquinho, uma espiadinha, já me contentava. Que fissura só pra ver o menino, Jesus! Já até me peguei bolando uns planos para tirar foto dele pra poder ficar olhando quando tivesse crise! Olha que nível de insanidade minha recaída atingiu!

Eu queria muito descobrir quem ele é. O que gosta de comer, de beber, qual a cor preferida, o tipo de filme que mais gosta, porque quis ser policial, porque a cara marruda, se tem um temperamento do cão, se é romântico, ou ciumento e possessivo, se é bravo, se gosta de chocolate e de ver TV, se beija bem, se é mandão, se ajuda a lavar louça, se é carinhoso e gosta de andar abraçadinho, o que quer do futuro, se sofre com a profissão, se os ombros e braços são mesmo tudo de bom, se os olhos ficam sempre verdes ou mudam de cor conforme a luz e o humor...

Ai que raiva, sai do meu pensamento, vai, Ricardo! Deixe-me viver minha vida sossegada! Eu tava tão bem sem essas crises de paixonite, merda! E agora, como montar a fase 2 da operação, porra???!!!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Não precisa casar. Sozinho é melhor.

O psiquiatra decreta a morte do amor romântico e diz que
a vida de solteiro é um caminho viável para a felicidade

Reportagem de Duda Teixeira - Revista Veja

Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate acompanhou os fatos mais marcantes que mudaram a sexualidade no Brasil e no mundo. Por meio de mais de 8.000 pessoas atendidas, assistiu ao impacto da chegada da pílula anticoncepcional na década de 60 e a constituição das famílias contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado. Suas reflexões sobre o amor ao longo de esse tempo foram condensadas no seu 26º livro, Uma História de Amor... com Final Feliz. Na obra, a oitava sobre o tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio. Tendo sido um dos primeiros a publicar um estudo no país sobre sexualidade, atuou em diversos meios de comunicação, como jornais e revistas e na televisão. Atualmente, possui um programa na rádio, em que responde perguntas feitas por ouvintes. Aos 65 anos, ele atendeu a reportagem de Veja em seu consultório no elegante bairro dos Jardins, em São Paulo.

Veja - O senhor diria para a maioria das pessoas que o casamento pode não ser uma boa decisão na vida?
Gikovate - Sim. As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém, lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação.

Veja - Ficar sozinho é melhor, então?
Gikovate - Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, aquele "vazio no estômago" por estarem sozinhos, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. Pensam, como Vinicius de Moraes, que "é impossível ser feliz sozinho". Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos.

Veja - Por que os casamentos acabam não dando certo?
Gikovate - Quase todos os casamentos hoje são assim: um é mais extrovertido, estourado, de gênio forte. É vaidoso e precisa sempre de elogios. O outro é mais discreto, mais manso, mais tolerante. Faz tudo para agradar o primeiro. Todo mundo conhece pelo menos meia-dúzia de casais assim, entre um egoísta e um generoso. O primeiro reclama muito e, assim, recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir o outro. Muitos homens egoístas fazem questão que a mulher generosa esteja do lado dele enquanto ele assiste na televisão os seus programas preferidos. Mulheres egoístas não aceitam que seus esposos joguem futebol. Consideram isso uma traição. De um jeito ou de outro, o generoso sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano. E a felicidade vai junto. O casamento, então, começa a desmoronar. Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre amor e individualidade, opte pelo segundo.

Veja - Viver sozinho não seria uma postura muito individualista?
Gikovate - Não há nada de errado em ser individualista. Muitos dos autores contemporâneos têm uma postura crítica em relação a isso. Confundem individualismo com egoísmo ou descaso pelos outros. São conceitos diferentes. Outros dizem que o individualismo é liberal e até mesmo de direita. Eu não penso assim. O individualismo corresponde a um crescimento emocional. Quando a pessoa se reconhece como uma unidade, e não como uma metade desamparada, consegue estabelecer relações afetivas de boa qualidade. Por tabela, também poderá construir uma sociedade mais justa. Conhecem melhor a si próprio e, por isso, sabem das necessidades e desejos dos outros. O individualismo acabará por gerar frutos muito interessantes e positivos no futuro. Criará condições para um avanço moral significativo.

Veja - Por que os casamentos normalmente ocorrem entre egoístas e generosos?
Gikovate - A idéia geral na nossa sociedade é a de que os opostos se atraem. E isso acontece por vários motivos. Na juventude, não gostamos muito do nosso modo de ser e admiramos quem é diferente de nós. Assim, egoístas e generosos acabam se envolvendo. O egoísta, por ser exibicionista, também atrai o generoso, que vê no outro qualidades que ele não possui. Por fim, nossos pais e avós são geralmente uniões desse tipo, e nós acabamos repetindo o erro deles.

Veja - Para quem tem filhos não é melhor estar em um casamento? E, para os filhos, não é melhor ter pais casados?
Gikovate - Para quem pretende construir projetos em comum – e ter filhos é o mais relevantes deles – o melhor é jogar em dupla. Crianças dão muito trabalho e preocupação. É muito mais fácil, então, quando essa tarefa é compartilhada. Do ponto de vista da criança, o mais provável é que elas se sintam mais amparadas quando crescem segundo os padrões culturais que dominam no seu meio-ambiente. Se elas são criadas pelo padrasto, vivem com os filhos de outros casamentos da mãe, mas estudam em uma escola de valores fortemente conservadores e religiosos, poderão sentir algum mal-estar. Do ponto de vista emocional, não creio que se possa fazer um julgamento definitivo sobre as vantagens da família tradicional sobre as constituídas por casais gays ou por um pai ou mãe solteiros. Estamos em um processo de transição no qual ainda não estão constituídos novos valores morais. É sempre bom esperar um pouco para não fazer avaliações precipitadas.

Veja - Que conselhos você daria para um jovem que acaba de começar na vida amorosa?
Gikovate - É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade. O mundo mudou muito desde então. É só olhar como vivem as viúvas. Estão todas felizes da vida. Contudo, como muitos jovens ainda sonham com esse amor romântico, casam-se, separam-se e casam-se de novo, várias vezes, até aprender essa lição. Se é que aprendem. Se um jovem já tem a noção de não precisa se casar par ser feliz, ele pulará todas essas etapas que provocam sofrimento.

Veja - As mulheres são mais ansiosas em casar do que os homens? Por quê?
Gikovate - As mulheres têm obsessão por casamento. É uma visão totalmente antiquada, que os homens não possuem. Uma vez, quando eu ainda escrevia para a revista Cláudia, o pessoal da redação fez uma pesquisa sobre os desejos das pessoas. O maior sonho de 100% das moças de 18 a 20 anos de idade era se casar e ter filho. Entre os homens, quase nenhum respondeu isso. Queriam ser bons profissionais, fazer grandes viagens. Essa diferença abismal acontece por razões derivadas da tradição cultural. No passado, o casamento era do máximo interesse das mulheres porque só assim poderiam ter uma vida sexual socialmente aceitável. Poderiam ter filhos e um homem que as protegeria e pagaria as contas. Os homens, por sua vez, entendiam apenas que algum dia eles seriam obrigados a fazer isso. Nos dias que correm, as razões que levavam mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas décadas, elas ganharão mais que eles. Resta acompanhar o que irá acontecer com as mulheres, agora livres sexualmente, nem sempre tão interessadas em ter filhos e independentes economicamente.

Veja - Como será o amor do futuro?
Gikovate - Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. Isso de certa forma já ocorre naturalmente. No Brasil, o número de divórcios já é maior que o de casamentos no ano. Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações. Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada. Eu estou no meu segundo casamento. Minha mulher gosta de ópera. Quando ela quer ir, vai sozinha. E não há qualquer problema nisso.

Veja - Quando duas pessoas decidem morar juntas, a individualidade não sofre um abalo
Gikovate - Não necessariamente elas precisarão morar juntas. Em um dos meus programas de rádio, um casal me perguntou se estavam sendo ousados demais em se casar e continuarem morando separados. Isso está ficando cada dia mais comum. Há outros tantos casais que moram juntos, mas em quartos separados. Se o objetivo é preservar a individualidade, não há razão para vergonha. O interessante é a qualidade do vínculo que existirá entre duas pessoas. No primeiro mundo, esse comportamento já é normal. Muitos casais moram até em cidades diferentes.

Veja - É possível ser fiel morando em casas ou cidades diferentes?
Gikovate - A fidelidade ocorre espontaneamente quando se estabelece um vínculo de qualidade. Em um clima assim, o elemento erótico perde um pouco seu impacto. Por incrível que pareça, essas relações são monogâmicas. É algo difícil de explicar, mas que acontece.

Veja - Com o fim do amor romântico, como fica o sexo?
Gikovate - Um dos grandes problemas ligados à questão sentimental é justamente o de que o desejo sexual nem sempre acompanha a intimidade efetiva, aquela baseada em afinidade e companheirismo. É incrível como de vez em quando amor e sexo combinam, mas isso não ocorre com facilidade. Por outro lado, o sexo com um parceiro desconhecido, ou quase isso, é quase sempre muito pouco interessante. Quando acaba, as pessoas sentem um grande vazio. Não é algo que eu recomendaria. Hoje, as normas de comportamento são ditadas pela indústria pornográfica e se parece com um exercício físico. O sexo então tem mais compromisso com agressividade do que com amor e amizade. Jovens que têm amigos muito chegados e queridos dizem que transar com eles não tem nada a ver. Acham mais fácil transar com inimigos do que com o melhor amigo. Penso que, com o amadurecimento emocional, as pessoas tenderão a se abster desse tipo de prática.

Veja - As desilusões com o primeiro casamento têm ajudado as pessoas a tomar as decisões corretas?
Gikovate - No início da epidemia de divórcios brasileira, na década de 70, as pessoas se separavam e atribuíam o desastre da união a problemas genéricos. Alguns diziam que o amor acabou. Outros, o parceiro era muito chato. Não se davam conta de que as questões eram mais complexas. Então, acabavam se unindo à outras pessoas muito parecidas com as que tinham acabado de descartar. Hoje, os indivíduos estão mais críticos. Aceitam ficar mais tempo sozinhos e fazem autocríticas mais consistentes. Por causa disso, conseguem evoluir emocionalmente e percebem que terão que mudar radicalmente os critérios de escolha do parceiro. Se antes queriam alguém diferente, hoje a tendência é buscarem uma pessoa com afinidades.

Veja - O senhor já escreveu colunas para jornais, revistas, atuou na televisão e agora tem um programa na rádio. O senhor se considera um marqueteiro?
Gikovate - Sempre gostei de trabalhar com os meios de comunicação. Psicologia não é assunto para especialistas, mas de todo mundo. Faço essas coisas também porque é uma forma de entrar em contato com um público diferente do que eu encontro normalmente. Na rádio, respondo perguntas de gente tacanha, que jamais teriam condição de pagar uma consulta. Estão em um outro patamar financeiro. Mas o que dizem, é ouro puro. As colunas e programas de rádio que eu faço não me trazem clientes. Às vezes, só atrapalham. Em 1982, aceitei trabalhar com o Corinthians. Era a democracia corinthiana. Foi um balde de água fria na clínica. Imagine só, o Corinthians! Não foi o tipo de notícia que meus pacientes gostaram de ouvir. Eu fiquei lá dois anos. Meu pai ficava chocado com essas coisas, porque naquele tempo médico de bom nível não fazia essas coisas. Não estava nem aí. Quando eu me interesso por alguma coisa, eu vou. No mais, se eu fosse um simples marqueteiro, não teria durado 41 anos.

Veja - Apesar de todo esse tempo de clínica, o senhor atuou sozinho, longe das universidades. Por quê?
Gikovate - O mundo acadêmico está cheio de papagaios, que repetem fórmulas prontas. Citam sempre outros pensadores, mas nunca vão a lugar algum. Não têm coragem para disso. Esse universo, do qual eu acabei me afastando, é extremamente conservador. Não são eles que produzem as novas idéias. Muitos fingem que eu não existo. Diziam à pequena que eu era um cara muito pragmático, que levava em conta muito os resultados, o que é verdade. Os que mais gostam do que eu faço não são da minha área. São os filósofos, como o Renato Janine Ribeiro e a Olgária Matos. De minha parte, eu sempre fugi dos rótulos. Não me inscrevi membro da Sociedade de Psicanálise. Não sou membro de qualquer sociedade dogmática. Não sou sócio de nenhum clube. Sou uma pessoa de mente aberta. Nunca quis discípulos. Os meus discípulos, se um dia existirem, pensarão por conta própria. Se tiverem um monte de opiniões diferentes das minhas, seria ótimo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Que coisa...

Vi, por indicação de uma coluna do caderno de TV do Estadão, esse vídeo:
http://xpock.tv/play.php?vid=463

Tá, me chame de chata, politicamente correta e o caralho a quatro, mas se você achou graça nisso, merecia estar dentro daquela sala, apanhando.

Que tipo de sociedade é a nossa que faz uma pessoa chegar a isso no ambiente de trabalho?

Um casamento e dois funerais

Estava lembrando do Valdir, um vizinho meu de quando eu era criança. Ele morreu aos 24 anos, em 4 de fevereiro de 1988, depois de ter sofrido um acidente de carro no feriado de 25 de janeiro. Valdir foi o homem mais bonito que eu já pude ver de perto. Tem o Elvis Presley, pra mim, o ser masculino mais perfeito criado por Deus. Mas, claro, não conheci pessoalmente o Rei. Agora o Valdir eu conhecia.

Quando eu era pequenininha, ele dizia que ia se casar comigo. Depois, como já contei aqui, eu "desmanchei" à medida em que fui crescendo. E ele nunca mais pediu minha mão em casamento, claro, mas sempre foi carinhoso comigo. Era o único moço da rua que sempre me cumprimentava, desde criança. Ele era 10 anos mais velho do que eu, nasceu em 20 de julho de 1964. Leonino, como eu. Me chamava de "feinha", e eu o chamava de "feião." Primeiro, achei que ele tava debochando, mas não; ele me provocava só pra me ouvir chamá-lo de "feião". No fundo, ele sabia que de feio nunca teve nada e que eu estava querendo dizer o oposto.

Torci demais pela recuperação dele e sofri horrores naquela quinta-feira fria e "garoenta", quando, ali pelas 10h e pouco, avisaram que ele não tinha conseguido sair daquela. Na noite anterior, havíamos rezado um terço para ele. Mas tem pessoas que são perfeitas demais para ficar aqui. Acho que era o caso dele. Deus não nos ouviu. Fiquei a quinta inteira na expectativa do velório, queria muito vê-lo e me despedir dele. Ele chegou. A casa dele estava lotada já.

Ele estava com algodão na nariz. Muito mais magro. A barba meio azulada, por fazer. O cabelo, cuja franja era jogada na testa, continuava preto, meio azulado, mas estava engomado, não sei se de gel, ou pelo fato de ele não ter tomado banho, porque ficou em coma todo o tempo. O terno era cor cáqui. Camisa branca. Estava com expressão tranquila, como todos os mortos que eu já vi. Eu sentei numa cadeira e chorei, muito, sem acreditar no que tinha acabado de ver, me lembrando dele andar sem camisa e de shorts branco com listras azuis da Adidas pela rua, nos finais de semana.

As pessoas foram chegando ao velório e eu fui tendo dimensão do quanto ele era querido. Não havia mais lugar para parar o carro nos seis quarteirões mais próximos. O povo estava parando do outro lado da avenida já. Era tanta gente e tanto carro que a maioria das pessoas ficou na rua. O movimento durou toda a madrugada. De manhã, saiu até ônibus para o enterro no Vila Formosa. E carros, muitos carros, não parava de sair carro atrás do cortejo. Todos mundo chorava muito, homem, mulher, criança, o afilhado "adotado" dele, que era um neguinho que ele tinha adotado como tio e que representava quase que um filho dele. Deu dó do menino, muita dó. A mãe dele, coitada. O pai sumiu em magreza e rugas e dor.

Ele foi enterrado, todos voltaram pra casa. Nunca conheci alguém tão querido. Ironicamente, me imaginei morta, no lugar dele - coisa que até desejei, naquele dia, que fosse verdade, porque eu presto pra muito pouco nessa vida, e ele prestava demais pra muita gente. Descobri que se tiver seis almas no meu velório para, pelo menos, carregar o caixão até a sepultura, já estarei no lucro. Mas o mais provável é que eu seja enterrada como indigente. Talvez parte da minha família apareça. Alguns porque são insanos e gostam de mim, a maioria irá em respeito e consideração aos meus pais e meu irmão. Amigos? Não acho que algum se dê ao trabalho. Talvez o povo da USP. Talvez a Má. Uns cinco, sete gatos pingados, se muito. Mas não estou me lamentando: eu fiz por merecer.

É, Valdir, ainda bem que você nunca levou a sério a história do nosso casamento...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Me perdi

Eu não sei quando nem porque nem o que aconteceu, objetivamente, para que eu me desviasse do meu rumo. Eu era linda quando bebê. Me tornei uma criança muito bonita. Magrinha, com muito antibiótico para infecção urinária, minha companheira de viagem, mas com um cabelo liso e longo, bem longo, franja. Uma bonequinha mesmo. Ali pelos 9 anos, comecei a "desmanchar". E não parei mais: rolei escada da feíura abaixo e cheguei onde estou, no fundo do poço. Não consigo olhar para mim sem deixar de ver uma pessoa com rosto de homem. Um traveco. É, eu acho que lembro um travesti.

Esse meu complexo de feiúra se misturou a um complexo de não ser amada por ser feia. E a uma paranóia: sempre achava que as pessoas me procuravam porque queriam algo que eu tinha, não porque gostavam de mim. Talvez eu seja tão materialista e valorize tanto a estética que acabe achando que todos fazem o mesmo. Por não me enxergar com bons olhos, acho que ninguém enxerga. Então, só tem uma explicação para que elas se aproximem de mim: interesse.

Não sei quando comecei a pensar assim. Foi em algum momento ali entre eu deixar de ser a princesinha da família, meu irmão ser sempre elogiado pela beleza, simpatia e educação e eu ser sempre "a menina emburrada e chorona que ia morrer sozinha", nas palavras de minha mãe; e meus tios darem incentivo ao meu amor de criança, um primo, se envolver com uma outra prima minha, muito linda, mesmo sabendo que eu morria de amores por ele... e eu entrar na escola e virar aquela pateta que todos gostam de zuar. Tudo resultou num complexo gigante que me impede de me envolver com os moços, até hoje.

Mas nem sempre foi assim. Eu nem sempre fui a pessoa a estar por baixo. Meu potencial, pelo menos em relação aos meninos, foi muito bom em certa época. No primeiro ano da escola, na falta de um, eu tinha dois namorados. O Delano, uma graça, me perseguia de bicicleta pelo bairro, escrevia cartinhas de amor, era um docinho. O Wellington não fazia nada disso, mas dizia pra Deus e o mundo que eu era a namorada dele e que Delano nenhum me levaria. Eu, não sei porquê, escolhi o Wellington. O Delano era mais bonito e mais apaixonado. Talvez foi por medo de tanto sentimento.

Enfim, eu era uma menina bonita que sabia chamar a atenção dos meninos. Mas, em algum lugar, em algum momento do caminho, eu me perdi de mim mesma... Só queria saber quando e onde foi que me perdi. Se pudesse voltar no tempo, era nesse lugar e nesse momento que gostaria de retornar. Para fazer outra trajetória. Muito diferente. E muito menos sofrida.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Muita dor e pouca ereção

Olha que coisa interessante que ouvi de um cara da indústria farmacêutica... Na lista de medicamentos mais vendidos no Brasil, estão na liderança o Dorflex, o Cialis, a Neosaldina e o Viagra. São os quatro mais vendidos aqui, nessa ordem. O tal do Dorflex e a Neosaldina são, basicamente, para dor. O Cialis e o Viagra são as pilulazinhas mágicas para disfunção erétil, nome chique-politicamente-correto para o popular "brocha", aquele homem que tem problema na hora de fazer o meninão funcionar. Resumo da história: brasileiro vive com dor e trepa mal pra caralho!

No resto do mundo, o remédio mais vendido é um tal de lipitor, medicamento para combater o alto colesterol... O mundo come demais, come errado, não faz atividade física e tem de queimar as porcarias que ingere usando uma bolinha que é pura e cara química feita pela Pfizer (a patente expira em 2010), botando mais tralha pra dentro do organismo. Dizem que esse lipitor tem causado problemas de memória. Logo, vão começar a tomar remédio pra melhorar a cabeça e ele assume o lugar do lipitor. Oh coisa incoerente que é ser humano. Eu hein!!!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Que sacanagem!

Comentei com amigas que é uma grande filha da putagem do governador Serra, que carinhosamente chamo de govs, botar todo o contingente da Polícia Militar na rua justamente agora... Quer dizer, acabei de deflagar a operação "Esquecer PM Ricardo - Part One", mas fica muito difícil esquecer um PM em tempos de eleições, quando o govs bota na rua todo ser que use farda para que supostamente eles "cuidem da nossa segurança" e o govs diga algo no estilo lulas "nunca antes nesse Estado tivemos tanta polícia na rua..." O fato é que eu topo com um PM em cada esquina dessa cidade. Caracoles, como é que vou esquecer esse cidadão se a toda hora aparece algum ser fardado na minha frente pra me lembrar de que ele existe???!!!

Eu hein!

Pessoa me escreve que tá com saudade, vamos nos encontrar? Eu digo que sim, peço pra marcar data e local. Pessoa some. Pessoa muda o blog dela. Eu elogio o novo blog, digo que ele precisa escrever sobre um outro assunto, sugiro linkar a página de perfil do orkut. Pessoa responde "ai ai, eu te amo, sabia?"

Epa! Pera. Pára tudo!!! Como assim??? Me ama??? Por quê? O que eu fiz ou escrevi para despertar tamanho entusiasmo? Juro que fiquei preocupada, porque não era pra tanto, não era mesmo. Estou sendo pretensiosa novamente, mas fiquei mesmo preocupada, não sei se esse me ama é amizade, como é pra mim. É que tem o histórico da paixonite adolescente. Mas adolescência ficou no passado e o que não vivi naquela época não será recuperado aos 34 anos, não quero fazer isso, não tenho saco, não acho que vá adiantar nada, não acho que caminhar pra trás seja um passo bem dado.

Tenho a ligeira impressão de que a pessoa está pensando que eu sou aquela menina ingênua dos 13, 14 anos, que tinha um bom coração e bons princípios. Acho que vamos nos encontrar e que terei de fazer um exercício extra para que pessoa entenda que eu não sou essa florzinha que ele conheceu há 20 e tantos anos atrás. É, lá vou eu quebrar as ilusões da pessoa... Espero que dê certo, ou pessoa vai sofrer e eu vou me aborrecer horrores com essa história.

Sem graça

Eu queria muito ter aquele mau humor engraçado, típico das pessoas inteligentes... mas não tenho. Não passo de uma pessoa mal humorada no sentido ruim do termo: rabujenta, impaciente e intolerante. Falha minha, foi mal!!!

Tá reclamando de quê?

Ontem, no ônibus, um cara estava bebendo cerveja na latinha. Bem, o busão cheio e ele lá, com sua latinha, que não largava nem para se segurar. Até aí, tranquilo. Mas ele terminou a cerveja e jogou a latinha pela janela. Porco!!!!!!! Isso bem na Avenida Aricanduva, que fica na beira de um rio de mesmo nome, que deságua no Tietê.

Acompanhe o trajeto: a porra da latinha vai cair no bueiro, que vai jogar tudo para o rio, que leva o lixo para o Tietê e, enquanto essa água podre caminha, vai entupindo tudo. Na primeira chuva forte, lá estamos todos parados na Marginal ou na Radial, porque o Aricanduva ou o Tietê -geralmente ambos - transbordaram.

Aposto que, num dia de enchente, esse filho da puta fica reclamando, parado no ônibus, que o governo não faz nada, que a prefeitura não limpa os rios, as ruas e os bueiros... Detalhe, não limpa as coisas que ele mesmo suja. O viado não entendeu que, se ele não sujasse, talvez a prefeitura desse conta da sujeira da cidade.

Porco imundo! Minha vontade foi pegar a latinha de volta e fazê-lo comer aquilo. Engolir aquela merda toda de uma vez. Sem mastigar.