segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um pedido

Ontem, eu vi um céu estrelado como há muito não via em Sampa. A noite estava quente, minhas cachorras estavam "discutindo" quem ia comer em que bacia, com rosnados ameaçadores, no fundo do quintal. Um ventinho leve que refrescava pouco, mas ajudava a enfrentar o calorão. Eu desliguei as luzes de casa e fiquei no quintal, encostada na parede, enquanto esperava as cachorras comerem, pois não tive coragem de deixar as duas sozinha "discutindo" seus direitos; ia acabar em pancadaria se eu não ficasse por lá. Eu olhei as estrelas, pensando onde ele está hoje, e imaginando onde e como ele estaria hoje se estivesse ainda por aqui. Fechei os olhos e fiz um pedido. Queria um beijo, um abraço, um toque, qualquer coisa, queria senti-lo uma vez só, uma única vez. O lembrei do quanto eu sonhava com ele, das coisas que imaginariamente eu e ele faríamos juntos, de tudo que eu poderia dar a ele em troca de ver aquele sorriso que revelava as covinhas mais lindas que já vi. Fui dormir e não tenho ideia do que sonhei, mas ele estava lá. Vi seu rosto, seu cabelo, seu peito sem camisa, seu braço. Vi pedaços dele e não ele inteiro, e não lembro de mais nada, só dos pedaços dele que eu vi no sonho. Eu sei que foi algo bom, porque eu sequer fiz questão de lembrar o que foi o sonho, o que eu me lembrei já me deixou satisfeita. E me sinto como se tivesse criado um mundo paralelo onde eu posso viver com ele tudo o que eu quis e não pude, mas a sensação é tão forte que eu realmente cedi a loucura e estou vivendo nesse mundo. Saí do plano real. Eu sei que isso é doentio e Freud iria adorar me transformar em objeto de pesquisa. E o pior é eu ter consciência de que está tudo errado e, mesmo assim, não conseguir parar. E está tudo tão doido que até parece que eu escuto ele me falando para eu sair dessa, encontrar alguém, tocar minhas coisas, viver a vida que eu tenho e que ele gostaria de ter e não tem... Estou imaginando como eu serei aos 65, 70 anos, quando começar a bater pino de verdade. Acho que ficarei igual a Bibiana do "O Tempo e O Vento" de Érico Veríssimo. Na velhice, ela ficava alucinando e vendo o seu Capitão Rodrigo o tempo todo. Acho que serei igualzinha, se eu chegar a ser velha e caduca.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Desgostos políticos

Adendo 1 - Só ontem, dia 2 de fevereiro, o nosso DEMoníaco prefeito decretou estado de calamidade pública em alguns bairros da Zona Leste de Sampa. Esses bairros estão embaixo da água desde DEZEMBRO!!! E só agora a prefeitura se deu conta de que essa é uma situação de calamidade pública!!! O homem cortou dinheiro para limpeza da cidade, cortou dinheiro de recapeamento, cortou dinheiro para limpeza de córregos, enfim, o DEMoníaco cortou tudo, menos o aumento de salário proposto pelos prezados vereaDORES para ele e os próprios parlamentares municipais...

Adendo 2 - Essa obra da Marginal é uma das coisas mais estúpidas que eu já vi em Sampa e não precisa ser gênio para ver os problemas. Os trechos onde as faixas novas foram inaguradas continuam entupidos como antes. Quem anda na Marginal não percebeu diferença nenhuma até agora, apesar de vários trechos com as faixas novas estarem liberados. Aumentou, sim, a chance de ocorrer pequenos acidentes, porque as faixas extras terminam sem nennhum aviso para o motorista. Ele vem de uma pista larga, com quatro, cinco faixas, e cai numa estreita, com quatro, três, disputando o espaço entre as faixas com as motos e empurrando ou sendo empurrado por quem vem na faixa do lado. Aposto que aumenta o número de acidente envolvendo motos com essa merda. Não dou dois anos para isso acontecer.

As pistas novas aumentaram a impermeabilização na várzea que é a margem do Tietê e onde estão as marginais. Portanto, a água da chuva vai ficar retida no asfalto por mais tempo e vai aumentar o problema de enchente. O governo tucANUS anterior pegou empréstimo no Banco Mundial ou no Interamericano para fazer a obra de aumento da calha do Tietê e de reforma nas margens do rio para amenizar o problema - enchente ali nunca será problema resolvido, porque várzea é isso mesmo, área de alagamento. O problema ali está na construção das marginais, pelo que sei, feita na gestão de um engenheiro (Maluf que fez, Maluf que rouba mas faz).

Mais de R$ 1 bilhão de dinheiro gasto nessa obra da calha do Tietê pelos tucANUS. Outro R$ 1 bilhão para a tal ampliação das faixas. Essa última obra praticamente anula os efeitos da obra anterior. Ou seja, o governo se endividou para nada, no fim das contas. E, para completar, pegou um dinheiro que podia ser colocado na continuidade da ampliação do metrô, um transporte público, para uma obra que supostamente melhora as vias pavimentadas e incentiva as pessoas a usarem carro, que é transporte privado. Por isso as montadoras amam o Brasil! Por isso não voto em tucANUS nem em DEMoníacos.

Aliás, também não voto em PT (Perda Total do meu voto...) Que foi o licenciamento da Belo Monte???? Caracoles!!! Todo mundo discutindo como manter floresta em pé para não aumentar emissão de carbono, metano etc, e o governo aprova licença ambiental para derrubar Amazônia e construir usina hidrelétrica lá na PQP. Me diga, onde se consome mais energia no Brasil? Centro-Sul. Qual o custo e quanto mais de floresta vamos derrubar para fazer a ligação da Belo Monte com o resto do sistema, de modo a essa energia chegar onde ela é mais consumida?

E por que, diabos, a gente não usa a energia gerada nas usinas de açúcar e etanol, que está aí, é só investir na rede de transmissão e propor boas regras para usineiros e distribuídoras? E a energia solar? E a éolica? Pelo amor dos meus filhinhos, é só olhar a China, vejam o que os camaradas estão fazendo lá. Já estão liderando a produção de energia eólica, os espertos chineses. E a gente aqui, criando um lago enorme que vai produzir metano (a vegetação embaixo da água começa a apodrecer e o reservatório de uma hidrelétrica fica anos emitindo metano, que é um gás estufa), derrubando árvores que estariam mantendo o saldo de carbono estável, desalojando pessoas e tudo o mais!

Cadê os protestos dos europeus e norte-americanos, que falam toda hora da cana avançar na Amazônia para não comprarem nosso etanol? Cana na Amazônia, com aquela insolação, produz pouca sacarose, de onde se extrai o açúcar e o etanol. Por conta de pegar muito sol, ela tem florada no Norte-Nordeste, tempo em que consome mais açúcar do que produz. Por ter muita radiação solar, a cana usa muita sacarose para crescer, lá chove muito e a água lava a sacarose, o solo é ruim, enfim, não é lucrativo plantar cana na Amazônia. Cadê o Michael Jackson, que até depois de morto fica falando da preocupação com a floresta, como ocorreu no Grammy???!!! Cadê as ONGs? Os ambientalistas (os de verdade, não o Minc, dá até vergonha ser geógrafa num dia assim)???!!! Um A-B-S-U-R-D-O!!!!

Welcome to the Jungle!!!

Embalada que estou para o show do Guns (uhhhuuuuuuuuuuuuuuu!!!!), a trilha sonora de hoje foi exatamente a música-título desse post. Eu levantei 6h da manhã. Odeio levantar cedo. Precisava chegar no trabalho às 9h. Fui para o ponto às 7h20. Depois de passar quase 10 ônibus e vans, todos lotados, imaginei que o metrô estaria inviável. Mesmo que eu conseguisse um espaço na porta de um dos ônibus que passam perto de casa, ficaria entalada no metrô. Ou seja, transporte público, só para quem pode fazer horário alternativo de trabalho, fugindo do horário de pico. Ou então, trate de se transformar em sardinha e fique feliz na sua lata. Algo que eu não tenho mais paciência nem idade para enfrentar. Se é para demorar, que seja confortavelmente sentada, e não esmagada na porta de um ônibus ou de um metrô por 1h30.

Então, voltei pra casa pra pegar meu carro, algo que tenho tentado deixar ao máximo na garagem porque o trânsito aqui simplesmente é impossível. Já eram 7h40. Adivinha? Cheguei 9h15 no escritório. O cara com quem eu tinha de falar por telefone às 9h já não estava atendendo o celular. Atendeu ligação às 10h e disse que estava em reunião. Ou seja, por que essa mula marcou para eu ligar para ele às 9h, sobre um assunto que é complicado, se 15 minutos depois já estaria ocupado??? Não entendi até agora. O fato é que eu podia ter chegado aqui às 10h30, horário em que tinha de fazer outra ligação para falar com outra pessoa. Horário que dá para pegar ônibus e metrô como gente e não gado confinado em caminhão a caminho do matadouro. Não precisava ter vindo de carro e, principalmente, não precisava acordar de madrugada.

A demora toda no trânsito se deu porque os putos dos políticos daqui resolveram transformar São Paulo em um imenso campo de obras. Tudo por causa desta merda de eleição. Os excelentíssimos tucANUS e DEMoníaco (cujos chefes aqui disputam pau-a-pau a minha profunda, eterna, devotada e sincera antipatia eterna) estão em campanha (Lulalá também, quase toda obra grande aqui tem dinheiro federal no meio), e as obras estão aceleradas porque tem data limite para inaugurar. É um tal de fecha avenida aqui e ali para obra, sem critério de dia, horário, sem ligar se aquilo vai fazer meia São Paulo parar... Uma insanidade!

Bem, São Paulo já é o inferno na terra. Infelizmente, em minha área de trabalho, não tenho muita alternativa, só tem emprego nesse setor nas grandes capitais. No interior não tem lugar para trabalhar. Se tivesse, eu caía fora daqui, toparia ganhar menos para ganhar em qualidade de vida. Mas não é uma opção hoje para mim, infelizmente.

Os políticos daqui resolveram transformar o inferno em algo tão pior que não tenho como definir. Hoje, a alça de acesso para a Marginal estava fechada, mas tem uma alça auxiliar, que passa no meio de uma favela, totalmente demolida pela dupla dinâmica tucanus-demônio por conta da malfadada obra de ampliação das pistas do Tietê. Os pobres pé-rapados da favela foram removidos sabe lá Deus para onde e no lugar, além do lixo e entulho que, claro, vão para no rio Tietê todo dia porque chove todo dia nesse lugar, tem uma imensa placa dizendo que serão construídas moradias para 1.500 famílias.

Pois é: hoje, além de obra pra todo lado, temos placas. Cadê a lei Cidade Limpa, hein, prefeito???? Eu procuro pelas lojas nas grandes avenidas e tenho dificuldade para encontrá-las porque o senhor mandou que as placas fossem de tamanho tal que só em construção grande aparece. A gente fica andando devagar na beira da rua, procurando os locais, que antes dava para ver de longe. Atrapalhando o fluxo, seja de carro ou de pedestre. Mas as placas que vão garantir a manutenção dos senhores no comando do pai Estado estão por toda a parte. Não tem obra nenhuma, ninguém trabalhando, um mísero peão carpindo o terreno, mas as placas estão lá. Um tremendo pega-trouxa, porque é o tipo de recurso que ainda ajuda as pessoas a votarem nessa cambada.

Voltando ao assunto da alça do Tietê... a alça secundária estava lá, entupida de carro. E, pra ajudar mais ainda o paulistano, para chegar nessa alça a gente tem de ficar nas três faixas do lado direito, das seis disponíveis no trecho. As outras três, do lado esquerdo, jogam a gente para o acesso à Fernão Dias/Dutra. E o que acontece nas três faixas do lado direito??? Ahhhhhh, acontece uma enchente. É, além do Jardim Pantanal, ali também está constantemente alagado. Só que agora a água avançou até metade da pista e a gente tem de ir pra esquerda, como se fosse para a Fernão Dias, para depois ir para a direita, contornando assim a água podre ali parada.

E o pior é saber que esses políticos incompetentes - nem falarei das coisas relacionadas a corrupção - vão se eleger. Isso é que é duro nesse país.