domingo, 17 de maio de 2009

Afundando

Dessa vez parece que a depressão veio para ficar... eu choro por qualquer bobagem. Eu fico sozinha e agora nem meu sobrinho me anima a sair de casa. Eu passo 100% do tempo fingindo que estou bem, melhor do que nunca. E só penso em coisa ruim, só choro, só quero ver coisas tristes. Eu queria ter coragem de fazer qualquer coisa muito maluca e fora do normal, como pular de cima de um prédio, ou encher a cara até entrar em coma alcóolico, ou parar na boca e comprar muito crack e ficar muito louca (eu que nem sei direito como é o cheiro do cigarro de maconha e não distinguo pó de cocaína de pó de talco), queria ter coragem de fazer qualquer coisa que tirasse daqui ou me deixasse completamente anestesiada. Mas tudo o que eu faço é sentar no sofá e ficar lamentando pateticamente a minha covardia. Não tô me suportando mais.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

1989 - 2009

No começo do ano, eu passei com meu irmão e minha cunhada perto da escola onde fiz colegial, o Oswaldo Catalano, no Tatuapé. Me lembro de comentar com minha cunhada que há 20 anos eu estava prestando vestibulinho para estudar lá e que estava muito nervosa. Pelo que me recordo, passei em 32o lugar. E quando me lembrei de que faz 20 anos, eu caí numa puta depressão. Nossa, como eu envelheci, meu Deus! Vinte anos é uma vida! Meu irmão me deixou em casa e eu fiquei bebendo até dormir, a dor foi tanta que tive de apelar pra um analgésico, no caso, o álcool. É, sou fraca e estúpida mesmo.

Bem, tem sido muito frequente eu ver grupos de adolescentes reunidos, indo ou voltando da escola, e sentir vontade de chorar, pela minha adolescência que passou e eu pouco aproveitei. E sempre eu volto a um ano específico: 1989. Foi o melhor ano da minha vida, o do meu primeiro colegial. Conversando com uma amiga, ela me perguntou por que eu o considerava o melhor ano. Nunca havia pensado nisso, mas a pergunta me fez pensar e narrar o porquê.

Em 1989, eu fiz vestibulinho e entrei num dos melhores colégios públicos de segundo grau da zona leste. Fiz novas amizades. Minha vida passou a acontecer mais no Tatuapé do que no bairro onde eu morava, lugar onde eu só tinha inimizade e má recordação, por ter sido ridicularizada e humilhada pela magreza, por problemas de saúde e por ser "inteligente demais" - na verdade, as outras meninas que não se esforçavam ou eram burras mesmo, mas preferiram achar que eu é que era o problema.

Em 1989, eu comecei a ir em lugares da moda, tipo Contra-Mão e Toco. Conheci e caí de amores pelo Marcelo. Comecei a juntar as coisas sobre meu ídolo Ayrton Senna. Comecei a pensar no vestibular e no que eu ia ser quando crescer. Foi um ano em que sonhei e me diverti muito, nunca mais me diverti como em 1989.

Tenho saudade de 1989 porque foi um ano de muita expectativa, de muitos planos. Eu sabia que ia começar a definir o que seria o resto da minha vida ali, naquele colégio. Também foi importante porque achei que ia fazer muitos amigos, ir a muitas baladas, conhecer meninos, saber lidar com eles, que ia começar a namorar. Que ia aprender muito para o vestibular. Bem, 1989 foi um ano inteiro em que eu mantive essas expectativas, mas vi que o ano terminou e pouco havia mudado.

Em 1989, com uma nova escola, um novo lugar, achei que ia mudar muito meu jeito. Que ia ser mais simpática, educada, gentil, alegre, que ia dominar a depressão e o sentimento de inferioridade, que ia fazer e acontecer porque na nova escola ninguém me conhecia e eu poderia me reinventar. Mas 1989 terminou, eu fui fraca e não consegui me reinventar. E em 1990 as coisas voltaram a ser o que eram antes, pioradas pelo fato do Marcelo ter morrido em julho, em um acidente de moto. Voltei a ficar de mal com o mundo. E a odiar a mim mesma.

Em 1991, perdi minha avó, mas afundei no vestibular, vivi pra isso, e só tive dois momentos realmente felizes naquele ano: vi o GP Brasil de F-1 e o Ayrton de perto, pessoalmente, pela primeira vez. E ele venceu no Brasil pela primeira vez. E no final do ano, ele voltou com o tricampeonato e eu fui no aeroporto vê-lo chegar, depois fui na casa dele e pude estar bem pertinho dele de novo.

Em 1992, já estava na faculdade, sem saber bem o que estava fazendo lá nem para onde eu ia, e tão pra baixo e sozinha quanto eu era antes de 1989. Deveria ter sido um puta ano, eu havia passado na faculdade, estava fazendo um dos melhores cursos, melhor até do que o da USP, mas odiei a faculdade. Simplesmente não via a hora de sair de lá. De 1992, só restou mesmo o dia em que peguei o autógrafo do Senna, momento top ten da minha vida imbecil.

Nos anos seguintes veio o esforço para subir na carreira e, quando eu podia começar a curtir um pouco, por ter meu dinheiro e amigas adultas, ali nos 22, 23 anos, inventei de morar com um ex namorado. Me livrei dele aos 25, passei na faculdade pra minha segunda graduação ao mesmo tempo que acabou a história com o ex - ela acabou precisamente 15 dias antes da primeira fase da Fuvest, o que fez a maioria das pessoas que me conhecia pensar que eu não ia conseguir passar. É, eu passei, sou Ayrton Senna e não desisto nunca... Aí, na segunda graduação, novos amigos, e tentei ser adolescente, mas já não tinha mais graça. E agora tô assim, morta-viva.

Minha amiga disse que ouviu um psicanalista falando que as pessoas se prendem no passado, pelo bem ou pelo mal. Pelo bem, elas se prendem naquele momento que passou e foi o único de felicidade plena. Por conta disso, não conseguem olhar para frente e perceber que a felicidade pode ser feita todos os dias. Pelo mal, porque isso as impede de tentar e continuar vivendo, por medo de sofrer e de cometer os mesmos erros do passado. Por fim, minha sábia amiga disse que a gente deve continuar a buscar a felicidade.

Eu concordei com tudo, claro. Mas o problema é que eu não vejo como fazer isso. Não sei o que poderia me fazer feliz hoje. E essa é a diferença entre a adolescente mal humorada de 1989 e a mulher mal humorada de 2009. Há 20 anos, eu sabia o que poderia me fazer feliz: ter mais amigos, ser uma pessoa menos triste e antipática, me apaixonar, beijar na boca pela primeira vez, transar pela primeira vez, aprender a lidar com os meninos. Em 1989, eu achava que meu corpo e meu rosto iam ficar melhorzinhos porque eu ainda estava crescendo, achava que eu ficaria mais bonitinha, mais aceitável, achava que eu ia aprender muito mais coisa do que eu sabia e que ficaria muito mais inteligente do que eu já era.

Em 1989, eu sabia que ficaria feliz se passasse no vestibular e a única angústia era saber o curso. Em 1989, eu sabia que seria mais feliz se conhecesse e frequentasse a Toco e Contra Mão e aprendesse a dançar house, usando uma roupa Pakalolo e um tênis Rainha sem cadarço. Em 1989, eu queria muito ver uma corrida de F-1 ao vivo e sabia que ia ter de batalhar pra conseguir. Em 1989, eu sonhava em ver pessoalmente, e o mais perto possível, o meu amado Ayrton Senna, e sabia que isso me deixaria muito, muito feliz.

E hoje nem o Senna está mais aqui! Em 2009, eu simplesmente não sei nada. Não vejo nada que eu ache que vale a pena investir porque vai me deixar feliz. Na verdade, nada me agrada o suficiente para virar um projeto, não tenho interesse genuíno por nada, não tem nada que me motive, de verdade, como aconteceu em 1989. Não é por falta de procurar uma motivação que eu não vejo algo. Eu fui fazer outra graduação, agora estudo na licenciatura e estou adorando as aulas na educação, lendo muito sobre isso, me dedicando aos estágios. Mas não é algo que eu faça pensando que eu vou me sentir feliz com isso, me sentirei feliz dando aula, estarei realizada. É só algo que me ajuda a suportar essa falta de perspectiva em relação ao que eu vou fazer com a outra metade da minha vida, o que farei com o resto da minha vida, ou, como diz Gandalf em O Senhor dos Anéis, o que eu vou fazer com o tempo que me resta.

Mesmo meu sobrinho, que é uma benção na vida da gente, não é algo que me faça pensar: ah, vale a pena continuar na labuta, eu vou me sentir muito feliz vendo o menino crescer, evoluir. Não que eu vá ficar triste, torço por ele igual torcia pelo Senna, de forma desesperada e apaixonada. Mas a vida do meu sobrinho não é algo sobre o qual eu tenha ou vá ter grande atuação. Ele vai ser o que ele quiser e eu não posso fazer que minha felicidade dependa da vida de uma criança... ou da vida de qualquer um.

Na verdade, eu espero que a vida mesmo se encarregue de resolver isso, colocando alguma coisa ou alguém no meu caminho, em algum momento, que mude a situação. Enquanto isso não acontece, vou tocando o barco. Já faz tanto tempo que me sinto assim que estou anestesiada mesmo... mais alguns anos e nem dor essa situação mais vai causar em mim.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Babá de cachorras

Deixei minhas cachorras de quarta para quinta na casa da minha mãe. Perguntei pro sobrinho se ele cuidaria delas, ao que ele disse que sim. Quinta de noite, fui buscar as dogs.

Eu - Você cuidou das minhas cachorras?
Sobrinho - Não. (Com a maior cara de pau do mundo...)
Eu - Não??!! Como assim??!!
Sobrinho - Eu tava muito opado com o paminhão caegando aeia. (tradução = eu estava muito ocupado com o caminhão carregando areia.)

Mais tarde, ele usou a mesma desculpa de estar muito "opado", brincando comigo, para não dar um beijo na mãe dele. E ele ainda faz um gesto com a mão esquerda (ele é canhoto) de espera, para dizer que realmente ele não tem tempo, o esnobezinho.

De manhã, na quinta, ele foi acordar o meu pai com a seguinte frase:

- Vovôi, a vovó tava fazeiindo um baiuiu horrível! (tradução = a vovó tava fazendo um barulho horrível!)

Detalhe, a avó dele tava na rua, fazendo caminhada. Mas onde diabos ele está aprendendo essas palavras sofisticadas (ocupado, horrível)??? Ele só vê o Discovery Kids, caramba!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

"Paminhão" de cana

Fui de babá às compras no domingo, dia 3 de maio, com meus pais. É tarefa impossível fazer compras com o meu sobrinho junto. Ou bem cuidamos das compras ou bem cuidamos do menino. Bem, ficamos eu e ele lá fora, porque ele queria ver os caminhões que passam na avenida. O supermercado fica no alto de um morro, distante da avenida um pouco, então a visão é privilegiada. Vem o primeiro caminhão na avenida e ele já grita:

Sobrinho - Oia o paminhão!!! (traduzindo - paminhão = caminhão)
Eu - Nossa, que lindão o caminhão, hein!
Sobrinho - É! Eu queio um paminhão de cana.
Eu - Onde é que você viu um caminhão de cana, moleque?
Sobrinho - Na minha ivista. (traduzindo - ivista = revista)
Eu - E você tá juntando moedinha para comprar um caminhão de cana?
Sobrinho - É.

Pequeno silêncio.

Sobrinho - Vovôi tá untando assim de boeda e vai compá paminhão de cana pa mim. (traduzindo = vovô está juntando um monte de moedas e vai comprar caminhão de cana para mim.)

Ele já sabe que, sozinho, não tem como juntar as moedas pra comprar o tal caminhão de cana. Detalhe: ele nunca viu caminhão de cana, mas foi minha cunhada e minha mãe mostrarem uma única vez a foto de um e pronto. Agora ele quer porque quer o tal "paminhão". O menino adora revista de transporte porque tá "assim de "paminhão" - e quando ele fala "assim", ele junta os dedos para dizer tem muito de alguma coisa.

Fica quieto!

No telefone na quarta-feira, 29 de abril, eu no maior papo com sobrinho... Um barulho acontece perto de onde ele está, na casa da avó, a minha mãe.

Sobrinho - Você ouviu isso?
Eu - Ouvi sim.
Sobrinho - Que isso? (Ele não fala mais ixo, é bem raro agora...)
Eu - Não sei, não posso ver, o barulho foi aí perto da casa da vovó. Fala pro moço parar de fazer barulho.
Sobrinho (totalmente irado) - Moço, paia de faizê bauiuo. Tô conveisando com a titia!

PS - Não sei de onde veio a associação dele de pedir silêncio porque ele estava conversando comigo, porque eu não falei nada disso pra ele, ele que associou barulho com atrapalhar a nossa conversa. Mas achei uma coisa super-hiper adulta da parte dele. Que só tem 2 anos e 7 meses.

Titi, o banco ambulante

Cheguei cedo na minha mãe na quarta-feira, dia 22 de abril. Bebê vem correndo ao meu encontro. Quando o portão foi aberto, ele lasca:

Sobrinho - Você tem uma "boeda", você tem??? (Traduzindo: boeda = moeda)
Eu - Ei, é assim, é? Um beijo e um bom-dia, nada, né? Tá me achando com cara de banco agora?
Sobrino ficou em silêncio, mas abriu aquele lindo e interesseiro sorriso.

É, eu que acostumei o garoto a ganhar moedas. Naquele dia ele ganhou todas as cerca de 10 moedas que eu tinha na carteira. De noite eu voltei na minha mãe e dei mais uma "boeda", de R$ 1,00, que estava perdida na mala do laptop.

Na definição do bebê, a moeda de R$ 1,00 é um "boedão" ou uma "boeda gandona". O cofrinho que ele tem está pesadíssimo de "boedas", que ele vai usar para comprar um "paminhão" (traduzindo paminhão = caminhão). E o pai dele tá morrendo de inveja, vê se pode? Disse que nunca ganhou moeda e mesada de ninguém... rsrsrs

Uma oferta

Na Páscoa:

Sobrinho - Titi, você quer doce, você quer? (Ele sempre faz pergunta com entonação e repete a pergunta ao final da sentença...)
Eu - Quero sim, amor. Você escolhe e traz pra mim, por favor?
Sobrinho - Tá.

Ele entra na cozinha, mas volta. Com o dedinho apontado pra mim, diz:
Sobrinho - Mas só um doce, só um!
Eu - Tá bom, bebê, só um...

E ele volta, com um bombom muuuuuito gostoso.
Eu - Ai que delícia, obrigada!
Sobrinho - De nada!

E pensar que o pestinha só tem 2 anos...

Titi "Ininha"

Fui oficialmente chamada de criança esse final de semana (24 e 25 de março). Bebê abre a porta da estante e diz:

Sobrinho - Ivo vovôi... (Tradução: livros do vovô).
Eu - Ah, não é livro, é DVD do vovô.
Sobrinho (falando agora em tom bravo) - Fechá, num poide mexê ocê! (Tradução: vou fechar, você não pode mexer!)
Eu - A titi não pode mexer nos DVDs do vovô???!!!
Sobrinho - Não poide! (Tradução: Não pode!)
Eu - E por que titi não pode mexer?
Sobrinho - Ocê ininha!
Eu - Eu sou menininha????
Sobrinho - É!" (dando risada da minha cara, o pentelho!)
Eu - Então eu sou menininha e menininha não pode mexer nos DVDs, só meninona?
Sobrinho - É! Ixo! Não poide mexê ininha! (Tradução. É isso. Menininha não pode mexer!)

E aí ele fecha a porta da estante...

Vamos dar uma voltinha?

Eu e meu sobrinho, de dois anos e meio, batemos altos papos. Ele adora falar e eu também. Encho o menino de pergunta. Eu adoro o moleque, é minha paixão e não sei viver sem ele. Todo fim de semana eu vou na casa da avó dele (a minha mãe), que é onde ele mora, para ficar com ele um pouquinho... Esse foi um rápido diálogo, travado no domingo último (15 de março), quando eu abri meu carro para ele brincar lá dentro, mas resolvi ir na lan-house checar e-mails e levei o pimpolho comigo:

Eu - Vamos dar uma voltinha, bebê?
Sobrinho - Não, um voltão!!! (abrindo os braços pra mostrar o tamanho da volta...) rsrsrsrsrs

Esse japinha (minha cunhada é japonesa) é uma figura, viu!!!

Diálogos de titi e sobrinho 6

Fui de babá às compras no domingo, dia 3 de maio, com meus pais. É tarefa impossível fazer compras com o meu sobrinho junto. Ou bem cuidamos das compras ou bem cuidamos do menino. Bem, ficamos eu e ele lá fora, porque ele queria ver os caminhões que passam na avenida. O supermercado fica no alto de um morro, distante do supermercado um pouco, então a visão é privilegiada. Vem o primeiro caminhão na avenida e ele já grita:

Sobrinho - "Olha o paminhão!!!" (traduzindo - paminhão = caminhão)
Eu - "Nossa, que lindão o caminhão, hein!"
Sobrinho - "Eu queio um paminhão de cana."
Eu - "Onde é que você viu um caminhão de cana, moleque?"
Sobrinho - "Na minha evita." (evita = revista)
Eu - "E você tá juntando moedinha para comprar um caminhão de cana?"
Sobrinho - "É."
Pequeno silêncio.
Sobrinho - "Vovôi tá untando assim de boeda e vai compá paminhão de cana pa mim." (traduzind0 = vovô está juntando um monte de moedas e vai comprar caminhão de cana para mim.)

Ele já sabe que, sozinho, não tem como juntar as moedas pra comprar o tal caminhão de cana. Detalhe: ele nunca viu caminhão de cana, mas foi minha cunhada e minha mãe mostrarem uma única vez a foto de um e pronto. Agora ele quer por quer o tal "paminhão".


Obs: o menino adora revista de transporte porque tá "assim de "paminhão" - e quando ele fala "assim", ele junta os dedos para dizer tem muito de alguma coisa)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Lucky Girl

Quando eu era criança, curtia músicas de aborrecentes. Quando virei adulta - se é que eu eu cheguei nesse estágio -, continuei gostando de coisas adolescentes. E na minha adolescência eu curtia coisa de aborrecente também. Sei lá, parei nessa fase da vida desde a infância e foi uma fase que eu pouco aproveitei na minha vida. Freud explica. Mas tudo isso é para falar da Britney Spears. Eu gosto da moça. Não acho que ela cante bem. Mas aquela energia dela e as imagens de boa moça, seguida de mulher fatal, e suas danças e a música gostosinha para dançar, sem compromisso, sem me fazer pensar... Eu curto.

Bem, então ela veio, depois de várias crises e escândalos e de ser triturada pela mídia, com o tour The Circus Starring. Já ouvi rumores de que ela viria ao Brasil, então fui checar no Youtube o que é o show. Bem, eu acho que essa menina morreu ali no meio de toda a crise que enfrentou e ninguém se deu conta. Porque a gente pode morrer e continuar vivo, mas como um zumbi. Isso, a Britney pós-crise me lembra um zumbi. Ela não canta uma única música pelo jeito, parece que absolutamente é tudo dublado. A dança dela perdeu o vigor. O jeito dela no palco é pesado e não estou falando dela estar gorda, porque ela está linda, ainda mais se considerar que ela teve dois filhos, muitos remédios, bebidas e comidas, parou a ginástica em que era viciada desde pré-adolescente etc.

Como ela dubla, a gente não sabe bem o que ela está sentindo. Mas a dança dela denuncia um desprazer com a vida que é difícil ver numa pessoa tão jovem como ela. Ela é a prova viva de que o trio dinheiro-fama-beleza pode não ser satisfatório. Eu não sei se ela se ressentiu tanto da vida que ela não levou por conta do esforço em manter a imagem de boa menina, a pressão que sofreu para não errar nunca, estar sempre linda e feliz, depois descambando para o outro lado, o que só a jogou ainda mais no chão, tentando fazer tudo que era merda que não havia feito na adolescência... Acho que a menina se perdeu: primeiro, foi viver do jeito que mandaram. Ela foi infeliz. Depois, foi viver do jeito que ela queria. Continuou infeliz.

Acho que isso aparece na dança dela. Dança com poucos movimentos, muitas caminhadas pelo palco, muitos gestos posados e descontinuados como se ela estivesse pensando no próximo movimento que tem de fazer na coreografia para dançar, a transformaram numa pessoa meio robótica no palco, no mal sentido. Ela age quase como se fosse obrigada a estar ali por falta de opção. Ela testou a teoria dos outros e não funcionou, testou a dela e continuou não funcionando e agora ela desistiu de ir pra qualquer lado, talvez porque não saiba fazer outra coisa e nem saberia por onde começar, caso quisesse largar a carreira e partir pra outra vida.

Vendo-a dançar tão sem aquele brilho e energia que ela tinha no passado, eu só tenho a lamentar por ela ter permitido que a destruíssem dessa forma. E por quem estava do lado dela e não impediu o processo. Também me identifico com ela por ter essa sensação de que joguei minha vida pela janela, vivendo como os outros achavam que eu deveria viver, e não como de fato eu gostaria de viver. Pobres meninas ricas... (eu não sou rica, mas tô looooooonge da linha da pobreza.)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Saudades


AMO MUITO TUDO ISSO!!!!