Mantenho fotos de uma certa pessoa em vários lugares. No criado-mudo, no celular, no laptop, no Ipod. Ninguém entende bem porquê, mas ninguém pergunta. Além da pessoa em questão ter um rosto lindo, eu a mantenho por perto porque com ela aprendi uma coisa importante. Não apenas aprendi, pois isso eu já tinha aprendido. Eu consegui aceitar, na maior parte do tempo, isso. Que as coisas são o que são, estão onde estão e acontecem como acontecem porque devem estar onde está, ser o que são e acontecer da forma e no tempo que devem acontecer.
Tem vezes que penso nisso e me sinto bem, calma. Mas a maior parte das vezes eu fico muito triste, e me sinto tremendamente impotente. E toda vez que sinto impotência, me dá um tremendo acesso imenso de raiva, que desconto correndo de carro por Sampa... ou chorando... ou cantando alto alguma música do Guns dentro do carro... ou dizendo palavrões e xingando alguém no trânsito por qualquer bobagem... Tenho sentido muito isso, essa raiva enorme, que é uma vontade de destruir. Destruir qualquer coisa. Destruir a mim ou destruir algo ou destruir alguém. Em boa parte dos dias, do ano passado para cá, tenho me sentido assim, raivosa e destrutiva. Uma raiva surda, silenciosa, que parece estar espreitando a procura de um momento para dar o bote.
A cada dia, o esforço para controlar isso é maior e a energia de que preciso é menor. Parece que estou andando numa corda bamba e que, a qualquer momento, vou despencar. Sinto que tenho um fiozinho muito fino e curto de controle sobre mim mesma, mas que a qualquer momento ele vai escapar das minhas mãos. Espero apenas que, quando isso ocorrer, nenhum inocente esteja por perto.
terça-feira, 15 de junho de 2010
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