segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tudo quebrado....

Há algumas semanas, tudo quebra, até mesmo a moça que faz faxina na minha casa "quebrou"... Meu carro, então, está em estado de falência, parece paciente terminal. Daqueles que você dá remédio pra aliviar a dor de cabeça, ataca o estômago; dá remédio pro estômago, ataca o fígado; dá remédio pro fígado, os pés ficam inchados e nada mais resta a não ser encomendar a alma e enterrar. Primeiro, o porra do frentista me fez gastar R$ 140 pra troca de óleo e água para o carro ferver dois quilômetros depois e eu voltar de guincho. Aí mais R$ 180 pra arrumar a merda que o frentista fez. Não, senhores, não corri pro Procon, gastaria mais do que os R$ 140 que o posto me deu de prejuízo para tentar pegar a grana de volta. Depois, troca de velas, limpeza de bicos, troca de pneus, troca de bateria... Lá se foram mais de R$ 1mil em trocentas suaves prestações no cartão, porque fui parcelando tudo. Tenho dívida até o meio do ano que vem pra pagar.
Antes do carro, a máquina de lavar louça pifou. Mandei arrumar, quase dois meses depois, ficou pronta. Mas pensa que está pronta? Nananinão. O ciclo pré-lavagem não opera, R$ 190 depois. Agora meu DVD portátil tá uma bosta. Ele consegue trabalhar por cerca de 40 minutos, depois trava. Acho que o maldito fica cansado. Cadê que a jacaré aqui tem tempo pra ir na assistência técnica? Aliás, quando tenho tempo, eu quero é dormir ou ficar com meu sobrinho, não quero ficar resolvendo pepino.
Ainda não arrumei o buraco no telhado da cozinha, resultado do vazamento do banheiro. Pra arrumar isso, teve de quebrar o gesso embaixo e ainda está lá, o buracão, mostrando o cano do ralo do banheiro. Urgh! De novo, quando tenho tempo, quero dormir, não ir atrás de pedreiro/gesseiro. Aliás, tive de ir atrás de pedreiro pra fazer uma porra de um muro de arrimo embaixo da minha casa. Muita grana pra reforçar a estrutura. Pra chegar à constatação de que é melhor vender aquela casa.
Isso porque descobri agora, com a última reunião do condomínio, que eu sou a única pobre alma daquele local que não nada em dinheiro. Os putos tem R$ 100 mil no caixa do condomínio e vão fazer as seguintes e desnecessárias obras: salão de festa, piscina, playground, pintura das fachadas com grafiato, reforma das sacadas, rebaixamento das guias. Pensa que vai ficar em 100 contos? Duvide-oh-dó!
Nesse meio tempo, tenho de arrumar grana pra trocar portas e janelas da fachada. Porque o povo lá, que tem muito dinheiro (moram em casebres de 60 metros quadrados de área construída, mas se julgam ricos, pode?), decidiu trocar tudo. Resumo da ópera: vou vender aquela porra daquela casa e ir morar perto dos meus pais, na Zona Leste. Minha vida nem tá no Horto mesmo, só vou lá pra dormir. A moça que limpa minha casa e quase morreu de ataque cardíaco é da ZL; minha manicure tá na ZL; meus pais, minha madrinha, meu irmão, cunhada e sobrinho tão na ZL, meu mecânico tá na ZL, o eletricista do meu carro tá na ZL. Tudo está na ZL, que porra ainda estou fazendo na Zona Norte? O Ayrton não tá mais aqui, nem isso tem pra justificar eu ficar por lá. Já realizei meu sonho, chega.
A moça que limpa minha casa, graças a Deus, está se recuperando bem. Mas não volta antes de dezembro. Até lá, eu tenho de limpar a casa, estudar pra faculdade, fazer os trabalhos, o diabo. A árvore do fundo de casa, que fica no terreno vizinho, tá na época de florada. Manja aquela plantinha com fiapinhos brancos que a gente assopra quando criança? Imagine uma planta dessa tamanho árvore! Pois é, meu quinta inteiro fica branco, como neve, porque as flores saem voando da árvore direto pro fundo da minha casa. Até minhas cachorras se ferram, ficam parecendo galinhas com aquele monte de coisa branca em cima delas. Mas a árvore tá lá antes de mim, nem adianta brigar com ela. Além do que, a bichinha segura a terra que sustenta o muro do fundo do quintal. E as maritacas comem as sementes dela e ficam lá, sentadinhas, pra eu ficar observando. Mas dá uma puta trabalheira limpar o quintal e meu encanamento deve ser o próximo a ir pro saco.
Enfim, preciso de uma fórmula para me multiplicar, se quiser dar conta de tudo. Afe, estou cansada pra caralho. Quem foi a imbecil que defendeu o feminismo e a mulher independente? Eu quero botar essa vaca no paredão e acabar com ela, encher a bruxa de pipoco até ela virar peneira!!!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

'Encoxado' no metrô



Não, não fui a personagem que 'encoxou' - acho que essa palavra não existe, mas a preguiça não me permite fazer a checagem - alguém no metrô. Vagão lotado, entra uma moça bonitinha e seu namorado bonitinho e mais umas duas outrês amigas do casal atrás. Uma delas, muito feiosa, por sinal, não alcançava nada para se segurar. Onde ela segurou? Claro, no moço... Rapaz altão, boa pinta, ali pelos 16, 18 anos. A feiosinha dizia em voz alta, rindo: "você é alto, então você segura a gente."

A namorada sorria para a suposta amiga... Toda inocente. Ou disfarçando, sei lá. O menino também não reagiu entusiasticamente. Mas era óbvio que a menina feiosa tava era aproveitando a ocasião para pegar no moço, isso sim. Brincadeirinhas como essa, no fundo, mostram um lado sério que a pessoa não quer revelar de cara. Esconde no viés da brincadeira o fato de morrer de tesão pelo namorado da amiguinha. A hipocrisia é uma coisa interessante de se observar.

Ainda pensei comigo que estava sendo muuuito crica com a feiosa. Mas não... Os olhinhos dela brilhavam ao olhar pro moçoilo e ela estava rindo demais, risos bobos, toda cheia de graça e frases alegrinhas. Risos mais bobos ainda se considerado o contexto: estávamos todos como sardinha em lata no metrô, já quer era horário de pico, e a hora de abrir a porta seria estouro de boiada. Pra ela talvez a perspectiva fosse boa, afinal se a empurrassem ela poderia se encostar inteira no namorado da outra menina. Paixão enrustida e das bravas!

Chegamos na estação Paraíso, que para ela deve ter sido a Consolação, já que teve de se conformar em largar o moço, agora não mais seu encosto seguro. Bem, pelo menos até a conclusão da baldeação e a entrada em outro novo vagão cheio, onde ela provavelmente ia conseguir uma boa desculpa pra segurar firmemente no namorado da amiga.

E eu me livrei da cara feiosa e da risadinha imbecil de quem acha que a tá tudo bem, desde que tenha um macho, mesmo que não seja seu, pra se encostar!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Sobre rochas e pombas e feios...


Cara, não tem nada que pode deixar uma pessoa mais de mau humor do que passar um final de semana do cão, doente e correndo pra lá e pra cá para resolver as mil coisas quebradas em casa, chegar na segunda, ir pro trabalho doente e ainda enfrentar uma aula chatérrima na faculdade, de noite, sobre solos e rochas e o escambau! Mas quando a merda tá fedendo, que custa cheirar um pouquinho pior não é? Então, a santa aqui, doente, sentou no fundo da sala, isolada da turma, para poder tossir sem incomodar tanto os vizinhos. Na frente dela senta, alguns minutos mais tarde, um casal de pombinhos, cheios de arrulhos entre si, que impedem que a porra da tela branca do projetor seja vista e a merda da voz da professora chegue ao fundo. Claro, você deve dizer agora: os incomodados que se mudem. Eu pensei nisso, mas não dava, porque os lugares na frente estavam tomados. Esforço triplo pra concentrar na aula sem pensar na dor de cabeça e nos pombinhos que ululavam seu amor.


Bem, os pombinhos venceram e a um certo momento, ali entre as rochas magmáticas e sedimentares e o intemperismo químico e físico das rochas, comecei a divagar sobre essa coisa imbecil do tal do amor. Eu já amei. Amei poucas pessoas, mas as que amei, amei muito. Hoje acho isso uma merda total. Desisti. É, podem falar que sou seca, que sou feia e ninguém me quer, que fiquei pra titia, que sou amargurada, que envelheci antes da hora, que me decepcionei muito (o que não é verdade) e todos esses lugares comuns aí, não ligo e não muda o fato: amor é uma bosta mesmo. É patético. É ridículo. É trabalhoso. É chato. É entediante depois de um mês. Poetas vários já falaram disso, de maneira mais bonita, mas concordo com eles. Quer coisa mais ridícula do que uma pessoa tentar se concentrar na aula e ter dois cabeções-pombos na sua frente tampando a maldita da tela do projeção? Que pra complicar, projetava transparências da professora que estavam escritas a mão, porque a professora é da era jurássica e não sabe o que é power point? Por que os putos, ao invés de arrumar um quarto, vieram pra aula, cacete? Seria mais romântico ficar mordendo a orelha do namorado enquanto a professora falava das rochas básicas? Seria mais sensual ficar passando a mão na namorada enquanto a professora discorria sobre a formação da crosta terrestre?

Já que as cabeças e vozes do casal pombalino não saíam do meu espaço de visão-audição, prestei atenção neles. Aí entendi porque aquele mela-mela todo. Gente feia (me perdoem os feios, mas eu, como representante da classe, sou honesta comigo mesma e reconheço isso), quando arruma namorado/a, fica se achando a coisa mais feliz e importante do mundo. Finalmente alguém olhou para ela/ele!!! Se importa com ela/ele!!! Pensa nela/nele!!!! Que fantástico poder tem essa porra dessa tal de carência afetiva dos cidadãos... Ninguém se basta a si mesmo, precisa de outro pra se achar fundamental para a existência da humanidade. Mas pior do que uma pessoa feia arrumar namorado/a, é quando duas pessoas feias acham o que pensam ser suas caras-metade, em especial quando estão ali nos 20 e poucos anos. E dois feios, um namorando o outro, não tem como escapar... é um melaço só. São dois seres que se transformam no centro das atenções um do outro porque, finalmente, ohhhhhhhhhhhh... alguém me ama, alguém me quer.... Dá enjôo, igual cheiro de caca de pombos! Eca!!!

E pra piorar, cheguei em casa de noite e meu quintal tava sujo... De caca de pomba. Tô falando de pomba de verdade dessa vez! Fala sério, né???