terça-feira, 9 de outubro de 2007

Sobre rochas e pombas e feios...


Cara, não tem nada que pode deixar uma pessoa mais de mau humor do que passar um final de semana do cão, doente e correndo pra lá e pra cá para resolver as mil coisas quebradas em casa, chegar na segunda, ir pro trabalho doente e ainda enfrentar uma aula chatérrima na faculdade, de noite, sobre solos e rochas e o escambau! Mas quando a merda tá fedendo, que custa cheirar um pouquinho pior não é? Então, a santa aqui, doente, sentou no fundo da sala, isolada da turma, para poder tossir sem incomodar tanto os vizinhos. Na frente dela senta, alguns minutos mais tarde, um casal de pombinhos, cheios de arrulhos entre si, que impedem que a porra da tela branca do projetor seja vista e a merda da voz da professora chegue ao fundo. Claro, você deve dizer agora: os incomodados que se mudem. Eu pensei nisso, mas não dava, porque os lugares na frente estavam tomados. Esforço triplo pra concentrar na aula sem pensar na dor de cabeça e nos pombinhos que ululavam seu amor.


Bem, os pombinhos venceram e a um certo momento, ali entre as rochas magmáticas e sedimentares e o intemperismo químico e físico das rochas, comecei a divagar sobre essa coisa imbecil do tal do amor. Eu já amei. Amei poucas pessoas, mas as que amei, amei muito. Hoje acho isso uma merda total. Desisti. É, podem falar que sou seca, que sou feia e ninguém me quer, que fiquei pra titia, que sou amargurada, que envelheci antes da hora, que me decepcionei muito (o que não é verdade) e todos esses lugares comuns aí, não ligo e não muda o fato: amor é uma bosta mesmo. É patético. É ridículo. É trabalhoso. É chato. É entediante depois de um mês. Poetas vários já falaram disso, de maneira mais bonita, mas concordo com eles. Quer coisa mais ridícula do que uma pessoa tentar se concentrar na aula e ter dois cabeções-pombos na sua frente tampando a maldita da tela do projeção? Que pra complicar, projetava transparências da professora que estavam escritas a mão, porque a professora é da era jurássica e não sabe o que é power point? Por que os putos, ao invés de arrumar um quarto, vieram pra aula, cacete? Seria mais romântico ficar mordendo a orelha do namorado enquanto a professora falava das rochas básicas? Seria mais sensual ficar passando a mão na namorada enquanto a professora discorria sobre a formação da crosta terrestre?

Já que as cabeças e vozes do casal pombalino não saíam do meu espaço de visão-audição, prestei atenção neles. Aí entendi porque aquele mela-mela todo. Gente feia (me perdoem os feios, mas eu, como representante da classe, sou honesta comigo mesma e reconheço isso), quando arruma namorado/a, fica se achando a coisa mais feliz e importante do mundo. Finalmente alguém olhou para ela/ele!!! Se importa com ela/ele!!! Pensa nela/nele!!!! Que fantástico poder tem essa porra dessa tal de carência afetiva dos cidadãos... Ninguém se basta a si mesmo, precisa de outro pra se achar fundamental para a existência da humanidade. Mas pior do que uma pessoa feia arrumar namorado/a, é quando duas pessoas feias acham o que pensam ser suas caras-metade, em especial quando estão ali nos 20 e poucos anos. E dois feios, um namorando o outro, não tem como escapar... é um melaço só. São dois seres que se transformam no centro das atenções um do outro porque, finalmente, ohhhhhhhhhhhh... alguém me ama, alguém me quer.... Dá enjôo, igual cheiro de caca de pombos! Eca!!!

E pra piorar, cheguei em casa de noite e meu quintal tava sujo... De caca de pomba. Tô falando de pomba de verdade dessa vez! Fala sério, né???





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