sexta-feira, 16 de outubro de 2009
A própria morte
Dizem que sonhar com a própria morte é bom sinal... Não sei. Não acho que acredite nisso. Mas essa semana eu sonhei que havia morrido. E, por incrível que pareça, acordei muito bem, como há muito não me sentia. Tranquila, em paz, descansada. Sonhar com a morte, geralmente, é algo que todo mundo chama de pesadelo. Mas não foi o meu caso. Eu estava numa casa que parecia a minha. Era um sobrado. Mas eu não via nada, estava tudo absolutamente na escuridão, apenas uma luz amarelada como a luz de vela iluminava fracamente o meu rosto, até a altura dos meus ombros e o colo. E mesmo na escuridão total eu conseguia me mover como se tudo estivesse iluminado ou se eu conhecesse perfeitamente a casa. Eu ouvia uma voz, que não sei de quem era e nem se era de mulher ou homem - acho que era uma mulher. A voz era baixa e eu ouvia apenas algumas das palavras, o suficiente para entender o que eu devia fazer. Lembro da voz me mandar subir. Eu fui para o andar de cima, percorri um corredor e cheguei a um quarto. A voz mandou eu me deitar. Não sei no que me deitei, parecia uma cama, mas podia ser um caixão, não havia tecido algum - lençol, travesseiro, colcha, cobertor, nada. Eu me deitei e a voz disse que tudo iria acabar bem, que eu não devia me preocupar. Fiquei um tempo ali deitada, sozinha, a voz parecia ter me abandonado. Senti que ela estava em outros cômodos, provavelmente orientando outras pessoas e fiquei esperando ela voltar. Ela voltou e disse que tinha chegado a minha vez. Pediu que eu respirasse normalmente, fechasse os olhos e não os abrisse mais. Eu fechei e tudo ficou na completa escuridão. Deixei de ver meu rosto iluminado pela luz amarelada nesse momento. Ficou um silêncio completo ao meu redor e eu só via tudo preto, preto mesmo. Não senti medo, dor, frio, nada. Apenas o silêncio. E a última coisa que eu ouvi a voz dizer foi: pronto, acabou, é isso. E eu fiquei lá, na completa escuridão, sem ver ou sentir ou ouvir mais nada. A morte me pareceu algo muito tranquilo... Tão tranquilo que não me incomodaria de morrer hoje.
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