Comecei a notar que estava ficando velha quando minha barriga, que era chapada, começou a aparecer. Ali pelos 25, 27 anos. Depois vieram as rugas de expressão na testa e no canto dos olhos e da boca. A celulite aumentou, os seios começaram a cair e começou a aparecer umas dobras nas costas e culote. Agora, tem os cabelos brancos.
Também comecei a notar a meia idade chegando quando as músicas que eu adoro passaram a tocar apenas nos programas de flash back nas rádios. E quando pessoas do comércio e pedintes de rua passaram a me chamar de senhora. A criançada começou a me chamar de tia. Comecei a ver lojas fazendo propaganda sobre o fato de existirem "há mais de 20 anos" ou "desde 1984", quando eu já estava na quarta série na escola.
Tomei um susto quando vi que o povo estudava em História, no cursinho, em 1999, o movimento dos "caras pintadas". Eu fui uma "cara pintada" e já estava velha o suficiente para ter entrado na História. E conheço uma geração inteira que nunca viu Ayrton Senna da Silva correr na F-1.
Também notei que estou velha porque cada vez mais tenho dito "no meu tempo era melhor, tal coisa não era assim". Comecei a achar as músicas que eu ouvia melhores do que as de hoje; os filmes, as novelas e programas de TV... tudo parecia melhor na minha época.
Me tornei mais conservadora e careta. E dou risada quando vejo modas que voltam, como as pulseirinhas de plástico que a molecada usa hoje como última novidade da estação, mas que eu usei aos montes em meados dos anos 80, inspirada por Madonna.
Hoje, sinto a velhice mais perto do que nunca, porque comecei a entrar na fase em que serei mãe dos meus pais. Sabe a fase da inversão, em que você é quem te tomar conta do seu pai e da sua mãe? Pois é, a minha fase começou precisamente em 2009. Não só pai e mãe, tenho de tomar conta de tios e tias e primos e primas... Eu nunca tomei conta de ninguém na vida, só de mim e olhe lá. Não tenho instinto maternal. Como vou fazer?
Quer saber? Envelhecer é foda e quem diz o contrário, se ilude com a propaganda da "melhor idade" etc, só tá tentando se consolar e se enganar. Não tem nada de legal nesse lance de ficar velha, nada.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Pequeno sonho
Eu não quero me casar. Nem paquerar, imagine namorar... e imagine casar. Mas eu queria poder usar o vestido do clip November Rain, do Gun´s. Não sei se tenho corpo para usá-lo, minhas pernas são finas demais. Mas que eu queria usar esse vestido um dia, eu queria.
E eu encontrei esse desenho que é um alternativo ao vestido do clip. Aliás, o vestido se chama "November Rain" e eu achei muito original e bonito. Quem sabe não mando fazer esse vestido para minha festa de formatura (sem a cauda e o véu, claaaaaaaro...) Isso se eu descobrir naquela maldita faculdade se haverá comissão para festa de formatura, porque os bichos-grilos de lá são tão idiotas que acham festa de formatura um lance de burguês... como se fossem autênticos comunistas da Revolução Russa aqueles imbecis...
E eu encontrei esse desenho que é um alternativo ao vestido do clip. Aliás, o vestido se chama "November Rain" e eu achei muito original e bonito. Quem sabe não mando fazer esse vestido para minha festa de formatura (sem a cauda e o véu, claaaaaaaro...) Isso se eu descobrir naquela maldita faculdade se haverá comissão para festa de formatura, porque os bichos-grilos de lá são tão idiotas que acham festa de formatura um lance de burguês... como se fossem autênticos comunistas da Revolução Russa aqueles imbecis...
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Dor de você
Ela vem vindo, de novo... Aquela dor de você. Ela é tão grande e tão insuportável, tão forte. Me arruina. Aperta o meu pescoço até eu não poder mais respirar. Minhas mãos ficam palpitando, tateando o ar, procurando por alguém que nunca esteve ao alcance delas. Sentindo falta de algo que só tocou uma vez, por um segundo ou dois. A dor também está no peito, prensado como se tivesse uma placa de aço em cima, e toda batida do coração dói e dificulta ainda mais respirar. Eu continuo tateando o ar à tua procura, e fecho as mãos, enterro as unhas na almofada como se estivesse agarrada a você, te segurando pra você não ir embora, e segurando tão forte que te sangraria. E eu sinto uma vontade enorme de gritar seu nome o mais alto que eu puder, pra que você venha aqui e faça a dor parar. Eu imploro a você para fazer a dor parar. E parece que você não quer isso, parece que você faz o oposto e aperta mais meu pescoço e meu peito e torna a dor maior, muito maior. E eu penso: por que você faz isso? E você responde que não é você, sou eu...
Do outro lado
Sexta fará duas semanas que meu primo se foi. Aos 52 anos. Infarto. Pelo que entendi, ele demorou a morrer. Sentiu dores e foi parando de respirar. Teve tempo de pedir perdão aos filhos e mulher pelo que fez de errado. Sofreu, tenho certeza. Dizem que a dor de infarto é pior do que a do parto e não deve ser nada agradável sentir que a respiração vai ficando cada vez mais difícil.
Meu primo era uma boa pessoa. Tentou fazer o que era certo até um certo momento da vida. Depois desistiu. Três a quatro maços de cigarro por dia e bebida, muita bebida. Trabalhava duro para sustentar os quatro filhos e a mulher, que é uma das piores pessoas que eu conheço. Ele se matou, devagar.
Fiquei triste por ele, mas foi a opção dele ir se acabando aos poucos e é direito dele - e de todo mundo - saber quando parar com tudo. Pior foi lidar com a mãe dele, minha madrinha, que é a pessoa mais bondosa que eu conheço e que não merecia enterrar um filho aos 70 anos. Ou minhas primas, irmãs dele. Ou os filhos dele.
Talvez por ver tanto sofrimento, acabei considerando a minha dor por perder um primo que era quase um irmão muito pequena. Não me desesperei. Não me deprimi. Não me acabei de chorar. Continuei dormindo e comendo normalmente. Resolvendo os pepinos: duas quebras de carro, uma quebra de telefone, pedreiro em casa, terminar as atividades da faculdade, trabalhar... Fui tocando o barco.
Tentei ser forte para ajudar quem estava precisando. Me segurei. Acho que fiz um bom trabalho. Acho que agora acredito que a morte é uma outra fase, um outro lado da vida. Talvez toda a loucura desse ano tenha sido para me fazer suportar essa fase. E as outras, bem piores, que virão.
Meu primo era uma boa pessoa. Tentou fazer o que era certo até um certo momento da vida. Depois desistiu. Três a quatro maços de cigarro por dia e bebida, muita bebida. Trabalhava duro para sustentar os quatro filhos e a mulher, que é uma das piores pessoas que eu conheço. Ele se matou, devagar.
Fiquei triste por ele, mas foi a opção dele ir se acabando aos poucos e é direito dele - e de todo mundo - saber quando parar com tudo. Pior foi lidar com a mãe dele, minha madrinha, que é a pessoa mais bondosa que eu conheço e que não merecia enterrar um filho aos 70 anos. Ou minhas primas, irmãs dele. Ou os filhos dele.
Talvez por ver tanto sofrimento, acabei considerando a minha dor por perder um primo que era quase um irmão muito pequena. Não me desesperei. Não me deprimi. Não me acabei de chorar. Continuei dormindo e comendo normalmente. Resolvendo os pepinos: duas quebras de carro, uma quebra de telefone, pedreiro em casa, terminar as atividades da faculdade, trabalhar... Fui tocando o barco.
Tentei ser forte para ajudar quem estava precisando. Me segurei. Acho que fiz um bom trabalho. Acho que agora acredito que a morte é uma outra fase, um outro lado da vida. Talvez toda a loucura desse ano tenha sido para me fazer suportar essa fase. E as outras, bem piores, que virão.
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