"Expressionante" como as pessoas estão em crise... Gente, chegar nos 30 é fueda, passar dos 30 é triste, porque toda a geração 30 e poucos, da qual pertenço, está em crise de alguma coisa. Crise amorosa, crise no emprego, se perguntando sobre as opções de vida. Parece que todo mundo resolveu questionar o que sou, o que fiz, pra onde vou... Eu tô nessa vida. Putz, como enche ficar pensando nisso. Queria não pensar. Queria não ter cérebro nenhum. Queria ser linda e burra como duas portas. Será que se eu usar tinta a base de água oxigenada no cabelo consigo lavar os neurônios? Bem, terei problemas, porque as sombrancelhas-taturanas que herdei do meu pai teriam de ser descoloridas também. E quero ficar burra, mas não cega.
Dia atrás, tava eu zapeando e parei no Mothern da GNT. Não sei os nomes dos personagens, mas a moça publicitária, que tem um marido legal pra caralho, tava em crise. Chegou no posto de comando da agência e pelo qual tanto batalhou. Ganhando salário alto, cargo importante. E tava lá, infeliz da vida. Resolveu copiar a filhinha dela, que demorou trocentos minutos pra construir um castelinho igual ao da caixa do brinquedo e desmanchou tudo em um segundo depois de pronto. Justificativa da menininha: queria fazer seu próprio castelo e não o da caixa. Aí a mãe, que tem marido pra arcar com a responsa se ela faltar, saiu do trampo da agência. Queria construir seu próprio castelo.
Tenho amigas na mesma situação, querendo construir castelos. A maioria tá perdidinha da vida, na verdade, e tenho tanta pena delas quanto de mim. Não sabem bem o que quer: quer namorar, mas o cara certo não é esse; quer casar, mas não consegue namorar; quer ter filho, mas não encontra nem namorado e não topa produção independente; ou a moça sabe o que quer, mas não sabe como agir pra ter. Precisa desmontar o castelo atual, mas como vai fazer outro? Tem amiga que não pode desmanchar o castelo, porque tem gente morando com ela dentro do bendito. Dá pena mesmo.
Eu não sei o que elas pensam delas mesmas e seus dramas. Mas tenho a impressão de que estamos todas como baratas-tonta. Corre pra lá, corre pra cá, e no fim, não se vai a lugar algum. Seria mais fácil aceitar o bom e sempre citado ditado que meu irmão tanto aprecia: não leve a a vida muito a sério, você não vai sair vivo dela mesmo!
Bem, eu tenho surtos de querer simplificar minha vida. Talvez seja esse o nosso caminho: simplificar. Porque a gente planeja a vida que quer e depois a organiza de um jeito que não podemos mais sair do círculo vicioso ao qual essa merda de planejamento nos jogou. Conquistamos posições, dinheiro, bens que vão nos obrigar a continuar na ciranda do trabalho-estudo-casa-estresse-falta de tempo-complicações. Nem aposentada vamos nos livrar.
A teoria é a da simplicidade. Mas como eu digo, a teoria, na prática, é outra. Bem outra!
PS - Faltam praticamente três semanas para as minhas férias. O trampo remunera bem, mas eu ainda acho que devia receber adicional por ter de lidar com gente desembestada e maluca. MALUCA mesmo, nem Doctor Freud explica!
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