Um amigo me diz que está revisando toda a sua vida, que trabalha muito porque precisa ter renda alta e não vive, não usufrui do que conquista. Ele e quase que 100% da humanidade devem ter esse problema. As pessoas optam, eu disse para ele. Tem gente que quer um estilo de vida X, e o estilo requer casa cara, carro caro, roupas caras, restaurantes caros, namoradas (no caso dele) que são bem-sucedidas, bonitas, inteligentes e de preferência magras e mais de 20 anos mais jovem do que ele etc etc etc. E isso tudo custa dinheiro, inclusive a namorada, porque ele não é o Brad Pitt e uma moça dessa não será achada na padaria da esquina. Portanto, se não nasceu com pai rico, vai ter de trabalhar para ter grana para fazer e ter as coisas que deseja.
Bem, ironicamente, você vai ter de trabalhar tanto que não terá tempo, e se o tiver, faltará energia, para usufruir de tudo que pretende fazer com a grana vultuosa que recebe. É o que ocorre com esse meu amigo e com quase todo mundo que opta por esse estilo de vida sendo um assalariado. O que me enche o saco é que essas pessoas ficam reclamando da vida, mas não querem abrir mão do se gordo orçamento nem seu estilo chique de amigos (e namoradas) para ter uma vida mais simples. A pessoa gera uma contradição na vida dela e se lamenta pelas escolhas que faz, como se a culpa fosse de um outro ser que não ela mesma. Falta auto-crítica.
Vejam o "causo" esse meu amigo: ele fica oito meses do ano viajando. E quer arrumar namorada. A vida é muito simples. Ela dá escolhas: namora alguém que tem a mesma profissão e está nos mesmos lugares que ele; namora alguém que está no Brasil e que verá por dois meses do ano, o que vai levar o relacionamento a um desgaste em curto prazo de tempo (isso pra mim nem namoro é, mas enfim); desiste das viagens na profissão, replaneja a carreira, monta um site e trabalha aqui mesmo, e vai namorar a mulher dos sonhos (que na primeira decepção dele, poderá ouvir coisas do tipo: larguei tudo para ficar com você...); ou fica sozinho e se conforma que vale a pena ficar sozinho para ter a profissão que tem e o estilo de vida que quer. Me diga, qual é o drama, então? Decida-se e pare de choramingar, cacete! E tomada a decisão, pare de ficar no "e se eu tivesse feito isso ou invés daquilo". Tá no inferno, abraça o capeta!
Trocando em miúdos, tem gente que vive para trabalhar e gente que trabalha para viver. Meu amigo é do primeiro tipo e tem de ser para ter o que quer. Hoje, parece que tá acordando para a coisa, mas ainda não decidiu, de fato, o que é prioridade na sua vida. Já eu era desse primeiro tipo aos 20 anos. Mas não era feliz. Hoje, eu sou do segundo tipo. Não sou completamente feliz, mas minha vida hoje, nesse sentido, é melhor do que quando eu tinha 20 e poucos e era uma CDF no trabalho. Isso só foi possível porque não planejei minha vida buscando um padrão que me levasse a morrer de trabalhar, nem depositando minhas chances de felicidade no fato de ter alguém na minha cama no final do dia para partilhar a minha existência - e a dela. Procurei outros interesses, e coisas que me fazem feliz, mas que não dependam de terceiros para serem realizadas. Acho mais honesto. Comigo mesma e com os outros.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
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Um comentário:
eu acho ele um ridículo por querer mulheres com tantas qualidades. o problema, na verdade, é querer com as qualidades que ele quer. pq todas as mulheres têm de alguma forma muitas qualidades. desculpa, mas seu amigo é babaca. quer uma mulher rica, linda, inteligente, gostosa, bem preparada para a vida e... NOVA. é um ridículo. prefiro ficar só a ter um homem assim.
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