segunda-feira, 27 de abril de 2009

Absolutamente irritante

A F-1 está sendo exatamente o que eu previa. Quem marcou o primeiro ponto para a perdida Ferrari? Kimi. O Lorão. É! Ontem, eu falando com meu pai sobre isso e dizendo que a gente tem de assumir que só temos pilotos ruins na F-1 hoje, e ele, torcedor do Felipe. "É, mas o Massa, ano passado, estava disputando o título". E eu: "bem, se quer falar disso, então ano retrasado o Kimi, na mesma Ferrari de Massa, foi campeão. Todo mundo apostou no Massa. Porque o Massa correu com o "grande" Schumacher... Porque o Massa é mais enturmado com a equipe, conhece mecânicos, engenheiros... Porque o Massa é apadrinhado do Jean Todt... E tudo estava a favor do Massa na F-1 e na Ferrari em 2007. Quem ganhou o título?" Perguntei pro meu pai. "Pois é, foi o Kimi. O Massa sequer foi vice-campeão". "Ah, mas a Ferrari jogou a favor do Kimi", rebateu meu pai. "É, exatamente como fez com o Massa em 2008. Só que o Massa foi vice e o Kimi foi campeão", disse eu. "Ah, mas a Ferrari demorou pra tomar a decisão de jogar pelo Massa em 2008", respondeu ele. "Claro, o Massa só conseguiu estar mais a frente do Kimi mais pro final da temporada". Meu pai encerrou com um "é tudo um jeito de querer ver as coisas." Algo típico de quem não tem argumento e perde um debate.

E assim os fãs prosseguem na F-1, vendo teorias conspiratórias que prejudicam Rubens e Felipes da vida, ao invés de enxergar a realidade: nossos pilotos são meios de grid, são ruins demais da conta. Não são Alonsos, Vettels ou Hamiltons. São pilotos que fazem número no grid, e só. Marcam pontinhos. Podem em um ano ou outro disputar o título. Mas sempre vão falhar e culpar o tráfego, o carro, a equipe, o companheiro de equipe, o diretor da equipe, a areia do deserto, a chuva européia... Nunca eles cometem erros, nunca falta a eles energia, garra, disciplina para chegar em primeiro. A culpa é sempre dos outros. E os torcedores caem nessa.

Vejamos: Piquet, na Williams, equipe inglesa. Do lado dele, Nigel Mansell, tão inglês quanto a equipe. Descaradamente a Williams tinha preferência pelo Mansell. Mas o Piquet foi o campeão e levou o título. Ayrton Senna chega na McLaren, onde estava há 200 mil anos o francês e melhor piloto da categoria na época, Alan Prost. Pergunta se o Ayrton deu alguma chance para a McLaren um dia olhar pra ele e pensar que era melhor jogar as fichas no Prost? Não, o cara chegou e disse: tenho de andar sempre na frente do francês, do contrário, ficarei de escanteio. E não aceitava nada menos do que andar na frente. Ele ralava e cobrava da equipe e ficava refletindo onde e por que não tinha vencido uma corrida, isso por dias a fio. Analisava a si e ao carro e a equipe, e fazia que todos cumprissem sua parte para não repetir o resultado ruim. O Ayrton não conseguia as coisas de graça. Ele ralava. Muito. Exigia. E correspondia na pista. Quantas vezes se viu isso depois do Senna na F-1? Não, nenhum piloto brasileiro chegou na F-1 com esse espírito.

Voltando ao presente... O Barrichello, então, nem dá para falar. Como se explica que o Button abra 12 pontos de diferença? Sim, o Button... Ninguém dava nada por ele mais, estava morto e enterrado. Mas o Rubens não. Não.... Imagine, depois de 200 mil anos de carreira na F-1 ele tem... dois vices... vices... Na terra de Emerson, Nelson e Ayrton, ele tem dois vices... E a mídia e os torcedores patriotas que não enxergam um palmo além da bandeira verde-amarela insistem em querer convencer a todos de que o cara é bom. Bom o caralho! Deviam aproveitar que ele tá pagando para viajar para o espaço para apertar o botão de ejetar quando estivessem fora da órbita da Terra. Pra ele ir pro espaço, literalmente, e não voltar mais. Já que largar a F-1 ele não larga, seria um bom jeito de me livrar desse incompetente.

O fato é que, ao observar o comportamento dos torcedores em relação aos pífios resultados de Massas e Barichellos, vejo que o brasileiro sempre foi acostumado com a mediocridade. Brasileiro gosta de ser medíocre. Valorizar resultados como os desses dois pilotos revela quanto o brasileiro admira coisas que estão na média. Por isso quando o Ayrton surgiu, foi um estardalhaço. Porque brasileiro, Ayrton, não é como você pensou. Ayrton disse que brasileiro só gosta de vitória e ele era brasileiro. Mas não é assim, Ayrton. Brasileiro gosta de medíocres. E quando encontra um acima da média, fica besta, babando. Porque não está acostumado.

Brasileiro não está acostumado a puxar além dos limites, a fazer sempre o melhor. Aqui é assim: pra que chegar em primeiro, se segundo está bom? Ou terceiro? Ou quinto, como o Barrichello acha? Por que achar que as escolas são ruins, mesmo tendo alunos que conseguem copiar 15 linhas de texto da lousa e cometer cinco erros, quase um erro por linha, quando você pode olhar a resposta do aluno numa prova e pensar: ah, mas ele está caminhando na linha de raciocínio que se espera, está começando a elaborar um pensamento crítico? E assim o Brasil caminha, se consolando com resultados medíocres no esporte, na política, na economia, na educação...

É um jeito de ser esse do brasileiro. Que termina no: ah, eu sou pobre assim porque Deus quis. Eu vou arrumar trabalho, se Deus quiser. Eu chegarei em primeiro lugar, se Deus quiser. É, Ele há de querer. Desde 1.500 estamos falando de Deus e fazendo pouco para que as coisas melhorem. Nos conformando com resultados medíocres. Vivendo na mediocridade. Talvez Deus queira assim, né não?

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