segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A História de Nós Dois - Versão Meu-Sonho-de-Consumo

Te conheci na escola e não fui com a sua cara. Não gosto de menino bonito-assediado-metidinho. Te encarava muito séria, como quem diz que "a mim você não impressiona". Cheguei a ser grosseira, rude mesmo, por te encarar dessa forma. Você gostou e passou a fazer o mesmo. Um ano passou e nada, a gente olhava pra cara um do outro e ficava nisso. No ano seguinte, tentei puxar assunto, você me esnobou, sumiu da escola e nunca mais te vi.

Mas a internet veio, e apareceu o orkut e a comunidade da nossa escola e lá estava você lá, inscrito. Pensei: bem, será que serei esnobada de novo? Fiquei dias pensando: escrevo, não escrevo... Na foto, você estava mais gordinho do que na época da escola. Algumas rugas a mais. Mas a mesma carinha bonita, o mesmo olhar irônico. E aí, escrevo ou não??? Escrevi. E, supresa, você foi até que legal comigo. Sem lembrar direito quem eu era. Achei que você até se confundiu, pensou que eu era uma outra pessoa.

Depois de algumas conversas por scraps, começamos a conversar por MSN. Descobri que você foi casado, tinha uma menina de quatro anos, separado há dois, tinha uma namorada há uns seis meses. Tinha um centro automotivo seu, ali no bairro onde sempre morou. Você se lembrou, de fato, de mim, quando te contei como você me esnobou. Você pediu desculpas... Coisa de moleque. Eu falei que nada apagaria a mágoa em meu coração e você falou que talvez uma pizza e um chopp pudesse reduzir a dor.

Foram conversas divertidas pelo MSN e ok, vamos nos ver pessoalmente, por que não? Você me devia desculpas mesmo, oras! Ah é... a namorada. Dane-se a namorada, oras. Eu cheguei primeiro. Há quase 20 anos. E eu não tinha porque ficar com vergonha, afinal a gente era colega de escola e eu podia não sentir nada do que sentia por você na época da escola, afinal os tempos são outros, nós mudamos muito e você não sentia nada por mim nem na época da escola, então por que as coisas mudariam agora, comigo mais velha?

Então, fomos num bar, sentamos e conversamos muito e muito e muito. Basicamente, contamos tudo o que nos aconteceu desde nossa adolescência até os dias atuais. Os fracassos, os sucessos, alegrias e tristezas, sonhos realizados e não realizados. Você se mostrou o cara que eu achei que você seria quando adulto, quando superasse seu convencimento de adolescente. Parecíamos mesmo velhos amigos. Estava tudo tão perfeito que eu não queria mais que a noite acabasse.

Quando eu vi, estava boba por você, igual ao período da escola. Não conseguia tirar os olhos de você, eu sentia que meus olhos brilhavam e provavelmente você percebeu que, de novo, eu estava aos seus pés. Esqueci que você tinha compromisso. Esqueci de tentar ser menos óbvia em meu interesse. Mas mantive um enorme controle para não te agarrar ali mesmo. Então, foi tudo bem comportado, eu respeitei sua situação, você se comportou direitinho e... bem, teve o beijo de tchau no final da noite que foi um pouco demorado demais, e um abraço um pouco apertado demais e eu não dormi direito aquela noite.

Continuamos conversando por MSN, telefone, encontros pessoais, tudo na maior amizade. E ocorreu de você estar mais mal humoradinho com o passar dos dias. Era a tal namorada, pegando no pé. Mulher tem radar, não adianta, eu pensei. Mas fiquei quieta. Ainda tentei falar para você ter paciência, mas acho que você estava no limite. E parece que a moça implicou comigo, em especial. Acabou terminando tudo. A moça era pé no saco... até ciúme da sua filhinha e da sua ex ela tinha. Não dava mais. E a gente saiu, você contou a confusão, bebemos juntos e cada um foi pro seu lado no final da noite. Amigos sempre.

Mas a vida de solteiro novamente pressupunha baladinhas. Músicas flash back anos 80 e 90, dançar. E naquela balada, algumas cervejas e capirinhas depois, você me pediu para te explicar o conceito moço Pakalolo... que era como eu te chamava na época da escola, por não saber seu nome. Expliquei: era um moço bonito demais, com um ar meio metidinho, de olhar irônico, lindo sorriso, andar convencido, sempre olhando para cima e com certo desdém para tudo, jeito teimoso e meio bravinho, um andar que joga o ombro pra um lado e outro discretamente, e que acentua o ar convencido, ombros largos, todo gostosinho, corpo cheio, nada de magreza nem de gordura, ali no meio... E, acima de tudo, bumbum bonito. Você riu.

Mas você era assim naquela época, que eu podia fazer? Você é o inspirador do conceito, o modelo perfeito do moço Pakalolo. Você quis saber se eu havia conhecido muitos moços Pakalolos. Eu disse que só havia conhecido um, há muito tempo. Uns dois quase me enganaram - sempre faltava um quesito, em especial aquele olhar, que só o original tinha. Expliquei que moço Pakalolo era bicho raro. Você quis saber se ainda era Pakalolo... Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaro! - eu respondi. E você só ria... Me falou que talvez eu estivesse sozinha até agora por não ter encontrado o moço Pakalolo. E, ali, a gente dançando "Little Respect", do Erasure, um primeiro beijo, um segundo e um terceiro e quarto...

E ver que seu beijo era melhor do que o que eu havia sonhado, seu abraço era tão mais gostoso do que o melhor dos abraços que eu havia imaginado, que seu cheiro era tudo de mais enlouquecedor que eu podia ter. Nada parecia real, eu estava em outra dimensão naquela noite e não queria mais voltar.

Hoje, ainda juntos, nem acredito que o sonho da adolescência se realizou. Você não é fácil. Seus acessos de raiva, suas exigências de atenção... dividir você com sua família. Mas nada disso me faz gostar menos de você. Da sua parte, sinto um extremo cuidado comigo, um carinho que nem achei que você pudesse ter por alguém. A gente ri muito, a gente briga muito, a gente não se desgruda. A gente quer as mesmas coisas. E eu nunca fui tão feliz na vida como estou sendo agora com você. Rezo para que dure muito, muito e muito... Que seja tudo tão grande quanto o amor que tenho por você.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A História de Nós Dois - Versão Realista-Altamente-Provável

Te conheci na escola e não fui com a sua cara. Não gosto de menino bonito-assediado-metidinho. Te encarava muito séria, como quem diz que "a mim você não impressiona". Cheguei a ser grosseira, rude mesmo, por te encarar dessa forma. Você gostou e passou a fazer o mesmo. Um ano passou e nada, a gente olhava pra cara um do outro e ficava nisso. No ano seguinte, você e eu fizemos amizade porque você estava na sala da minha melhor amiga. A gente se deu bem, mas você bancava o desagradável sempre que percebia que podia gostar de mim. Eu vivia confusa a seu respeito, porque não sabia o que você queria de mim. E eu queria você de qualquer jeito, como amigo, rolo, namorado sério, o que fosse.

Saímos com a turma pra uma baladinha e acho que você bebeu um pouquinho demais. A gente ficou, foi tudo lindo e maravilhoso, como eu sempre havia imaginado que seria. Na segunda-feira, na escola, você me tratou como se nada tivesse acontecido. Não entendi, mas fiquei com raiva. No outro dia, você tentou ser bonzinho e eu retribui sua indiferença. Aí você emburrou e a gente ficou quase duas semanas sem conversar um com o outro. Eu comecei a conversar muito com outros caras da escola e você ficou embirrado. Quis conversar, perguntou porque eu tava esnobando. Deu uma de joão-sem-braço total, né? Eu soltei os cachorros. No final, a gente se acertou e voltamos às boas.

E assim a gente continuou nossa relação. A gente ficava, depois fingia que nada ocorreu, depois ficava. Um rolo todo que nunca entendi. Eu ficava ali, disponível, mas tinha vez que me dava umas crises de rebeldia e eu dizia não. Você nunca gostou de ouvir não, então ficava em volta até me dobrar. Era menos um amor e mais uma guerra em que você testava seu poder de sedução e eu tentava o tempo todo resistir, sem muito sucesso.

Um dia resolvi terminar de vez. E você veio com seu papo doce, sabendo do seu poder e da minha fraqueza. Fui em sua casa determinada a dizer adeus. Terminei na sua cama. Primeiro beijo, primeira transa. Foi ótima, mas nada mudou. Continuamos naquela guerrinha infernal, que você tanto gostava. Nunca assumimos "estamos juntos". Você saía com outras, mas não me deixava sozinha por muito tempo, e não assumia nada, mas agia de tal forma que afastava qualquer outro que tivesse intenção de me conhecer. E eu não conseguia reagir, fraca demais por gostar e odiar você, ao mesmo tempo.

No final daquele ano, eu com 16 anos e você com 18, eu acabei grávida. Sua mãe, muito religiosa, disse que você ia assumir tudo, e queria que a gente se casasse. Minha família também fez menção. Mas eu não quis. Minha mãe me deu apoio. Então a gente não se casou. Você deveria apenas assumir seu filho, e sua família o obrigou a isso. Convenhamos, você não queria largar a vida de adolescente para trabalhar e pagar pensão, mas não teve muita escolha.

Eu fiquei morando com meus pais. Deixei a escola, e só voltei quando pude colocar o menino na creche, quando ele fez 3 anos. Minha mãe, em especial, me deu enorme força, apesar de eu tê-la decepcionado. Ela ama o neto de paixão e me ajuda a cuidar dele. Seus pais também gostam muito do menino. Você amadureceu um bocado com a responsabilidade. Eu também. O namoro, claro, foi para o espaço. Se é que podemos dizer que fomos namorados, né? Mas, em nome do nosso filho, a gente mantém uma certa amizade, distante, e se não somos amorosos um com o outro, também não somos daquele tipo que mal olha um na cara do outro. A gente conversa sobre o menino, você cuida bem dele quando é o seu final de semana com o garoto, e tudo anda de forma civilizada, para o bem da criança.

Não é o mundo ideal, mas podia ser pior. Só tenho de confessar que eu ainda sinto aquela fraqueza por você e eu gostaria muito de ter uma chance de recomeçar tudo. A diferença hoje é que você nem nota mais o poder que você tem sobre mim. Tem outra mulher, outros interesses, nova família. Eu lamento apenas por ver que hoje você é o homem que eu queria para mim. E eu lamento que eu tenha ajudado você a ser essa pessoa maravilhosa que você é hoje, mas para uma outra mulher e uma outra família. Apesar dessa tristeza, eu gosto tanto de você que fico feliz por ver que você está bem e está feliz. Mesmo que longe de mim.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A História de Nós Dois - Versão Realista-Dramalhão Mexicano

Te conheci na escola e não fui com a sua cara. Não gosto de menino bonito-assediado-metidinho. Te encarava muito séria, como quem diz que "a mim você não impressiona". Cheguei a ser grosseira, rude mesmo, por te encarar dessa forma. Você gostou e passou a fazer o mesmo. Um ano passou e nada, a gente olhava pra cara um do outro e ficava nisso. No ano seguinte, minha melhor amiga estava estudando na sua sala. Vocês fizeram amizade, e um dia ela nos apresentou. E a gente se deu bem, mas você gostava de sempre estar "por cima da carne seca". Alternava um tratamento carinhoso com uma esnobada. E eu ficava atrás, como uma idiotinha. Quanto mais você pisava, mais eu corria atrás.

Saímos com a turma pra dançar e, já que você não estava fazendo nada mesmo, resolveu ficar comigo. Você me deu meu primeiro beijo e me levou pra um canto escuro da pista, onde ficamos o resto da balada. Na segunda-feira, na escola, simplesmente me ignorou, nem oi me deu. E eu não entendia porque você estava sendo tão rude. Totalmente idiota, sem amor-próprio, eu corri atrás de você. E assim foi o tempo todo, você continuou alternando o comportamento: me esnobava, e quando percebia que eu ia tentar me afastar, voltava a me tratar bem, como namoradinha, praticamente, e eu me iludia achando que você ia mudar. Enquanto eu não me entendia, e não dava ponto final a tudo, você ficava comigo e com mais trocentas meninas e continuava com a tática do bate-assopra.

Um dia resolvi terminar de vez. E você veio com seu papo doce, sabendo do seu poder e da minha fraqueza. Fui em sua casa determinada a dizer adeus. Terminei na sua cama. Primeiro beijo, primeira transa. Aí me perdi de vez. Afundei na auto-piedade, na covardia, na dependência de você. Sucumbi ao seu poder de, com um sorriso e um beijo, me fazer ajoelhar a seus pés, aceitando todo tipo de humilhação. Uma vergonha, uma fraqueza, uma covardia da minha parte que nem Freud explica.

No final daquele ano, eu com 16 anos e você com 18, eu acabei grávida. Você não queria o filho, claro. Até fez menção de que o bebê não fosse seu. Queria que eu tirasse, mas como? Com que dinheiro pra comprar remédio? Ou em que hospital eu iria? Conhecia alguma clínica clandestina? E eu não queria, a criança não tinha culpa. Contei para os meus pais e nem posso me lembrar da tristeza e decepção que causei. Eu, que iria ser a filha a se formar na faculdade, a ter um bom padrão de vida, agora mãe aos 16. E o pai do bebê só conseguia ficar bravo com tudo. Nem uma palavra de apoio foi capaz de me dar.

Meus pais contaram aos seus pais. E sua mãe, muito religiosa, disse que você ia assumir tudo. Ambas as famílias exigiram que a gente se casasse. Fizemos uma cerimônia simples, apenas no civil, no começo de 1990, eu já com a barriga aparecendo. Não me matriculei na escola, porque não iria voltar tão cedo. Fomos morar no fundo da casa dos seus pais, um quarto-cozinha-banheiro, praticamente. A vida era um inferno. Você teve de largar os estudos também para ir trabalhar. Tivemos um menino, eu não dava conta da casa, de você e da criança, quase enlouqueci. Você não fez grande esforço para tornar a vida menos insuportável e, quando muito, dava atenção apenas ao menino.

No segundo ano de casado, você começou a voltar tarde pra casa, e eu já sabia que tinha outra na parada. Eu não podia voltar para a escola ainda. Continuamos nesse inferno por mais um ano. No terceiro ano do casamento, eu com 20 anos, você com 22 anos, a gente se separou. Fui morar com minha mãe, levei o menino comigo. Você voltou pra escola. Começou a viver como jovem: baladinha aqui, mulher ali, bebida acolá. Eu continuei de casa para o trabalho - agora trabalhava em loja, vendendo roupa - e do trabalho para casa. Consegui depois fazer o tal supletivo e concluir o segundo grau.

Você só paga a pensão do menino e quase não o vê. Ele também não sente sua falta, mas gosta muito dos seus pais. Eu evito até onde posso te encontrar. Nas poucas vezes que a gente se encontra e conversa, sempre discutimos. Quando penso em você, só sinto decepção e tristeza. Quando me olho no espelho, sempre me recrimino por ter te conhecido, por ter gostado de você, por ter deixado você me fazer de capacho, por ter arruinado minha vida.

Agora, você, com 37 anos, tem mulher e filhos de quem gosta muito, uma vida boa e estável. Quase não se lembra de mim nem do nosso filho, e quando o faz é porque sua mãe te cobra. Eu continuo com meus pais, nunca mais consegui confiar em nenhum homem, nem consegui realizar meu sonho, que era fazer faculdade. Mas tô ganhando um pouquinho melhor, na merda do serviço de telemarketing... De qualquer forma, o dinheiro vai todo pra educação do nosso filho, que estuda em um bom colégio. Quando olho para ele, só rezo para que ele não repita os mesmos erros nossos. E pra que ele seja melhor ser humano do que eu e você.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A História de Nós Dois - Versão Romântica

Te conheci na escola e não fui com a sua cara. Não gosto de menino bonito-assediado-metidinho. Te encarava muito séria, como quem diz que "a mim você não impressiona". Cheguei a ser grosseira, rude mesmo, por te encarar dessa forma. Você gostou e passou a fazer o mesmo. Um ano passou e nada, a gente olhava pra cara um do outro e ficava nisso. No ano seguinte, minha melhor amiga estava estudando na sua sala. Vocês fizeram amizade, e um dia ela nos apresentou. E a gente se deu bem. Brincadeiras do tipo dar patadinha um no outro, uma dúvida na escola pra tirar aqui, outra ali, piadas, palhaçadas, amizade boa em que eu contei para você que nunca havia namorado ninguém e você riu da minha cara. Tinha também aquele clima de paquerinha, brincadeiras de duplo sentido da minha parte, que vez ou outra te deixavam meio sem graça, mas te divertia. E eu estava caída por você.

E vieram as baladinhas, porque a gente gostava de dançar, certo? A gente se acabava de dançar na pista. Você me fez criar coragem e eu fui no escorregador da Toco, lembra? A gente caía do segundo andar no centro da pista de dança. E na lenta, você me tirou pra dançar e eu ganhei meu primeiro beijo na boca, aos 15 anos apenas, porque eu sempre fui lesada e demorei a gostar de um menino pra querer beijá-lo na boca. A música era Repetition, do Information Society. Depois a gente foi pro Paredão... rsrs era o matadouro da Toco, né? Lugar pra amassar muito. Ficamos o resto do tempo lá e só fomos embora depois das 2h da manhã. Fui dormir na casa da minha amiga, claro. Mas se minha mãe soubesse do Paredão... afe!

A gente achou melhor esconder da galera da escola que tínhamos ficado e eu não sabia muito bem se a gente ia namorar ou se ficaria naquele dia apenas. Mas, mesmo escondendo da turma na escola, você fazia questão de ficar comigo no intervalo e não tava dando mole pra outras. E se chegasse algum moço do lado, você crescia. Foi marcando território e no final de semana a gente saiu de novo, ficamos de novo e assim foi indo. Você não precisou me pedir em namoro. Um dia, marcamos de você ir na minha casa, conhecer onde eu morava e minha família. Num outro domingo, eu fui até a sua. Deixamos de esconder que estávamos juntos na escola, pra desespero das meninas. Você pensou em desistir das aulas porque tinha de se alistar ao completar 18 anos, mas eu o convenci a não largar o estudo e persistir em publicidade. Eu decidi também que faculdade queria fazer e comecei a estudar mais a sério para o vestibular.

No dia dos namorados, a gente foi pro shopping Eldorado passar o dia lá, fomos ao cinema, comemos, bebemos e foi um dia muito gostoso. Menos de um mês depois já era sua festa de 18 anos e ela foi muito legal. Eu comprei camisetas de marca para você: duas só, porque a grana era dos meus pais e era curta. Mas tinha dado uma carteira Billabong hiper legal pra você no dia dos namorados. Além das camisetas, eu decidi que com você também teria minha primeira transa e fui em médico antes para saber o que fazer, me precaver etc. Minha mãe ficou preocupada, mas acabou ajudando, me levando ao médico, porque eu estava decidida e seria melhor fazer tudo do jeito certo. A gente já tinha certa intimidade e eu estava achando cada vez mais difícil me segurar, porque você era uma delícia, né? Você também não tava lá no seu juízo perfeito. Melhor não bobear.

Minha primeira vez com você foi estranha, não me machucou, mas também não entendi muito bem o que aconteceu... rsrsrs Disfarcei, claro, porque mesmo sem entender direito, eu tinha adorado, você foi muito doce comigo. Seus pais nunca vão saber que a gente aproveitou aquele domingo de tarde que chegamos mais cedo e eles tinham saído, né? Sua cama de solteiro era apertada, óbvio, mas quem disse que eu queria espaço, né? E quando seus pais chegaram, pra gente disfarçar tudo, as nossas caras vermelhas e o ar de que aprontamos algo? Hoje acho engraçado, mas que apuro passamos, eu, em especial, menos malandra que você, que era bem mais cara de pau. E esconder a camisinha que tínhamos comprado na farmácia? Enrolar tudo em muito papel higiênico e por no lixo com outro tanto de papel em cima foi a solução.

Você escapou de ser convocado - viu como foi bom continuar a estudar? A gente terminou o colegial, prestamos vestibular, a gente brigou por ciúme, brigou porque você é teimoso, e porque eu sou teimosa, brigamos por coisas importantes e sem importância. E fizemos as pazes todas as vezes. A gente passou na faculdade, você começou a trabalhar antes de mim, eu me enrolei no cursinho e quase que a gente não se via nessa época, lembra? Mas sobrevivemos. Eu comecei a fazer estágio, você foi melhorando no emprego também. A gente estava junto desde o colegial... Casar? É, vamos casar, vamos juntar grana e casar.

Ficamos noivos, mas sem marcar data. Você já tinha seu carro, a gente já podia pagar motel e baladinhas, tudo estava indo bem, seus amigos se davam bem comigo, você se dava bem com os meus. Eu deixei de ser estagiária, comecei um trabalho que pagava bem. Você estava melhor do que eu, por ter começado mais cedo a trabalhar. Demos entrada em um apartamento no Tatuapé, o que foi um enorme sacrifício na época. Aí marcamos o casamento, afinal eu já ia pra 25 anos, você tinha recém-completado seus 27. Eram quase 10 anos já enrolando, tava na hora, né? Começamos a comprar móveis, eletrodomésticos. Tudo caro, a gente se matou pra comprar as coisas. Não tinha financiamento de 36 meses nas Casas Bahia... rsrs

Nos casamos num sábado, dia 2 de dezembro do ano 2000, para podermos emendar a lua-de-mel com nossas férias. O casamento foi na Igreja de Santa Isabel e eu entrei ao som de November Rain, do Gun´s. A saída foi com a Ave Maria, porque sua mãe adora a música e é devota de Nossa Senhora. Sinistra escolha das músicas. Meu vestido tinha um véu enorme com pingos de lágrimas, igual ao da minha prima, a Lela. E ele era igual ao do clip do Gun´s: mais curto na frente (não tanto quanto o da moça do clip, claro...) e longo atrás, com alças fininhas, quase tomara-que-caia, e branco, pra manter a tradição. Você estava lindo e não estava nervoso, aliás, você tinha aquele sorriso meio debochadinho que eu tanto gosto. Sua calma foi exemplar, já eu estava uma pilha, queria chorar e rir ao mesmo tempo. A igreja estava linda, com rosas brancas para todo lado.

A festa foi naquele buffet na Conselheiro que sempre achei chique, e nunca decorei o nome. Ao invés de valsa, dançamos a música Tema de Lara, do filme Doutor Jivago, que você nunca teve paciência para assistir inteiro... E depois mandei tocar Repetition, em memória dos velhos tempos... rsrsrs Pô, seus amigos venderam bem os pedaços de gravata, a gente pagou um monte de coisa na lua-de-mel com a grana! Minha priminha Tá pegou o buquê, que tinha uma fita azul de cetim da cor do cinturão do seu terno e da sua gravata, e da cinta-liga que eu usei como surpresinha para você. Fomos para a Itália na lua-de-mel. Veneza... que linda! E você tirando onda por causa do cheiro da água. Ai que vontade de te jogar da gôndola, pentelho! rsrs

Conseguimos mudar do pequeno apartamento no Tatuapé para um sobrado maior, na Vila Carrão, perto de onde você morava. Queríamos filhos. Tivemos um menino, que é sua cara e teimosinho como você, e tem seu nome - claro, virou Júnior. Ele nasceu em 9 de dezembro de 2005, e quase ele nasce no dia em que faríamos cinco anos de casados. Mesmo inchada e gordinha, conseguimos comemorar, hein? No ano passado, tivemos a nossa menininha, Lara (é, referência ao filme de novo), nascida em 26 de setembro. Ela é boa mistura de nós dois, não? Você é um pai babão, eu uma mãe coruja e acho que estamos estragando os pequenos. Mas tudo bem... rsrs

A gente ainda briga e ainda brinca um com o outro, o sexo é bem mais rotineiro, e aparentemente você me respeita e respeita sua família. Eu engordei depois dos filhos, mas tô fazendo um esforço na academia para recuperar a forma. Você engordou porque engordou mesmo... e tem um pouco de preguiça. Mas eu gosto de você assim, gordinho, você sabe, né? Você continua com aquele monte de cabelo e nem tem cabelo branco, que coisa! Trabalhamos muito, vivemos cansados, mas conseguimos unir a família todo dia na hora da janta e conseguimos conversar. Vez ou outra a gente manda os pequenos pros avós e ficamos em casa sozinhos, para jantar a luz de vela, tomar banho juntos, ver TV, e fazer o que a gente fazia quando estávamos na escola, eu com 16 anos, você com 18. É, a vida é boa, muito boa. Rezo para que continuemos assim...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Hunting High and Low

E você me disse adeus do seu jeito, foi embora... e eu permaneci aqui, te perseguindo, ainda faminta por você, me vendo a cada dia mais quebrada... quebrada em mil pedaços... Pra você!


Vídeo em: http://www.youtube.com/watch?v=MwSL_eTYScs

Letra:

Here I am
And within the reach of my hands
She sounds asleep and she's sweeter now
Than the wildest dream could have seen her
And I watch her slipping away
But I know

I'll be hunting high and low
High
There's no end to the lengths
I'll go to hunting high and low
High
There's no end to lengths I'll go

To find her again
Upon this my dreams are depending
Through the dark
I sense the pounding of her heart next to mine
She's the sweetest love I could find
So I guess

I'll be hunting high and low
High
There's no end to the lengths
I'll go to high and Low
High
Do you know what it means to love you?

I'm hunting high and low
And now she's telling me she's got to go away
I'll always be hunting high and low
Hungry for you
Watch me tearing myself to pieces
Hunting high and low

High
There's no end to the lengths I'll go to
Oh, for you I'll be hunting high and low

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Curiosidades

Eu não me canso de olhar para você... Fico pensando como você era. Quais eram sua cor e comida prediletas? E a música de que você mais gostava? Você dançava bem? E gostava de fazer isso? Como foi seu primeiro beijo? Quem foi sua primeira namoradinha? E sua primeira noite? Você bebia álcool ou só ficava no refrigerante e suco? Você gostava mais de loiras, não é? Você tinha irmãos? Sua mãe o mimava muito? Se dava bem com seu pai? Você ficava muito doente quando criança? Era respondão, brigão? Era muuuuito teimoso? Como foi que virou escoteiro? E o que fazia como escoteiro? Em que escolas você estudou? Como foi parar na nossa escola? Você chegou a se alistar ou não deu tempo? Você dirigia bem? Como era seu quarto? Você gostava de esportes? Qual foi sua melhor festa de aniversário? Qual o brinquedo de que mais gostou? Você era carinhoso mesmo? Quem era seu melhor amigo? Você tinha primos, gostava deles? Era batizado? Quem era sua madrinha e seu padrinho? Você brincava de que com seus colegas? Gostava de ficar na rua quando moleque? Você foi um bebê fofinho? E ficou feio quando começou a perder os dentes? Deu muito trabalho para os seus pais? Sua mãe sofreu muito no seu parto? Gostava de praia? Em que praia você ia? E sorvete, você gostava de sorvete? E de chocolate? E de pizza? E qual o filme que mais gostava? Detestava ler, não é? Você tinha ídolos? Qual a sua roupa predileta? E calçado? Gostava de boné? E que carro você queria muito ter pra você? Você queria se casar e ter filhos? Que profissão você gostaria de ter exercido? O que sua família fazia? Sua festa de aniversário de 18 anos foi legal, você se divertiu? E de quem era aquela maldita moto?