Te conheci na escola e não fui com a sua cara. Não gosto de menino bonito-assediado-metidinho. Te encarava muito séria, como quem diz que "a mim você não impressiona". Cheguei a ser grosseira, rude mesmo, por te encarar dessa forma. Você gostou e passou a fazer o mesmo. Um ano passou e nada, a gente olhava pra cara um do outro e ficava nisso. No ano seguinte, minha melhor amiga estava estudando na sua sala. Vocês fizeram amizade, e um dia ela nos apresentou. E a gente se deu bem. Brincadeiras do tipo dar patadinha um no outro, uma dúvida na escola pra tirar aqui, outra ali, piadas, palhaçadas, amizade boa em que eu contei para você que nunca havia namorado ninguém e você riu da minha cara. Tinha também aquele clima de paquerinha, brincadeiras de duplo sentido da minha parte, que vez ou outra te deixavam meio sem graça, mas te divertia. E eu estava caída por você.
E vieram as baladinhas, porque a gente gostava de dançar, certo? A gente se acabava de dançar na pista. Você me fez criar coragem e eu fui no escorregador da Toco, lembra? A gente caía do segundo andar no centro da pista de dança. E na lenta, você me tirou pra dançar e eu ganhei meu primeiro beijo na boca, aos 15 anos apenas, porque eu sempre fui lesada e demorei a gostar de um menino pra querer beijá-lo na boca. A música era Repetition, do Information Society. Depois a gente foi pro Paredão... rsrs era o matadouro da Toco, né? Lugar pra amassar muito. Ficamos o resto do tempo lá e só fomos embora depois das 2h da manhã. Fui dormir na casa da minha amiga, claro. Mas se minha mãe soubesse do Paredão... afe!
A gente achou melhor esconder da galera da escola que tínhamos ficado e eu não sabia muito bem se a gente ia namorar ou se ficaria naquele dia apenas. Mas, mesmo escondendo da turma na escola, você fazia questão de ficar comigo no intervalo e não tava dando mole pra outras. E se chegasse algum moço do lado, você crescia. Foi marcando território e no final de semana a gente saiu de novo, ficamos de novo e assim foi indo. Você não precisou me pedir em namoro. Um dia, marcamos de você ir na minha casa, conhecer onde eu morava e minha família. Num outro domingo, eu fui até a sua. Deixamos de esconder que estávamos juntos na escola, pra desespero das meninas. Você pensou em desistir das aulas porque tinha de se alistar ao completar 18 anos, mas eu o convenci a não largar o estudo e persistir em publicidade. Eu decidi também que faculdade queria fazer e comecei a estudar mais a sério para o vestibular.
No dia dos namorados, a gente foi pro shopping Eldorado passar o dia lá, fomos ao cinema, comemos, bebemos e foi um dia muito gostoso. Menos de um mês depois já era sua festa de 18 anos e ela foi muito legal. Eu comprei camisetas de marca para você: duas só, porque a grana era dos meus pais e era curta. Mas tinha dado uma carteira Billabong hiper legal pra você no dia dos namorados. Além das camisetas, eu decidi que com você também teria minha primeira transa e fui em médico antes para saber o que fazer, me precaver etc. Minha mãe ficou preocupada, mas acabou ajudando, me levando ao médico, porque eu estava decidida e seria melhor fazer tudo do jeito certo. A gente já tinha certa intimidade e eu estava achando cada vez mais difícil me segurar, porque você era uma delícia, né? Você também não tava lá no seu juízo perfeito. Melhor não bobear.
Minha primeira vez com você foi estranha, não me machucou, mas também não entendi muito bem o que aconteceu... rsrsrs Disfarcei, claro, porque mesmo sem entender direito, eu tinha adorado, você foi muito doce comigo. Seus pais nunca vão saber que a gente aproveitou aquele domingo de tarde que chegamos mais cedo e eles tinham saído, né? Sua cama de solteiro era apertada, óbvio, mas quem disse que eu queria espaço, né? E quando seus pais chegaram, pra gente disfarçar tudo, as nossas caras vermelhas e o ar de que aprontamos algo? Hoje acho engraçado, mas que apuro passamos, eu, em especial, menos malandra que você, que era bem mais cara de pau. E esconder a camisinha que tínhamos comprado na farmácia? Enrolar tudo em muito papel higiênico e por no lixo com outro tanto de papel em cima foi a solução.
Você escapou de ser convocado - viu como foi bom continuar a estudar? A gente terminou o colegial, prestamos vestibular, a gente brigou por ciúme, brigou porque você é teimoso, e porque eu sou teimosa, brigamos por coisas importantes e sem importância. E fizemos as pazes todas as vezes. A gente passou na faculdade, você começou a trabalhar antes de mim, eu me enrolei no cursinho e quase que a gente não se via nessa época, lembra? Mas sobrevivemos. Eu comecei a fazer estágio, você foi melhorando no emprego também. A gente estava junto desde o colegial... Casar? É, vamos casar, vamos juntar grana e casar.
Ficamos noivos, mas sem marcar data. Você já tinha seu carro, a gente já podia pagar motel e baladinhas, tudo estava indo bem, seus amigos se davam bem comigo, você se dava bem com os meus. Eu deixei de ser estagiária, comecei um trabalho que pagava bem. Você estava melhor do que eu, por ter começado mais cedo a trabalhar. Demos entrada em um apartamento no Tatuapé, o que foi um enorme sacrifício na época. Aí marcamos o casamento, afinal eu já ia pra 25 anos, você tinha recém-completado seus 27. Eram quase 10 anos já enrolando, tava na hora, né? Começamos a comprar móveis, eletrodomésticos. Tudo caro, a gente se matou pra comprar as coisas. Não tinha financiamento de 36 meses nas Casas Bahia... rsrs
Nos casamos num sábado, dia 2 de dezembro do ano 2000, para podermos emendar a lua-de-mel com nossas férias. O casamento foi na Igreja de Santa Isabel e eu entrei ao som de November Rain, do Gun´s. A saída foi com a Ave Maria, porque sua mãe adora a música e é devota de Nossa Senhora. Sinistra escolha das músicas. Meu vestido tinha um véu enorme com pingos de lágrimas, igual ao da minha prima, a Lela. E ele era igual ao do clip do Gun´s: mais curto na frente (não tanto quanto o da moça do clip, claro...) e longo atrás, com alças fininhas, quase tomara-que-caia, e branco, pra manter a tradição. Você estava lindo e não estava nervoso, aliás, você tinha aquele sorriso meio debochadinho que eu tanto gosto. Sua calma foi exemplar, já eu estava uma pilha, queria chorar e rir ao mesmo tempo. A igreja estava linda, com rosas brancas para todo lado.
A festa foi naquele buffet na Conselheiro que sempre achei chique, e nunca decorei o nome. Ao invés de valsa, dançamos a música Tema de Lara, do filme Doutor Jivago, que você nunca teve paciência para assistir inteiro... E depois mandei tocar Repetition, em memória dos velhos tempos... rsrsrs Pô, seus amigos venderam bem os pedaços de gravata, a gente pagou um monte de coisa na lua-de-mel com a grana! Minha priminha Tá pegou o buquê, que tinha uma fita azul de cetim da cor do cinturão do seu terno e da sua gravata, e da cinta-liga que eu usei como surpresinha para você. Fomos para a Itália na lua-de-mel. Veneza... que linda! E você tirando onda por causa do cheiro da água. Ai que vontade de te jogar da gôndola, pentelho! rsrs
Conseguimos mudar do pequeno apartamento no Tatuapé para um sobrado maior, na Vila Carrão, perto de onde você morava. Queríamos filhos. Tivemos um menino, que é sua cara e teimosinho como você, e tem seu nome - claro, virou Júnior. Ele nasceu em 9 de dezembro de 2005, e quase ele nasce no dia em que faríamos cinco anos de casados. Mesmo inchada e gordinha, conseguimos comemorar, hein? No ano passado, tivemos a nossa menininha, Lara (é, referência ao filme de novo), nascida em 26 de setembro. Ela é boa mistura de nós dois, não? Você é um pai babão, eu uma mãe coruja e acho que estamos estragando os pequenos. Mas tudo bem... rsrs
A gente ainda briga e ainda brinca um com o outro, o sexo é bem mais rotineiro, e aparentemente você me respeita e respeita sua família. Eu engordei depois dos filhos, mas tô fazendo um esforço na academia para recuperar a forma. Você engordou porque engordou mesmo... e tem um pouco de preguiça. Mas eu gosto de você assim, gordinho, você sabe, né? Você continua com aquele monte de cabelo e nem tem cabelo branco, que coisa! Trabalhamos muito, vivemos cansados, mas conseguimos unir a família todo dia na hora da janta e conseguimos conversar. Vez ou outra a gente manda os pequenos pros avós e ficamos em casa sozinhos, para jantar a luz de vela, tomar banho juntos, ver TV, e fazer o que a gente fazia quando estávamos na escola, eu com 16 anos, você com 18. É, a vida é boa, muito boa. Rezo para que continuemos assim...
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
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