Não dá mesmo pra ter fé nesse País. Aqui, crescemos 5% ao ano, achamos isso o máximo, ainda esperando o bolo crescer para reparti-lo, como se isso fosse algo realmente possível depois de 500 anos e tralalá de existência. Mas tudo bem, "nunca antes nesse país" fomos tão bem, apesar de termos um Rio de Janeiro apovorado com a dengue, uma crise nacional envolvendo a febre amarela... E no Maranhão, acreditem, temos, em pleno século XXI, casos de beribéri, doença provocada por um fundo que inibe absorção da vitamina B1 e pode causar problema cardíaco. Todas doenças tropicais, todas doenças de gente pobre, todas doenças de país que não cuida do seu povo.
O mais lamentável é que doenças que já deveriam ter sido erradicadas há séculos estão ainda assustando pessoas que moram em capitais. Não, não estou falando de uma cidadezinha no interior do Sergipe, daquelas que, se você passar em quinta marcha, atravessa a cidade e não a vê. Estou falando da capital do Rio de Janeiro, da porta de entrada de boa parte dos turistas que vêm ao Brasil, da antiga capital brasileira, de uma das maiores cidades do País.
E para piorar mais o quadro, os nossos amigos políticos, pessoas conscientes que são, dotados de inteligência ímpar, agora empurram para saber de quem é a culpa. Na Globo hoje cedo, lembraram que, primeiro, o presidente Lula havia dito que o mosquito da dengue era federal. Agora, os seus ministros estadualizaram o mosquito. E o Estado do Rio municipalizou o mosquito. E o município individualizou o mosquito.
No fim, ninguém tem razão, porque, na verdade, a culpa é de todos, governo federal, estadual e muncipais, e também dos cidadãos, que além de não saber votar, ficam achando que Deus protege a casa deles e que, na falta Dele, o Estado Pai o fará. A culpa vai do senhor Lula, que só falou e pouco fez, tanto que o SUS está aquela porcaria e não atende a demanda, ao morador da favela que não levou a sério os 20 mil anúncios que passam na propaganda da novela das 21h ou no Big Brother Brasil sobre não deixar água limpa em pneus, vasos, garrafas etc e que ele solenemente ignorou porque estava usando o celular pré-pago para votar em algum imbecil que estava no paredão da semana.
As "otoridades" também ficam discutindo se 50 mortes (algumas são suspeita de morte por dengue, não se sabe o número certo) é epidemia. E eu me pergunto: qual importância tem se morre uma pessoa ou 1.000 ou 1 milhão? Devemos agir assim que começam os primeiros casos, para não virar epidemia, não é isso que diz a lógica em saúde pública?
Enquanto os inteligentes discutem, as pessoas se desesperam nos postos médicos. E o governador do Rio vai inagurar um centro de hidratação. Achando que isso refresca alguma coisa. Deviam ter jogado uma torta na cara dele, que deixou de cumprir com suas obrigações e agora acha que merece aplauso por estar agindo. Tivesse agido antes, e não ia precisar ter centro de hidratação emergencial no seu Estado.
Mas tudo bem: o mais importante é que crescemos 5% e que a Andréia Schwartz, a prostituta que se envolveu no escândalo que derrubou o governador de Nova York Eliot Spitzer, voltou ao País e tinha trocentos mil jornalistas lá para entrevistá-la. Dizem que a Record pagou pela volta dela, na classe executiva, em troca de uma exclusiva. Dizem que ela só quer dar entrevista para quem pagar por isso. Dizem que ela ajudou nas investigações que derrubou o governador, mas não se sabe bem como.
Pelo que entendi até agora, estão dando importância demais para ela e de menos para o fato de que o governador de NY caiu não porque seu Estado registrou mortes de dengue, ou casos de febre amarela, mas por muito menos que isso, porque pagava por sexo. E contradizia seu próprio discurso. Mas imagine se a imprensa vai falar de coisa tão pouco importante como a seriedade dos políticos e as cobranças sociais. Porque o que dá ibope é saber se a tal cafetina brasileira dormiu com o governador de NY, se ele é bom na horizontal e que outras "otoridades" gringas a mulher faturou.
Por que ela estava presa há quase dois anos e só agora pegaram o governador? Por que não falaram de seus outros clientes, já que ela diz que atendia muita gente? Isso ninguém quer saber. Mas aposto que ela vai receber um convite bem recheado de dinheiro para posar nua para a Playboy. E que muita gente vai comprar a revista. E que no ano que vem ela se candidata a entrar na casa do BBB. E isso vai dar um tremendo ibope.
Pobre Brasil. Sou obrigada a concordar que cada povo tem o governo que merece. O Brasil é que não merece esse povinho. Nem esse governo.
terça-feira, 25 de março de 2008
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Um comentário:
não daria pra esperar outra coisa de uma prostituta. se ela vende o corpo obviamente nao daria entrevista de graça. o pior é algum veículo pagar. isso sim eu chamo de prostituição.
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