Sexta, dia 14 de março, estava eu esperando ônibus na Teodoro Sampaio, em direção ao Unibanco-Unibosta, para finalmente, depois de seis anos, quitar a minha casa. Me livrar da dívida, dizer que agora a casa é minha e poder vendê-la porque não agüento mais morar em condomínio. No ponto, pára um senhor, acompanhado de uma cachorra dálmata tão educada, mas tão educada, mas tão educada, que quase a pedi emprestada para dar aula de boas maneiras para aqueles pulhas dos meus vizinhos e de suas crianças igualmente insuportáveis e sem modos ou respeito pelo espaço e direito do próximo.
"Eu ia fazer alguma coisa, mas esqueci o que era", diz o dono da cachorra, para mim. Assim, do nada. Eu só ri. "Eu saí, ia para o veterinário, mas agora não sei o que era. Banho ela já tomou. Vacina ela já tomou. Acho que ia perguntar alguma coisa. A idade é fogo. Bem, uma hora eu lembro!", completou o senhor. Me identifiquei com ele, porque também sou assim, desmemoriada. O camarada era muito gentil e muito educado.
Nisso, uma moça japonesa que também tem dálmata parou para brincar com a cachorra. E todo mundo, praticamente, parava para ver a bichinha. Linda, linda, e toda educada, andava sem coleira e não botou o pé, ou melhor, a pata na rua em nenhum momento. Não avançou em ninguém, não latiu para ninguém, só olhava as pessoas. Atende ordem em italiano, português, francês... Pode mandar a danada sentar em várias línguas que ela entende. E entende também por gestos, me explicou o dono, contando que ficou mudo esses dias por uma crise de laringite e só falou com a cachorra por gestos no período em que esteve doente.
Perguntei quantos anos tem a Mel. O dono respondeu: "na idade dela ou na nossa?" Eu, "na dela". "Ela tem 7,5 anos". Mas a danadinha tem cara de menininha, de um filhotão super-desenvolvido. Depois de ver o sucesso dela no calçadão da Teodoro, ele comentou: " A Mel é mais conhecida em Pinheiros do que nota de R$ 1,00". E deve ser mesmo, algumas pessoas pararam para cumprimentá-la pelo nome e tudo. Era uma pessoa de quatro patas ali na calçada, praticamente.
Ao se despedir, o dono da Mel pergunta para mim. "Qual sua graça?" Digo meu nome, desejo a ele bom final de semana e ele beija a minha mão ao se despedir. Faz o mesmo com a outra moça que estava ali, conversando. Pergunto para ele seu nome. "Eu sou o Marcos." E segue Teodoro abaixo com sua Mel, sem lembrar o que ia fazer no veterinário. Enquanto isso, eu pensava: todo cachorro deve ser mesmo reflexo do seu dono... rsrsrs Espero que os imbecis dos meus vizinhos nunca tenham cachorro, imagine que bicho mais mal educado sairia da casa deles...
quarta-feira, 19 de março de 2008
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