quarta-feira, 19 de março de 2008

Marcos e sua Mel

Sexta, dia 14 de março, estava eu esperando ônibus na Teodoro Sampaio, em direção ao Unibanco-Unibosta, para finalmente, depois de seis anos, quitar a minha casa. Me livrar da dívida, dizer que agora a casa é minha e poder vendê-la porque não agüento mais morar em condomínio. No ponto, pára um senhor, acompanhado de uma cachorra dálmata tão educada, mas tão educada, mas tão educada, que quase a pedi emprestada para dar aula de boas maneiras para aqueles pulhas dos meus vizinhos e de suas crianças igualmente insuportáveis e sem modos ou respeito pelo espaço e direito do próximo.

"Eu ia fazer alguma coisa, mas esqueci o que era", diz o dono da cachorra, para mim. Assim, do nada. Eu só ri. "Eu saí, ia para o veterinário, mas agora não sei o que era. Banho ela já tomou. Vacina ela já tomou. Acho que ia perguntar alguma coisa. A idade é fogo. Bem, uma hora eu lembro!", completou o senhor. Me identifiquei com ele, porque também sou assim, desmemoriada. O camarada era muito gentil e muito educado.

Nisso, uma moça japonesa que também tem dálmata parou para brincar com a cachorra. E todo mundo, praticamente, parava para ver a bichinha. Linda, linda, e toda educada, andava sem coleira e não botou o pé, ou melhor, a pata na rua em nenhum momento. Não avançou em ninguém, não latiu para ninguém, só olhava as pessoas. Atende ordem em italiano, português, francês... Pode mandar a danada sentar em várias línguas que ela entende. E entende também por gestos, me explicou o dono, contando que ficou mudo esses dias por uma crise de laringite e só falou com a cachorra por gestos no período em que esteve doente.

Perguntei quantos anos tem a Mel. O dono respondeu: "na idade dela ou na nossa?" Eu, "na dela". "Ela tem 7,5 anos". Mas a danadinha tem cara de menininha, de um filhotão super-desenvolvido. Depois de ver o sucesso dela no calçadão da Teodoro, ele comentou: " A Mel é mais conhecida em Pinheiros do que nota de R$ 1,00". E deve ser mesmo, algumas pessoas pararam para cumprimentá-la pelo nome e tudo. Era uma pessoa de quatro patas ali na calçada, praticamente.

Ao se despedir, o dono da Mel pergunta para mim. "Qual sua graça?" Digo meu nome, desejo a ele bom final de semana e ele beija a minha mão ao se despedir. Faz o mesmo com a outra moça que estava ali, conversando. Pergunto para ele seu nome. "Eu sou o Marcos." E segue Teodoro abaixo com sua Mel, sem lembrar o que ia fazer no veterinário. Enquanto isso, eu pensava: todo cachorro deve ser mesmo reflexo do seu dono... rsrsrs Espero que os imbecis dos meus vizinhos nunca tenham cachorro, imagine que bicho mais mal educado sairia da casa deles...

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