Quando criança, eu adorava brincar com imãs. Gostava de colocá-los à distância e soltar para que grudassem. Gostava de colocar dois imãs virados um para o outro, mas no mesmo polo, para vê-los se repelir. Gostava de jogar preguinhos, porcas e parafusos na mesa e passar o imã para grudar. De brincar com limalha de ferro e fazer desenhos com ela, usando o imã por baixo da mesa. De "fazer mágica", colocando uma moeda em cima da mesa e passando o imã por baixo, de forma a parecer que a moeda andava sozinha. A força de atração e repulsão do imã sempre foi uma coisa legal pra mim, o que não valeu para a Física como um todo. Eu não entendo quase nada dessa área do conhecimento e passei em vestibular graças ao "decoreba" mesmo.
Mas ontem, eu tive um momento eureka em relação ao eletromagnetismo, um dos assuntos da Física. A revelação. Ontem, entendi de verdade o que é essa força, porque ontem, eu fui um imã. Juro! Eu fui um imã que encontrou outro imã e esse imã estava brincando comigo, testando ora a atração, ora a repulsão. Primeiro, ele se aproximou muito, mas sem encostar, e eu me senti pequena e parecia estar derretendo, enquanto ele parecia ter crescido muitos metros e seu tórax parecia ter ficado muito mais largo. Depois, assim de pertinho, manteve um olhar fixo nos meus, em meio a fumaça de arguile. Eu quase podia sentir a onda eletromagnética, igual aquelas cenas de desenho animado do Pica-Pau atraindo ferraduras com imãs, com as ondinhas me puxando para ele. Isso do olhar ocorre vez ou outra quando estamos longe um do outro, mas de perto, é muito forte, dá tanto medo que causa paralisia.
Foi impossível parar de olhar para aqueles olhos verdes, tão brilhantes que parecia água. Uma expressão séria no rosto, mas um olhar que me engoliu. Me arrastava em direção a ele, como se ele fosse um imã e eu também. Hipnótico mesmo. Que me "grudou" a ele durante menos de um minuto, como se a gente tivesse realmente se abraçado, apesar dele não ter sequer pegado na minha mão. Foi uma competição para ver quem sustentava mais tempo o olhar fixo nos olhos do outro.
Se até aqui você acha que está lendo algo estilo Sabrina-Júlia-Bianca, romance água com açúcar, duas pessoas apaixonadas perdidamente uma pela outra, esqueça. Não se trata de amor, nem de paixão, nem de paquera, nem de amizade, nem de sexo, nem de atração. Aliás, há atração e sexo, mas isso são elementos de um jogo. Não, não é um jogo de amor. É uma competição entre um homem que alimenta sua auto-estima, seu ego, pelo sexo, por conseguir mulheres com quem possa dormir. E de uma mulher que é muito garota, pois imatura, e que, apesar de obviamente querer ceder, luta contra si e contra ele e seu poder de arrastá-la para esse jogo e de vencê-lo.
Ela age por orgulho e sentimento de superioridade, porque quer dizer para si e para outros que ela não cai no papo de qualquer um, mesmo que esse qualquer um seja uma pessoa irresistível como ele. E ele não quer realmente chegar às vias de fato. Ele quer apenas saber que pode tê-la, se quiser, quer apenas dizer ao próprio ego que ele pode ter todas, inclusive aquela que parece não ligar para ele, que o maltrata, que o ignora, que não cai no seu colo nem diz "sim, senhor" pra tudo o que ele fala. A conquista tem sabor pelo ato de conquistar, e só. Depois de conseguido o objetivo, o jogo perde a graça e parte-se para outra.
Por não querer nada, de fato, além da confirmação de saber que se quiser, poderá conseguir, ele também usa a força de repulsão. É a forma de medir seu poder. Porque assim ele pode dizer ao próprio ego que ele é tão irresistível que eu não resisto a ele, não importa o quão inapropriado seja seu comportamento. E eu o provoco para que ele faça uso da face de repulsão desse imã, levando-o a se comportar da forma rotineiramente inapropriada com a qual ele brinda as mulheres com quem fica. Dessa forma, eu também me lembro de quem ele é e me mantenho afastada dele. Então, como uma bióloga fazendo teste de laboratório, eu resolvi quebrar aquela atração magnética dos olhares. Pedi pra fumar o arguile, ele fez menção de passá-lo para mim e eu pedi para ele continuar a segurar a mangueira do arguile. Já esperando uma brincadeira maliciosa da parte dele, ou seja, o uso da força de repulsão, porque ele é uma cobaia bastante previsível. E ela não tardou:
Ele - "Você gosta que eu segure enquanto você faz isso?" (Eu estava apenas fumando arguile...)
Eu - (sorriso) "Você gosta de segurar enquanto eu faço isso?"
Ele - "Gosto."
Eu - "É, você tem carinha mesmo de quem gosta..."
Ele se sentou, eu me sentei, e depois de um tempinho, fui pegar na mão dele para pedir de novo para fumar o arguile. E ele ameaçou abrir o zíper da calça, numa alusão sobre o que ele queria, aumentando a carga da força de repulsão, me lembrando claramente de quem ele é, de fato. Não o moço que fica olhando séria e fixamente para você, como um apaixonado bobão, mas um cafajeste como muitos outros por aí, amante da baixaria e vulgaridade. Em resposta ao gesto de abaixar o zíper, fiz com a mão o gesto bonito de "vai tomar no...", mas peguei a mão dele para fumar o arguile e fumei, enquanto ele, um amigo e eu ríamos da palhaçada dele. E as coisas morreram aí, como sempre acontece. Ele sabendo que, se quiser, consegue. E eu xingando o moço ou mandando-o para lugares inapropriados.
O que me intriga é realmente ele não completar o jogo. Queria que Santo Freud ou outra alma iluminada qualquer me explicasse o que faz ele satisfazer seu ego apenas ficando na possibilidade de conseguir algo quando quiser. Seria a sensação do "eu posso"? Porque para esse tipo de homem, o que conta são os números, quantas ele conseguiu levar para a cama. E na minha situação, não é essa a conta que ele faz, porque ele não vai sair desse jogo de olhares e uma ou outra gentileza para atrair e palhaçadas para afastar. Por que comigo é diferente? Será que sou feia demais? Burra ou inteligente demais? Certinha demais? Ou ele acha que vou pegar no pé dele, se ficar comigo?
Cheguei a achar que ele não me achava interessante, mas ele deixou bem claro para um amigo nosso comum que ele tinha muita curiosidade a meu respeito. Meu amigo disse que ele estava interessado, e que especulou para saber se esse meu amigo já tinha ficado comigo ou era só amizade mesmo. Uma vez, ele me viu ficando com um cara e disse que estava com ciúmes. Eu dei risada, e ele ficou de cara mais feia ainda, dizendo que não estava brincando, que falava sério. Mas eu não acreditei, apesar de gostar da idéia. Depois, ele quis saber se eu tava firme com o cara, se tinha rolado sexo e se foi bom. Disse que não estava namorando, rolou sexo e foi legal. Ele encerrou o assunto, com um "se foi bom, é o que interessa". Nunca entendi muito essa nossa conversa sobre o cara com quem eu fiquei...
Outra vez, eu disse que eu não era o tipo dele, porque não era loira. Ele falou que gostava mais de morenas e começou a me contar sobre todas as moças da festa com quem ficou, pra mostrar que havia ficado mais com morenas. E dizia quais foram boas de cama, mais ou menos, e fracas. Papo altamente canalha, de homem altamente canalha. Mas não me espantei. Ele tem uma coisa importante: é autêntico. Qualquer pessoa sabe que ele é assim, fica com ele então porque quer, gosta dele porque quer.
Também já pensei e ouvi a teoria de que ele tem medo de gostar de mim, de se envolver. Mas além de ser algo meio romântico demais pra um canalha, não orna porque ele parece ser do tipo que não gosta de ninguém, a não ser dele mesmo, da família e de alguns amigos do peito. O perfil dele não é esse de ter medo de mulher. Mais de 50 anos, solteiro, sem filhos, rico, e com uma agenda de telefones lotada de nomes de mulher. Ele tem tantas na agenda que se quisesse podia tomar café com uma, almoçar com outra, tomar café da tarde com outra e jantar com outra, diariamente. E demoraria para repetir as mulheres. Ele gosta de mulheres mais ricas e produzidas, de preferências nos 20 anos, cara de modelo ou de puta, de preferência voadinhas e com papo superficial. Eu sou pobre, 3.4, tipo comum e metida a intelectual... Nada a ver.
É, é um quebra-cabeça esse. Adoro quebra-cabeças, mas será que esse eu consigo montar?
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
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3 comentários:
Faz tempo que eu nao te escrevo, mas te dou minha opiniao.
Eu tive um relacionamento assim durante uns 2 anos. Era um jogo. Eu e minha luta anterior, de como falar nao pro cara.
O jogo acabou qdo eu decidi tocar minha vida. Sai do jogo. Me dei por vencida (aparentemente). E como eu tinha cansado, claro, ele quis recuperar.
Eu nao fazia caso. Percebi que o fato de jogar a toalha me fazia mais forte.
E entao, decidi que nao era isso que eu queria para a minha vida.
Tivemos um ultimo encontro. Mas como nunca dava em nada mesmo, nem me iludi. Creio que foi o pto final. Creio que era o eu precisava (mais que ele).
Hj sou casada e meu marido e o homem da minha vida.
O amor vai alem disso, posso te garantir.
Te faz chegar onde jamais vc conseguiria chegar sozinha.
E um sentimento que se constroi dia a dia, juntos.
Ser amada pela pessoa que vc ama, e a melhor coisa que te pode acontecer na vida.
O resto perde o significado.
Torco para que um dia vc consiga superar essa relacao e que td isso que vc esta vivendo, te faca mais sabia e mais forte.
E isso que tiramos dessas perdas.
Saimos ganhando, pode ter certeza.
Fique com Deus.
Bssssssssssssss,
Fe
esse homem é pornográfico mesmo. a pergunta que ele fez foi muito pilantra. tarado!
Fran, ele reconhece que "pensa com a cabeça de baixo" quase que 100% do tempo... rsrsrs E chamá-lo de tarado é um grande elogio, ele adora. kakakaka Beijos!
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