terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Lé com cré

Meu professor de Política de Ensino, Poeb, o professor I-Juca Pirama, cara do Dinho do Mamonas e provavelmente o professor mais gatinho com quem tive aula na USP (eu amo o Bittar, mas dizem que ele joga em outro campo... rsrs), costuma usar isso na aula: "quem liga lé com cré..." Eu gostaria muito de ressuscitar em 2070 para ver como os historiadores, sociólogos, economistas, geógrafos etc vão "juntar lé com cré" para explicar os nossos tempos de crise.

Definitivamente, há alguma ligação entre eleição de um conservador Bush para substituir um menos conservador Clinton (quase sempre o estadudinense é, por natureza, conservador; há os mais conservadores, a la Bush, totalmente à direita, e os menos, como la Clinton, a esquerda da direita). Seguido do atentado terrorista de 2001 nos EUA, guerra de Iraque, endurecimento dos conflitos no Oriente Médio, crescimento de Índia, China e outros países que tornaram o mundo multipolar e não mais o bipolar socialismo-capitalismo. Temos a ascensão de Lulas, Chaves e afins, governos à esquerda, em países subdesenvolvidos. Temos um breve período de crescimento, crise de petróleo, discussões sobre aquecimento global e energia alternativa, e, agora, uma crise econômica comparada ao Crash da Bolsa em 29 e aos tempos da Segunda Guerra Mundial.

Mas, pessoa medíocre que sou (medíocre no sentido de estar na média), eu não consigo ligar "lé com cré", como diz o professor Juca. É um processo, eu entendo que tudo se liga. Mas não consigo formular a ligação. Queria ser um gênio, mas é sempre assim. Eu percebo vagamento que existe alguma coisa diferente, mas não consigo formular o que é. Estou quase lá, mas nunca chego. Sabe aquela sensação de quando você quer lembrar uma palavra, e ela está na ponta da língua, mas a maldita não vem à boca? Eu vivo assim.

Eu quase consigo ter essa capacidade dos gênios de ver à frente do seu tempo, ou de formular pensamentos complexos que ligam "lé com cré", o que cientificamente é conhecido por síntese, mas esses pensamentos estruturados nunca se formulam com conexão e sentido. Ficam mais como uma sensação. Aí eu preciso de alguém iluminado para fazer as conexões e poder entender aquele pensamento que se desenhou vagamente na minha cabeça, mas não se completou. Isso é muito, muito frustrante, essa sensação de você quase ter uma habilidade de gênio, mas não ter. Ficou desenvolvida pela metade. Como se eu soubesse fazer diagnóstico, mas não soubesse a cura para nada. Será que se eu ler e estudar mais, eu chego lá, eu ligo "lé com cré"?

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