segunda-feira, 7 de abril de 2008

Um friozinho que nada tem a ver com o outono

Confirmado. O moço que me encarou na esquina, de olhar muito bravo, é mesmo quem eu achava que era. Ele tem sistematicamente feito isso, me encarado e olhado feio. Tá ficando divertido. Pode ser paquera? Pode. Mas eu sou uma pessoa de auto-estima no pé. Prefiro achar que ele invocou mesmo comigo. Imagina, eu, eu... eu, desse jeito... e aquele moço lindão? Não dá. Ele deve ter trocentas mulheres no pé. Prefiro manter a visão bem pessimista, dizendo pra mim mesma: não enbarque nessa, não embarque nessa. OK, ok, admito, ao fim deste texto, vocês me chamarão de hipócrita, com razão. Eu tenho de confessar, não estou sendo muito convincente nos meus diálogos internos! rsrs

Com esse moço, relembrei aquelas coisinhas adolescentes que acontecem com a gente quando aparece aquele ser que nos interessa, independente de termos 15, 35, 65 ou 95 anos. Primeiro, aquele pulo que dá o coração ao ver o digníssimo. O pulo é maior se isso ocorre numa hora em que eu não estava esperando. Os olhos brilham horrores! O rosto fica branco, rosa, branco de novo, rosa... O coração, que primeiro parecia que ia parar, acelera igual o Ayrton na volta da pole position... A respiração acompanha: primeiro pára, a seguir acelera. Depois, eu suspiro e penso: nossa, que lindo ele está hoje com aquela blusa moletom azul e vermelha. E passo a mão no cabelo, na roupa, pra não aparecer feia na foto.

Aí não sei se encaro ou baixo a vista. Na dúvida, faço os dois. Mas acabo é encarando mais do que sendo tímida e o coração gela de medo quando o moço faz a mesma coisa. Aí tenho de segurar para não sorrir abertamente. De medo, de nervoso e de alegria. Vem aquela empolgação, aquele sentimento de que aquele momento será relembrado por vários e vários dias com um sorriso no rosto e os olhos fitando o infinito, aquela expressão abobalhada que acomete todo ser apaixonadinho. Eu invariavelmente sinto que adoto uma expressão de quem está se divertindo, nem consigo disfarçar. E ele continua com uma cara muito brava... não tem jeito de amolecer aquele policial não.

Ai ai, mais um que será como um rio que passou em minha vida, algo que é uma grande empolgação e a fim não vira nada, claro. Santa covardia, Batman! Não sei porque não posso dizer um simples oi. Qual a dificuldade? E qual o problema se ele não estiver interessado? Qual o problema se ele não responder, oras? Vou morrer por causa disso? Não. Mas na hora H, nada. Não sai nada. Fico só olhando o rapaz ir embora, certamente pra encontrar a namorada.

Esse fim de semana foi legal, a despeito da minha covardia. Cruzei com ele no sábado de noite, de carro, eu descendo a rua, ele subindo. O vidro tava um pouco baixo e eu vi que ao passar do meu lado, ele virou a cabeça e olhou. Só deu pra ver o brilho dos olhos verdes de gato dele dentro do carro. E é sempre a mesma sensação paralisante quando eu cruzo o olhar com ele. Eu congelo na hora, invariavelmente. A única coisa que me vem na cabeça é uma expressão totalmente, completamente, abobadamente besta: "uau!" rsrsrsrs Um horror, chega a ser patético!

Domingo, ele foi tirar o carro da garagem dele na hora em que eu cheguei do shopping. Eu estava atravessando a rua para abrir o portão para entrar na casa da mamys e ele saiu de dentro da casa dele e topou com a minha figura do outro lado da rua, um pouco mais para cima da casa dele. Enquanto abria o portão, ficou o tempo todo olhando, mas daquele jeito bravo dele, cara fechada de quem quer dizer: "oh, garota, perdeu alguma coisa? Tá pensando que é a última bolacha do pacote?!"

Agora eu tive certeza de que ele estava mesmo olhando. Olhou quando estava abrindo o portão, olhou depois que tirou o carro da garagem e desceu pra fechar o portão, olhou antes de entrar no carro. E em um certo momento que não sei qual foi, entre ele abrir o portão, entrar no carro, tirar o carro, descer para fechar o portão e sair, ele parou um instante o que estava fazendo, eu parei um instante o que eu estava fazendo e ficamos os dois olhando um pra cara do outro. Cena meio Sabrina-Júlia-Bianca, né? Pois é, mas foi aí que entrei na espiral da paquera: aquela hora em que o mundo congela, sobe um frio e desce um quente, sabe?

Ai ai ai, tô muito adolescente, e já passei há muito dessa idade. Sou uma senhôra (pronuncia-se senhoura, palavra da época de Machado de Assis!)... Que vergonha, mulher mau humorada, que vergonha esse seu comportamento, viu?!

Bem, o fato é que flerte é uma grande montanha-russa de poucos segundos, mas emocionante! Só preciso ver se o carrinho não vai sair dos trilhos. Seria um belo acidente e eu não quero ir para nenhum hospital!

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