Ai meu saquinho, viu? Não aguento mais o chorão do Barrichello. Meu, que caralho que passa na cabeça dele de sair falando que a Honda devia contratá-lo porque ele é mais experiente do que Bruno Senna? Que merda de cérebro ele tem de dizer, pela imprensa, "olha Bruno, pro seu bem, não senta no Honda, você vai queimar sua carreira aqui?" Que tipo de mensagem ele acha que passou para a equipe ao dizer uma porcaria dessa pros jornalistas??? Que a equipe tá uma zona, que não terá carro pra disputar título, pódio, pole, vitória, nada, então, novatos, se afastem da vaga que eu quero pra mim???
Aliás, tá aí o Bruninho tá fugindo da imprensa nesses dias de GP Brasil. Não tá dando declarações. Porque ele, novato e inexperiente e inferior, portanto, que é, sabe que agora é a hora de calar a boca. E o senhor Rubens chora e chora e chora e fala e fala e fala. Bem, não é que o novato Bruno acabou de dar, sem querer, uma lição nesse "experiente" Barrichello. Em todos esses anos trabalhando nessa indústria vital, Barrichello não aprendeu que em fase de negociação a gente cala a boca??? Tanta experiência serve para quê, afinal, senhor Rubens?
Esse moleque Barrichello nunca assume as coisas. Joga sempre nas costas dos outros. Botou no ombro a pressão de substituir o Ayrton Senna. Ele mesmo fez isso. Aí, se ferrou, porque substituir um cara que era herói e virou mito, só sendo super-herói. E passou anos dizendo que a culpa era da imprensa. Depois assinou com a Ferrari. "Ah, agora tô numa equipe grande, vou disputar o título pau-a-pau com o Schumacher, o Brasil será feliz de novo". E esqueceu de dizer que a Ferrari ia botar todas as fichas dela no piloto mais competente, que pra ela, era o alemão. E ele não conseguiu reverter a situação, andando mais que o Schumacher, não teve competência pra isso, não conseguiu se superar, ir além do limite, ser esperto, político, malandro... Como Piquet fez na Williams, quando tinha o Mansell e todos os ingleses contra ele.
Aí o pulha do Barrichello senta na Ferrari por anos a fio e depois diz que não ganhou mais porque a Ferrari não permitiu. Oh, desculpa aí, moleque, mas perguntar não ofende: que porra você ficou fazendo lá todos aqueles anos, sabendo que não ia ter as condições de realmente ser campeão porque a equipe te tratava como quinto piloto, hein? Além de encher teu cofre de dinheiro, o que mais te motivou a sentar num carro que a própria equipe desprezava? E quem te obrigou a assinar contrato com a Ferrari? Alguém assinou o contrato por você? Enfim, qual é a tua responsabilidade no negócio?
Ninguém te contou, Barrichello, mas eu vou te fazer uma revelação: em Ímola-94, não foram apenas o Ayrton e o Ratzemberger que deram adeus ao mundo da F-1 (e a tudo o mais, no caso deles). Um terceiro piloto morreu ali. Você! Como piloto, você morreu exatamente naquele dia 29 de abril de 1994, naquela grade do muro de Ímola. Morreu e esqueceu de deitar. Olha, Barrichello, passou da hora! Procura a luz branca, Barrichello! Siga a luz branca! Vai, anda, caminhe para a luz!!! Para a luuuuuzzzzz!!!!
PS - E por favor, caminhe em silêncio!!!
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Em outros blogs...
No blog da Rosana Hermann, o Querido Leitor (tá aí na listinha de blogs que eu gosto), ela tem um vídeo em que resume, de forma humoristicamente brilhante ou brilhantemente humorística, seu currículo... E no final, a melhor, a grande frase-sacada, aquela frase que só sai da boca de pessoas muito inteligentes:
"Apesar de ter passado minha vida inteira na ante-sala do sucesso, eu ainda sou uma pessoa que teme cair no abismo da mediocridade, num país onde muita gente vê a mediocridade como uma meta a ser alcançada..."
E ela ainda aponta pra cima ao falar da meta da mediocridade. Fantástica frase! Palmas pra Rosana "Sai de Baixo" Hermann!!!
"Apesar de ter passado minha vida inteira na ante-sala do sucesso, eu ainda sou uma pessoa que teme cair no abismo da mediocridade, num país onde muita gente vê a mediocridade como uma meta a ser alcançada..."
E ela ainda aponta pra cima ao falar da meta da mediocridade. Fantástica frase! Palmas pra Rosana "Sai de Baixo" Hermann!!!
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Não suporto mais viver comigo
Ando me sentindo cansada. Sonolenta. Devagar. Velha. Tão desanimada que não tenho força nem pra ficar triste. Ou pra chorar. Consigo me lamentar. É o máximo que minha energia, hoje, permite. Ontem fui ao clínico geral. Achei que pudesse ser anemia. Ele disse que é algum transtorno de ansiedade. Que tenho de mudar meu estilo de vida. Me receitou um energético. E um anti-depressivo, em dose baixa, por isso tive de mandar fazer em farmácia de manipulação. Como eu não tenho força nem pra dizer não, vou tomar os remédios. Mas tô adiando, ainda não tomei nada. Hoje tenho de tomar pelo menos o energético.
O resultado foi o oposto do que o médico pretendia. Pelo menos agora, no imediato. Eu fiquei mais irritada, mais brava, com mais raiva de mim por precisar de anti-depressivo. Tenho preconceito contra essas coisas de tomar remédio (ou beber ou se drogar) para melhorar o ânimo ou humor. Isso, para mim, é coisa de gente fraca, que não sabe lidar com sua vida e problemas. E eu senti profundo ódio por mim mesma ao receber essa receita do anti-depressivo. Ela é um atestado da minha absoluta e total incompetência na gestão da minha própria vida. É um diploma do quanto eu sou ruim em tudo que faço. Do fracasso que eu sou como pessoa.
Eu realmente não me suporto mais. Eu sou intolerável, intratável, insuportável. Eu não me agüento mais. Eu queria fechar os olhos de noite e nunca mais abrir. Eu queria trocar minha vida pela de outro. Eu queria qualquer coisa, que não estar aqui, sendo obrigada a conviver comigo mesma. Eu tô pensando aqui como é que a gente se cura da doença do saco cheio, mas do saco cheio de si mesma, não dos outros.
O resultado foi o oposto do que o médico pretendia. Pelo menos agora, no imediato. Eu fiquei mais irritada, mais brava, com mais raiva de mim por precisar de anti-depressivo. Tenho preconceito contra essas coisas de tomar remédio (ou beber ou se drogar) para melhorar o ânimo ou humor. Isso, para mim, é coisa de gente fraca, que não sabe lidar com sua vida e problemas. E eu senti profundo ódio por mim mesma ao receber essa receita do anti-depressivo. Ela é um atestado da minha absoluta e total incompetência na gestão da minha própria vida. É um diploma do quanto eu sou ruim em tudo que faço. Do fracasso que eu sou como pessoa.
Eu realmente não me suporto mais. Eu sou intolerável, intratável, insuportável. Eu não me agüento mais. Eu queria fechar os olhos de noite e nunca mais abrir. Eu queria trocar minha vida pela de outro. Eu queria qualquer coisa, que não estar aqui, sendo obrigada a conviver comigo mesma. Eu tô pensando aqui como é que a gente se cura da doença do saco cheio, mas do saco cheio de si mesma, não dos outros.
Dia de fúria
Hoje é um daqueles dias em que, se eu morasse nos EUA, pegaria uma metralhadora, iria para a faculdade e abriria fogo contra qualquer coisa que se movesse. Estou absolutamente cheia de raiva, de ódio, de rancor. E eu nem estava assim, até sair de casa. Mas o trânsito... O motoqueiro filho da puta que não sabe andar de moto e se mete a besta de andar entre as faixas... E esse imbecil tromba com meu espelho, quase o quebra e ainda me xinga... E eu não pude retribuir o "elogio" a altura, porque tava tudo trancado e eu não poderia fugir dele se ele voltasse para revidar fisicamente... Só me restou jogar praga. E jogo de novo: tomara que esse filho da puta viado do caralho se emburrache embaixo de um caminhão, de tal forma que só sobre tripa pra contar a história desse idiota, imbecil, retardado, corno, degraçado. Vai pilotar seu aparelho de barbear, seu infeliz, escroto, cretino, ameba!
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Uma reflexão
Estou absolutamente entediada no meu trabalho. Cansada, de saco muito cheio, irritada, desconcentrada, impaciente, sem gostar do que faço, sem vontade. Beirando perigosamente uma estafa. Fui chamada de tonta por estar contando o que tinha para fazer, antes de me dispor a pegar mais um serviço. Contei isso no estágio que faço para a licenciatura no CEU e a assistente de diretora, que monitora meu estágio, falou que é assédio moral. Minha amiga Fran sempre fala dos absurdos que ocorrem no meu serviço, mas essa minha personalidade ayrtonsenniana me faz ter limites maiores do que os da maioria das pessoas. Então, eu acabo tolerando coisas que boa parte dos meus colegas de profissão não suportariam, muito menos em um longo período de tempo - estou há quase seis anos no mesmo serviço. Acho meu salário legal, mas parece que não é tão bom assim, porque o que eu faço e o que eu sei, pouquíssimos dominam. E eu não estou construindo nada novo aqui. Agora, com os estágios em Educação, vejo que talvez possa fazer a diferença que eu não fiz na primeira opção profissional. Conheci pessoas muito interessantes, diferentes, engraçadas, preocupadas em melhorar o mundo, que olham para o outro de verdade. É um mundo diferente da redoma onde eu - e minha chefe - vivemos. Esse é o mundo de pessoas de verdade, de problemas de verdade. Um mundo em que cada dia tem algo novo. Novo e importante para muitas pessoas. O que eu faço hoje não tem nada a ver com isso. Eu só falo de coisas que podem ajudar quem ganha dinheiro a ganhar mais dinheiro. Falo com pessoas que vivem em um outro mundo, que não é o meu nem o da maioria dos brasileiros. E faço tudo isso tendo de suportar ser chamada de tonta, entre outras coisas... Acho que meu tempo de vida nesse serviço acabou. Está na hora de eu começar a me mexer novamente. Mas estou tão cansada, que nem sei por onde começar.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Triste roda
Na festa ontem, acabou que a noiva do moço deixou o respectivo futuro marido na ponta da roda comigo. Achei que ele ia se sentar, junto com ela. Não, pela primeira vez na vida, ele resolveu dançar comigo. Talvez tenha achado que ficaria chato não continuar dançando. Sei lá... Ele é meu 'mestre' nessa arte do dabke. Eu até agora tô no dilema Tostines: não sei se gostei dele porque ele é bonito e dança bem ou se gostei dele porque ele dança bem e é bonito. Gostei não é bem o termo, ele meio que virou um carma. Mais um carma...
A primeira vez que eu o vi, ele estava dançando. Passei uns seis meses só olhando ele dançar, e aí aprendi a dançar também. Por osmose. Demorei dois anos para falar com ele. E menos de duas horas para ficar com ele. E em uma das poucas vezes que ficamos, ele falou que eu não devia me apaixonar por ele. Infelizmente, eu já estava apaixonada, muito... e achei melhor ficar na minha. E ele ficou na dele. Hoje, ele tá noivo. E eu já fiquei feliz, por vê-lo feliz. Já fiquei triste, por vê-lo com outra. Já fiquei inconformada, deprimida, satisfeita, alegre, já chorei e dei risada, já me senti indiferente, vazia, completa, madura, insegura, já andei todo o percurso dessa montanha-russa chamada amor não correspondido. Só não fiz macumba para esquecê-lo. As coisas se acalmaram, pude voltar a falar oi para ele, meu coração parou de doer quando o via, e achei que o efeito dele sobre mim tinha diminuído até praticamente desaparecer. Nem uma briguinha com a noiva me animou. Nada me fazia sair da letargia, achei que tudo estava resolvido, tudo era passado. E era. Até ontem.
Ontem, enquanto estávamos dançando, eu apenas fiz isso, dancei. Modéstia à parte, a gente junto tem uma química legal, pelo menos para dançar. Todo mundo ficou olhando a gente puxando a roda. Eu consegui acompanhar direitinho os movimentos dele, até quando era para pular, porque ele não me avisou que ia pular, mas eu acompanhei. Ele e eu praticamente não conseguimos olhar um nos olhos do outro, e adotamos a postura de olhar mais para o chão. Mas sempre tem uma hora na dança em que a gente acaba olhando pros olhos da outra pessoa. Foi uma fração de segundo. E foi normal. Nada de frio na barriga, na espinha. Nada de me paralisar. Eu só sorri, porque estava dançando com meu mestre, e ele sorriu de volta, baixando os olhos novamente pro chão. Eu sorri porque não estava fazendo feio, o que me deixou bastante orgulhosa de mim mesma. Sorri porque estava me divertindo. Sorri porque estávamos dançando maravilhosamente bem.
Ele cansou, saiu da roda. Eu fiquei, continuei puxando e dançando, e continuei agindo como se nada demais tivesse ocorrido. Mas minha mão esquerda insistia em dizer que estava sentindo frio quando ele a soltou para sair da roda. Eu a ignorei, e dancei. Eu continuei durante toda a noite como se tudo estivesse bom, perfeito. Como se não tivesse prendido aquela mão e entrelaçado meus dedos nos dele por alguns minutos. Como se não tivéssemos sorrido um para o outro. Como se não tivéssemos ficado olhando para o chão. Como se não tivéssemos dançado muito bem, obrigada. Como se eu não tivesse notado que tinha uma química naquela dança. Como se eu não tivesse visto a cortesia dele em levantar meu braço e acompanhar minhas batidas de pé, como se fosse um pierrot fazendo corte a uma colombina. Como se eu tivesse esquecido da noiva, da aliança, do fato dele aparentemente ser cachorro, do fato de eu ter me comportado como uma autêntica vagabunda com ele e ele comigo, como se eu nunca tivesse segurado aquelas mãos antes, nem abraçado aquele ombro ou beijado aquela boca...
Não, ele não fez nada para me encorajar a tentar algo. Ele agiu normalmente. Meu cérebro - ou coração - é que balançam. Que sofrem. Que notam coisas que podem não ter acontecido, ou dão importância a coisas que, de fato, para o meu 'mestre' de dabke, não tem importância alguma. Mas ontem ele fez com que eu me lembrasse direitinho o poder que ele tem sobre mim. E é assustador saber que existe um homem capaz de me fazer ser uma pessoa completamente diferente do que eu sou sem, sequer, ter de pedir.
Eu fiquei com muito medo dele. E de mim. De mim, perto dele. Me tornaria outra pessoa com ele. Acho que a vida foi sábia. Tem coisas que não são para acontecer e é melhor assim. Eu e ele é uma coisa desse tipo, não deve acontecer. Mas, infelizmente para mim, meu coração ainda insiste em não aceitar isso. Em dois minutos de dança, três anos de esforço para superar essa história desceram pelo ralo. Estou sofrendo muito hoje. A dor chega a ser física e eu não tô suportando mais... Isso tem de acabar, de alguma maneira, tem de acabar.
A primeira vez que eu o vi, ele estava dançando. Passei uns seis meses só olhando ele dançar, e aí aprendi a dançar também. Por osmose. Demorei dois anos para falar com ele. E menos de duas horas para ficar com ele. E em uma das poucas vezes que ficamos, ele falou que eu não devia me apaixonar por ele. Infelizmente, eu já estava apaixonada, muito... e achei melhor ficar na minha. E ele ficou na dele. Hoje, ele tá noivo. E eu já fiquei feliz, por vê-lo feliz. Já fiquei triste, por vê-lo com outra. Já fiquei inconformada, deprimida, satisfeita, alegre, já chorei e dei risada, já me senti indiferente, vazia, completa, madura, insegura, já andei todo o percurso dessa montanha-russa chamada amor não correspondido. Só não fiz macumba para esquecê-lo. As coisas se acalmaram, pude voltar a falar oi para ele, meu coração parou de doer quando o via, e achei que o efeito dele sobre mim tinha diminuído até praticamente desaparecer. Nem uma briguinha com a noiva me animou. Nada me fazia sair da letargia, achei que tudo estava resolvido, tudo era passado. E era. Até ontem.
Ontem, enquanto estávamos dançando, eu apenas fiz isso, dancei. Modéstia à parte, a gente junto tem uma química legal, pelo menos para dançar. Todo mundo ficou olhando a gente puxando a roda. Eu consegui acompanhar direitinho os movimentos dele, até quando era para pular, porque ele não me avisou que ia pular, mas eu acompanhei. Ele e eu praticamente não conseguimos olhar um nos olhos do outro, e adotamos a postura de olhar mais para o chão. Mas sempre tem uma hora na dança em que a gente acaba olhando pros olhos da outra pessoa. Foi uma fração de segundo. E foi normal. Nada de frio na barriga, na espinha. Nada de me paralisar. Eu só sorri, porque estava dançando com meu mestre, e ele sorriu de volta, baixando os olhos novamente pro chão. Eu sorri porque não estava fazendo feio, o que me deixou bastante orgulhosa de mim mesma. Sorri porque estava me divertindo. Sorri porque estávamos dançando maravilhosamente bem.
Ele cansou, saiu da roda. Eu fiquei, continuei puxando e dançando, e continuei agindo como se nada demais tivesse ocorrido. Mas minha mão esquerda insistia em dizer que estava sentindo frio quando ele a soltou para sair da roda. Eu a ignorei, e dancei. Eu continuei durante toda a noite como se tudo estivesse bom, perfeito. Como se não tivesse prendido aquela mão e entrelaçado meus dedos nos dele por alguns minutos. Como se não tivéssemos sorrido um para o outro. Como se não tivéssemos ficado olhando para o chão. Como se não tivéssemos dançado muito bem, obrigada. Como se eu não tivesse notado que tinha uma química naquela dança. Como se eu não tivesse visto a cortesia dele em levantar meu braço e acompanhar minhas batidas de pé, como se fosse um pierrot fazendo corte a uma colombina. Como se eu tivesse esquecido da noiva, da aliança, do fato dele aparentemente ser cachorro, do fato de eu ter me comportado como uma autêntica vagabunda com ele e ele comigo, como se eu nunca tivesse segurado aquelas mãos antes, nem abraçado aquele ombro ou beijado aquela boca...
Não, ele não fez nada para me encorajar a tentar algo. Ele agiu normalmente. Meu cérebro - ou coração - é que balançam. Que sofrem. Que notam coisas que podem não ter acontecido, ou dão importância a coisas que, de fato, para o meu 'mestre' de dabke, não tem importância alguma. Mas ontem ele fez com que eu me lembrasse direitinho o poder que ele tem sobre mim. E é assustador saber que existe um homem capaz de me fazer ser uma pessoa completamente diferente do que eu sou sem, sequer, ter de pedir.
Eu fiquei com muito medo dele. E de mim. De mim, perto dele. Me tornaria outra pessoa com ele. Acho que a vida foi sábia. Tem coisas que não são para acontecer e é melhor assim. Eu e ele é uma coisa desse tipo, não deve acontecer. Mas, infelizmente para mim, meu coração ainda insiste em não aceitar isso. Em dois minutos de dança, três anos de esforço para superar essa história desceram pelo ralo. Estou sofrendo muito hoje. A dor chega a ser física e eu não tô suportando mais... Isso tem de acabar, de alguma maneira, tem de acabar.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
De volta à estação
Estive no colégio onde fiz o segundo grau hoje. De bobeira mesmo, era meu rodízio e não tinha trânsito, precisei estacionar para esperar dar as 10h e pensei em ver como estava o colégio. Mudou pouco. Cortaram algumas árvores do lado esquerdo e no estacionamento dos professores. Mudaram as cortinas tom pastel para azul escuro. O povo continua olhando pela janela e gritando com os colegas lá embaixo, no pátio. E continua jogando a cortina por cima da janela, de modo que o tecido fica pendurado do lado de fora da sala de aula. Os muros continuam com grafites. A placa com o nome da escola me pareceu ser a mesma de 19 anos atrás. Mas tiraram a lixeira que ficava na esquina.
Puxa, faz quase 20 anos que eu estive lá e parece que foi ontem que prestei vestibulinho para estudar naquele colégio, na época um dos melhores da Zona Leste entre as escolas públicas. É só aula do segundo grau lá. Só aborrecentes. Eu queria muito passar e estudar ali. Sonhava em estudar na USP ou numa boa universidade paga, que meus pais tivessem condições de bancar, claro. Pensava em ser engenheira civil em 1989, antes de começar a estudar lá. Era fã da Madonna em 1989. Tinha como grande paixão uma única pessoa, um rapaz que já não via mais, se afastou da minha família. Nunca havia namorado. Nem beijado na boca. Não ia em danceterias. Não tinha amigos. Nem havia trabalhado fora, eu só estudava.
Em 1989, o Senna era vivo. Já curtia muito ele. Mas ainda colecionava coisas da Madonna. Em 1989, minha avó era viva, meu tio Enir era vivo, meu primo Edson era vivo. Eu não conhecia o Marcelo em 1989... E ele ainda era vivo. Em 1989, eu entrei no colégio, pensando que passaria três anos ali, e que nesses três anos teria de definir minha vida inteira. Que profissão seguir? Quanto eu tinha de aprender para ter essa profissão? O que eu ia ser quando eu crescer? Estava ali, em 1989, pensando que essa resposta seria definida naqueles três anos.
Em 1989, comecei a ir nas baladinhas. Toco, Contra-Mão. Dançava house. Não beijei na boca nem arrumei namorado. Mas me apaixonei perdidamente pelo Marcelo, o menino mais bonito da escola, e não consegui falar nem oi para ele em 1989. Quando o fiz, em 1990, ele tinha saído da escola e me esnobou. Três meses depois, ele morreu em um acidente de moto. Passei o resto do tempo no colégio querendo sair de lá, tudo me lembrava dele. Foi um sofrimento. Em 1990, tive de usar aparelho. Em 1991, perdi minha avó. Mas consegui ver o Senna pessoalmente, duas vezes, o que compensou o ano.
Bem, eu me formei em 1991. De engenheira, vi que não tinha nada, meu negócio era Humanas. Passei no vestibular. Mas não na USP. Me formei na faculdade. Tenho uma profissão que todos os que não a exercem acham legal. Tem prestígio. Podia pagar melhor, mas eu vivo bem. Comprei meu carro, minha casa. Tenho minha vida independente, como eu sonhei quando criança, idealizei quando cheguei em 1989 naquele colégio.
E hoje, parada na porta, vendo as salas onde estudei, pensando no Marcelo, que não sobreviveu ao percurso, em todos que ficaram para trás, em todos os planos que fiz olhando para aquelas janelas... Vendo que realizei a maioria deles... simplesmente fiquei triste. E chorei. Eu sou exatamente o que queria ser, exatamente o que planejei em 1989. E não me senti feliz. E fiquei mais triste ainda por não me sentir feliz e grata pelo que sou e pelo que tenho. E tão perdida e com medo como estava em 1989.
Senti que estava sentada numa estação de trem, esperando por ele, e que ele passou, mas eu não embarquei. Fiquei para trás. E ali, de frente ao meu colégio, sentei novamente nessa estação, vendo uma paisagem vazia, empoeirada, triste, velha, sem vida. Vi o Marcelo, de óculos escuros, no carro do pai, parado na porta e fazendo pose. Lembrei de alguns professores, inspetores, da cantina da escola, da moda de chupar pirulito e comer doce de amendoim. Vi as minhas amigas e amigos. A Telma, cabulando aula, para sair com um soldado do Exército. Regiane, Ionara, Alessandro - o amigo fofo do Marcelo -, a Andréia, as meninas do fundão, de quem não lembro o nome, só que eram fãs do U2. Simone, Adriana, Patrícia, Andréa, Douglas, Olga, Alexandre... tanta gente passou e nunca mais soube de nenhum deles.
Infelizmente, o meu sonho de voltar naquela estação para pegar aquele trem não se converteu em realidade. Eu continuo procurando essa sensação de que posso reviver as coisas, mas não consigo. Algumas músicas, alguns lugares, perfumes, alguns dias quentes e chuvosos quase me levam até essa estação, onde eu estarei na porta do colégio, prestando vestibulinho e pensando que tinha uma vida toda pela frente para viver, para construir, pensando no mistério que era a resposta à pergunta sobre que tipo de pessoa eu seria aos 30 anos, que tipo de vida eu teria aos 30 anos. Agora, que eu sei a resposta, não consigo não chorar, mesmo tudo tendo sido como o planejado, mesmo eu tendo sofrido muito pouco nessa vida, mesmo eu tendo uma vida muito boa. Estou tão triste com tudo... e não sei porquê.
Puxa, faz quase 20 anos que eu estive lá e parece que foi ontem que prestei vestibulinho para estudar naquele colégio, na época um dos melhores da Zona Leste entre as escolas públicas. É só aula do segundo grau lá. Só aborrecentes. Eu queria muito passar e estudar ali. Sonhava em estudar na USP ou numa boa universidade paga, que meus pais tivessem condições de bancar, claro. Pensava em ser engenheira civil em 1989, antes de começar a estudar lá. Era fã da Madonna em 1989. Tinha como grande paixão uma única pessoa, um rapaz que já não via mais, se afastou da minha família. Nunca havia namorado. Nem beijado na boca. Não ia em danceterias. Não tinha amigos. Nem havia trabalhado fora, eu só estudava.
Em 1989, o Senna era vivo. Já curtia muito ele. Mas ainda colecionava coisas da Madonna. Em 1989, minha avó era viva, meu tio Enir era vivo, meu primo Edson era vivo. Eu não conhecia o Marcelo em 1989... E ele ainda era vivo. Em 1989, eu entrei no colégio, pensando que passaria três anos ali, e que nesses três anos teria de definir minha vida inteira. Que profissão seguir? Quanto eu tinha de aprender para ter essa profissão? O que eu ia ser quando eu crescer? Estava ali, em 1989, pensando que essa resposta seria definida naqueles três anos.
Em 1989, comecei a ir nas baladinhas. Toco, Contra-Mão. Dançava house. Não beijei na boca nem arrumei namorado. Mas me apaixonei perdidamente pelo Marcelo, o menino mais bonito da escola, e não consegui falar nem oi para ele em 1989. Quando o fiz, em 1990, ele tinha saído da escola e me esnobou. Três meses depois, ele morreu em um acidente de moto. Passei o resto do tempo no colégio querendo sair de lá, tudo me lembrava dele. Foi um sofrimento. Em 1990, tive de usar aparelho. Em 1991, perdi minha avó. Mas consegui ver o Senna pessoalmente, duas vezes, o que compensou o ano.
Bem, eu me formei em 1991. De engenheira, vi que não tinha nada, meu negócio era Humanas. Passei no vestibular. Mas não na USP. Me formei na faculdade. Tenho uma profissão que todos os que não a exercem acham legal. Tem prestígio. Podia pagar melhor, mas eu vivo bem. Comprei meu carro, minha casa. Tenho minha vida independente, como eu sonhei quando criança, idealizei quando cheguei em 1989 naquele colégio.
E hoje, parada na porta, vendo as salas onde estudei, pensando no Marcelo, que não sobreviveu ao percurso, em todos que ficaram para trás, em todos os planos que fiz olhando para aquelas janelas... Vendo que realizei a maioria deles... simplesmente fiquei triste. E chorei. Eu sou exatamente o que queria ser, exatamente o que planejei em 1989. E não me senti feliz. E fiquei mais triste ainda por não me sentir feliz e grata pelo que sou e pelo que tenho. E tão perdida e com medo como estava em 1989.
Senti que estava sentada numa estação de trem, esperando por ele, e que ele passou, mas eu não embarquei. Fiquei para trás. E ali, de frente ao meu colégio, sentei novamente nessa estação, vendo uma paisagem vazia, empoeirada, triste, velha, sem vida. Vi o Marcelo, de óculos escuros, no carro do pai, parado na porta e fazendo pose. Lembrei de alguns professores, inspetores, da cantina da escola, da moda de chupar pirulito e comer doce de amendoim. Vi as minhas amigas e amigos. A Telma, cabulando aula, para sair com um soldado do Exército. Regiane, Ionara, Alessandro - o amigo fofo do Marcelo -, a Andréia, as meninas do fundão, de quem não lembro o nome, só que eram fãs do U2. Simone, Adriana, Patrícia, Andréa, Douglas, Olga, Alexandre... tanta gente passou e nunca mais soube de nenhum deles.
Infelizmente, o meu sonho de voltar naquela estação para pegar aquele trem não se converteu em realidade. Eu continuo procurando essa sensação de que posso reviver as coisas, mas não consigo. Algumas músicas, alguns lugares, perfumes, alguns dias quentes e chuvosos quase me levam até essa estação, onde eu estarei na porta do colégio, prestando vestibulinho e pensando que tinha uma vida toda pela frente para viver, para construir, pensando no mistério que era a resposta à pergunta sobre que tipo de pessoa eu seria aos 30 anos, que tipo de vida eu teria aos 30 anos. Agora, que eu sei a resposta, não consigo não chorar, mesmo tudo tendo sido como o planejado, mesmo eu tendo sofrido muito pouco nessa vida, mesmo eu tendo uma vida muito boa. Estou tão triste com tudo... e não sei porquê.
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