terça-feira, 23 de setembro de 2008

Morando sozinha

Eu sempre quis ter minha casa própria... comprada por mim, com o dinheiro resultado do meu labor, que seria resultado de minha carreira, que seria, por fim, resultado dos meus anos e anos de estudo e CDFice. Consegui, com 28 anos, ter minha casa. Aliás, já estou na minha segunda casa própria, porque vendi a primeira e comprei uma muito mais legal!

Bem, eu amoooooooooooooooooo morar sozinha. Hoje, moro em casa de rua. Para total preocupação da minha família, por causa da violência. Mas nada que ocorra de ruim na vida de morar sozinha me desmotiva a continuar assim. Eu amo a idéia de mandar no meu próprio espaço. Tem gente que não suporta ficar sozinho num lugar. Ver TV sozinho. Comer sozinho. Chegar em casa e não ter ninguém para conversar, para "partilhar" sobre seu dia... Grande merda, e eu lá quero saber como foi o dia de alguém ou quero contar como foi o meu?

Eu amo saber que hoje, sairei do trampo, irei pra faculdade ter uma puta aula difícil sobre epistemologia da geografia, sairei tardão da noite e chegarei em casa sem ter um único ser bípede para atrapalhar minhas reflexões sobre a puta aula que eu vou enfrentar. Sem ter de discutir sobre eu querer ver Nip/Tuck na TV, enquanto outro quer ver no Sportv uma partida de futebol nada a ver com nada ou um jornal besta qualquer da Globonews. Sem ter de arrumar um prato de comida para ninguém que não para mim mesma ou ter de comer alguma coisa porque tem um ser do meu lado dizendo que tenho de comer. Posso chegar, me jogar no sofá e dormir sem comer nada, e com a mesmíssima roupa que estou usando agora. Ninguém me encherá o saco!

Adoro saber que chegarei em casa e ela estará, salvo se nenhum bandido entrou lá na minha ausência, do exato jeitinho que a deixei hoje cedo: com meu chinelinho na beira do sofá, a poltrona segurando a mochila e a blusa que usei ontem, a mesinha de ferro com badulaques do Ayrton e da faculdade, a calcinha secando no box do banheiro e meu pijaminha pendurado no segundo cabide de toalhas, porque eu tenho dois cabides de toalha, e não preciso dividir nenhum deles com ninguém.

Adoro, simplesmente adoro, poder espalhar minhas coisas pelos meus três dormitórios sem ter de negociar nada com ninguém. Adoro ver que tudo o que está lá é meu, e de mais ninguém. Que posso mexer em tudo, na hora em que eu quiser, e que ninguém fará o mesmo, ninguém vai mexer nas minhas coisas, elas ficarão onde eu colocar, do jeito que eu colocar. Adoro saber que sei onde estão as coisas, para que elas servem, e que posso mexer nelas a qualquer tempo, de qualquer jeito, colocá-las onde eu quiser e mudá-las de lugar sem que ninguém queira discutir a relação por causa disso.

Sou individualista? Sou, e daí? Isso prejudica alguém? Não. Eu não saio jogando lixo na rua. Não estaciono meu carro na porta da garagem do vizinho. Não corto fila. Não faço barulho até altas horas, prejudicando quem mora do meu lado. Pago minhas contas todas, em dia. Pago meus impostos. Não roubo. Não fumo. Não bebo de sair caindo e correndo o risco de matar alguém. Não me drogo. Estudo o tanto que dá para justificar minha presença numa faculdade pública, usando da melhor forma que posso o dinheiro que a sociedade gasta para pagar meus estudos na USP. Cumpro a lei. Trabalho muito. Estudo muito. Ajudo minha família no que posso. Tento ser uma boa amiga para meus amigos. Portanto, tenho todo direito de ser individualista e egoísta nesse sentido: ter uma casa minha, só minha, e ter minhas coisas e falar que é tudo meu.

E esse vídeo é muito divertido! Por causa dele, resolvi escrever sobre como eu amo muuuuuito morar sozinha.

Um comentário:

Samantha Porto disse...

Uau! Achei que eu era a única no mundo! Sonho em ter uma vida igual a sua. Um dia terei, espero que em breve. Ah que inveja! (inveja boa)