Bem, a essa altura, nota-se que a acidez das minhas falas não me permite muitos momentos de sinceridade e crítica. Então, tenho me mantido muito quieta para não falar as coisas e não chatear ninguém. Com minha família não é diferente. Fazia anos que não conseguia ter uma conversa de mais de dois minutos com primas, tias e mãe em que eu falasse sobre o que anda acontecendo na minha vida. E em um outro post eu contarei sobre porque voltei a fazer a greve, depois de uma conversinha sincera em que baixei a guarda. Agora, quero me lembrar de como a greve começou. Seu início foi, exatamente, quando descobri como estavam interpretando minha reação ao namoro de uma prima de segunda grau com um amigo meu, do meu irmão e da minha cunhada.
O moço já é ex, pelo menos na vida da minha prima, que está com outro rapazote. Fato é que o tal ex era grande amigo nosso e começou a freqüentar não só a casa da minha mãe, mas da minha madrinha. E foi prontamente avisado por mim e pelo meu irmão, que já conhecíamos a carência do rapaz, ele ali pelos 23, 25 anos: "Chiquinho" (vamos chamá-lo assim), não, não e não se 'engrace' pro lado das minhas primas, Fulaninha e Fulanona (vamos chamá-las assim). Não queremos problemas com os pais delas, tá? Elas estão entrando em fase pré-vestibular, as famílias estão loucas e blablablá, por favor, não vai complicar o meio de campo." O Chiquinho foi avisado várias vezes. Ele escutou, mas prestou atenção??? Nãaaaaaaaaoooo, claro que não.
Então, um dia, Chiquinho, mui amigo, se aproveitou da intimidade com minha família, ignorou os pedidos e ordens de não se envolver com as meninas, e começou a sair com Fulaninha, menininha que não ia nem em shopping sozinha, mas podia agora namorar um rapaz que tinha carro, era mais velho e já testava cadeira de balanço em motel. Isso foi ignorado porque, afinal, Chiquinho é boa gente. E ele é boa gente porque é amigo da Mulher de Mau Humor e do irmão dela, né? Quer melhor referência? Porque essa era a única informação que pais, tios e avós de Fulaninha tinham do Chiquinho a essa altura.
E a Fulaninha, paquitinha de tudo, achou "maior legal" o novo namoradinho, para poder falar pras amiguinhas de 16 anos que namora um moço quase 10 anos mais velho e que tem carro... Até imagino as caras e bocas dela ao comentar: "ai, menino de 16 é tudo criança, nada melhor do que um cara mais velho"... Devia dizer isso toda compenetrada, cheia da tal sabedoria aborrescente.
Acontece, negada, que eu não posso me responsabilizar pelo filho dos outros. Nem pela filha. Nem eu, nem meu irmão. Se a menina aparecer grávida, que ninguém venha falar pra gente: "seu amigo, hein???" E foi exatamente nessas coisas que eu pensei quando falei pro Chiquinho não dar em cima de nenhuma menina da minha família. Não queria dor de cabeça.
Nem preciso dizer como encaro amigo traíra. Nunca é de uma forma muito empolgante. Geralmente, eu risco a pessoa do meu caderninho. E risquei Chiquinho, que com tanta menina pra pegar, foi se meter com uma prima minha, cuja família não é lá muito favorável aos namoricos da moça. Até aí, "tronquilo", né? Mas eis que a mãe de Fulaninha pergunta pra minha mãe - e essa, tão retardada quanto as outras pessoas, bota fé na teoria e pergunta para mim - se eu não estava brava com o namoro porque eu estava interessada no Chiquinho. A frase da mãe da Fulaninha foi mais ou menos assim: "Mulher Mau Humorada, você está tendo chilique porque está com ciúme do Chiquinho com a Fulaninha? Porque se for isso, me avise, que a Fulaninha está fora!"
E claro, mamãe achou que eu ia beijar os pés de todas elas porque estavam sendo generosas, querendo que Chiquinho e Fulaninha se separassem porque eu gostava de Chiquinho. Realmente, foi comovente o episódio, chorei e ergui um altar cheio de velinhas para todas elas. Veja: Chiquinho é uns cinco anos mais novo do que eu. E eu o conhecia há uns cinco anos. E nunca rolou nada, porque eu não sou fã de criar ninguém. Chiquinho é novinho, imaturo, um poço de insegurança. E nunca fez meu tipo. Em cinco anos, alguém me viu com ele??? Não... Alguém me viu dar em cima dele? Nãaaaaaaooo... Alguém me viu ficar falando dele com interesse? Nananinanão...
Mas nada disso conta. Porque é claaaaro também que uma mulher de mais de 30 anos, solteira e sem namorado só pode ter encasquetado com o Chiquinho porque gosta dele, né? Porque estava tendo um acesso de ciúme do namoro do Chiquinho com sua priminha menor de idade. Claaaaaaro, isso tudo combina comigo: mulher sozinha, solteira, quando tem problema, qual é a resposta? HOMEEEEEM!!! Não é??? Um bom macho, um machinho, no caso do indefeso Chiquinho. E eu, que respeito ao máximo o homem e relacionamento alheio, claaaarooo que não ia respeitar o namorico da Fulaninha, minha prima. Veja, por que eu iria me comportar melhor com uma parente do que com um amiga, né? Afinal, amiga é amiga, agora parente não merece respeito, certo?
Aqui quero abrir um parênteses. A discussão sobre se eu estava certa ou errada em pedir, e depois mandar, o Chiquinho não se relacionar com minhas primas é outro tema, que também se desdobra em outro post. Não estava e não estou pedindo que ninguém concorde comigo. Uma coisa é o meu pedido-ordem, outra foi minha reação. As pessoas podem não aceitar, mas acho pouco provável que não entendam minhas motivações e a reação quando minhas palavras não foram ouvidas.
Voltando: fato é que a minha adorada família não admitiu que eu estava puta com Chiquinho porque ele não se conteve e foi dar em cima de uma pessoa da minha família, contrariando os vários pedidos que viraram ordens depois de certo tempo. Para eles, ao invés de ver que Chiquinho tinha sacaneado com uma amizade - e aí teriam de ver que Chiquinho talvez não fosse aquela maravilhosa pessoa que todos estavam tentando se convencer que ele era - preferiram achar que a solteirona aqui teve um acesso de ciúme, expressado de forma imatura e inconseqüente. Que eu estava querendo sacanear a relação dos pombinhos, fazendo cara feia pro namoro, porque uma solteirona só tem um problema na vida: falta de homem.
Bando de gente preconceituosa e burra. Essa foi a resposta para minha mãe, quando ela veio me fazer a pergunta imbecil sobre se eu estava brava com o namoro do Chiquinho e Fulaninha porque queria namorar o Chiquinho. E se esse povinho acha que eu esqueci toda essa história, está todo mundo redondamente enganado. Porque além de terem sido preconceituosos, revelaram que não me conhecem, após mais de 30 anos de convivência. E ainda mostraram que entre ver um defeito em um estranho, como era o Chiquinho, e botar os defeitos em mim, preferiram a segunda opção. Dessa vez, a "culpada" era eu, não o amigo traíra.
Então, como não posso dizer ao vivo e em cores, mas está tudo entalado na garganta, fica aqui no blog, para minha querida família, o meu mais solene, bem pronunciado, determinado e bem gritado FODAM-SE! E obrigada pela lição!
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário