terça-feira, 22 de julho de 2008

Eu sou charlatã, meninas, charlatã!

De uns tempos para cá, algumas das minhas melhores amigas têm falado muito comigo sobre homens. Sempre falaram, mas agora parece que falam mais do que antes. Talvez porque todas estejam ali na casa dos 33, 35 anos... Será que é o tal do medo desesperado de ficar pra titia? Não sei, não sei. Elas falam sobre os homens que estão na vida delas ou sobre os homens que gostariam que estivesse. Elas desabafam e sinto que querem conselhos. E eu, pior, acabo dando os tais conselhos, como se fosse o supra-sumo da sabedoria em relacionamentos homem-mulher.

Veja bem, eu não entendo nada de homem. Aliás, não entendo nada de gente. Se quiser conselho sobre cachorro, pode me pedir, eu sou excelente educadora de bichos, modéstia à parte. Todos os cachorros que eu eduquei - Bobby, Dandy, Luppy, Babi e Pituca - são cachorros extremamente educados. De verdade. Eles têm mais educação na ponta dos seus rabinhos do que eu tenho em todo o meu corpitcho. Aliás, eles tinham educação, pois os três primeiros já morreram, de velhice, quero destacar, porque cuidamos muito bem dos nossos pets.

Babi e Pituca, por exemplo, só saem da sua frente se você pedir licença. Se falar sai, elas não entendem. E não precisa falar duas vezes com elas: a Babi atende na primeira e a Pituca, que está ficando velhinha e rabujenta, atende na segunda ou terceira, dependendo do que for. Descer do sofá é mais complicado, tem de falar três vezes. Mas, no geral, duas bastam para ela obedecer. Nem precisa alterar a voz. São umas ladies essas minhas fofuxas!

Desviei do assunto: amigas me pedindo conselhos sobre homens e relacionamentos. Eu não sei me relacionar. Nem na amizade, nem romanticamente. Na amizade, eu até me viro bem com os meninos; já com as meninas eu tenho muitos problemas. De relacionamentos românticos, fujo igual o diabo da cruz. Ou melhor, tem vezes que me comporto como a Babi embaixo da água do chuveiro na hora do banho: eu fico parada, deixando as coisas acontecerem, porque eu sei que vai passar a paixonite. Assim como a Babi fica de cabeça baixa embaixo da água, olhando para o chão pacientemente, porque ela sabe que o banho vai acabar em alguma hora.

Comecei com mais de 20 anos nessa vida de beijar na boca, porque sempre me achei medonha e nunca acreditei que os meninos pudessem se interessar por mim. Um dia encontrei um cara que parecia que não ia debochar da minha pessoa nem me fazer virar a piada do ano porque eu nunca tinha ficado com ninguém, apesar de estar com uns 21 ou 22 anos. Por causa disso, fiquei com ele. Se não com ele, com quem eu ficaria, onde acharia alguém discreto e de confiança?

Nunca gostei muito desse cara, pra ser honesta. Fiquei com ele por medo de nunca mais alguém se interessar por mim. Eu estava certa: depois dele, quase ninguém se interessou, tirando uns três malucos aí, que eu despachei. Mas eu estava errada em uma coisa: eu sobrevivi e sobrevivo, muito bem, obrigada, nessa minha vida solteira e sozinha. Gosto mesmo de ser só, não é papo.

Tive esse único relacionamento sério na vida. Foi meu primeiro e último, durou uns quatro anos e foi uma merda. Durmi com uns cinco caras diferentes depois disso. Com dois deles, quase rolou um namoro. Um, conheceu uma moça, se apaixonou, noivou e quase casou. Eu fiquei de lado. Mas não cobrei nada. Era só uma rolo mesmo e eu nem tava tão interessada assim no moço, apesar de ser legal ficar com ele. O outro aparentemente gostava de mim, mas eu não gostava dele. Decidi sair fora antes que ele se magoasse demais.

O resto foi tudo folia de uma noite. Apesar de eu ter me apaixonado fortemente justamente por dois desses caras que foram folia. Não deu em nada. Não me pergunto porquê. Não me interessei ainda por fazer análises psicológicas sobre isso. Um dia, quem sabe, eu faço essa avaliação.

E, vejam, depois de todo esse histórico... As minhas amigas pedem conselho pra mim! Pra euzinha, essa pessoa que sabe tudo de cachorro e nada de ser humano e de relacionamento amoroso. Pra mim, pessoa cheia de preconceitos sobre o que é e o que pensa o ser do sexo masculino. Muito metida na hora de falar para elas: faça assim, faça assado. Eu boto um verbo tentar: por que não tenta isso ou aquilo? Mas é pra disfarçar a minha petulância, a minha arrogância. Que experiência eu tenho nisso, gentes? Nenhuma, praticamente nenhuma. Como é que alguém, em sã consciência, acha que o que eu falo se escreve, hein???

Essas minhas amigas são é umas loucas. Eu até aviso: fia, eu não entendo nada disso, de homem, de relacionamento, nem sentir falta disso eu sinto, você tá falando com a pessoa errada. Mas elas insistem em desabafar e perguntar o que fazer, o que não fazer, por que o cara fez assim, fez assado, o que eu acho. E eu acabo falando demais, meu lado psicóloga charlatã não resiste. Mas eu realmente preciso começar a fechar a matraca. Imediatamente, sob pena de acabar arruinando a vida de alguma dessas meninas, de maneira irreversível.

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