sexta-feira, 20 de março de 2009

Paspalhões

Nesse começo de 2009 meus pensamentos iam para o F. Mas, subitamente, com a chegada da notícia do namoro dele com a C., me desinteressei por completo. Já a minha outra obsessão, o PM, tinha ficado adormecida por um tempo bom em 2008. Só que nas festas de final de ano eu tive recaída porque eu o vi, conversando com meu irmão. Deixei passar a oportunidade de falar com ele, porque eu travo. Não adianta, eu não consigo falar com ele. Nem um "oi, tudo bem?" sai. Tem alguma coisa no olhar ou na postura corporal dele que me desestimula por completo a dirigir-lhe a palavra. É algo não-verbal que ele faz e eu não consigo identificar o que seria, porque tem esse problema de ser não-verbal.


As coisas ficaram piores nos últimos dias porque o troca-troca de olhares aumentou em projeção geométrica. Eu continuo viajando na maionese, vendo coisas que podem não ser nada. Ou ser tudo... rsrsrs O domingo passado, em especial, foi intrigante. Eu estava há muitos dias sem vê-lo e domingo foi um dia muito estranho.

Primeiro, na hora de sair para levar meu primo embora. Eu abri o portão da mamys e o Ricardo estava abrindo o portão dele. Saímos quase que juntos, ele da casa dele, eu da casa da minha mãe. Toca os dois paspalhões ficarem olhando um pra cara do outro e depois disfarçar. Eu fui pro meu carro, olhando para ele. Ele virou pra fechar o portão. E fica aquilo, ele olha para mim e para o que está fazendo, eu olho para ele e para o que estou fazendo. Bem, no meio da coisa toda, o meu sobrinho correndo porque queria ir junto comigo. Entrou rápido no carro, mas ele não estava de fralda e precisava ir ao banheiro. Minha cunhada o pegou e eu fiquei lá falando alto para ele ir tranquilo ao banheiro que eu ia ficar esperando. Assim, ele não ia chorar por ter sido retirado do carro.

Enquanto estou esperando o bebê voltar do banheiro, Ricardo fecha o portão de casa e arruma para sair com a moto, não sem antes parecer ter quase aberto um sorriso quando viu meu sobrinho sair do carro enquanto a tia aqui prometia que ia esperá-lo voltar. O quase-sorriso pode ser pura impressão minha, que fique claro. Ele, então, passa de moto, com capacete, e não olha diretamente para mim ao passar do meu lado - ele nunca olha. Mas eu tenho quase certeza de que ele olha de canto de olho pra ver se eu tô pagando pau para ele. Bem, Ricardo, eu tô olhando, tá? Sempre tô! Fazer o quê, é mais forte do que eu.

Meus pais ficaram conversando com meu primo e então eu saí pra levar meu primo embora uns 10 ou 15 minutos depois do PM ter saído. Fui acompanhada do meu sobrinho e minha cunhada. Cheguei na avenida perto da casa da mamys, entrei e quando estou chegando na primeira lombada, uma moto, muito das silenciosas, emparelha com meu carro, pelo lado esquerdo, e passa, devagar e um pouco perto demais do meu carro, na minha opinião - o que pode ter sido apenas impressão minha. Quem era? Ele! Eu reconheci o capacete e a moto, minha cunhada a linda blusa de moleton azul que ele vestia. O moço tem bom-gosto pra blusas, viu? Ele passou devagar e seguiu devagar, até sumir da minha vista. E eu pensando, enquanto ele sumia: "droga, agora vou demorar para vê-lo de novo, saco, meleca!"

Levei meu primo para a casa da minha madrinha, que é avó dele. Lá, a gente ficou um pouco: meu sobrinho queria brincar com o Leonardo di Caprio - o famoso pintcher que a didinha tem. E comemos bolo de cenoura. Voltamos para a mamys. Encostei o carro do outro lado da rua, minha cunhada desceu com o bebê, e atravessamos a rua. Abri o portão social, ela e o bebê entraram primeiro. Quando eu estou entrando na garagem, de costas, portanto, para a rua, só ouço uma acelerada muito forte de moto atrás de mim. Quem era? Ele! De novo! Saímos e chegamos no mesmo horário e ainda nos encontramos no meio do caminho. Sinistro isso.

Bem, ao ouvir a estranha acelerada, eu obviamente olhei para trás e vi que era ele. Entrei e fechei o portão. Ia pra dentro da casa da mamys, claro... Tá, confesso, confesso! Eu fiquei na garagem da minha mãe olhando-o guardar a moto e fechar o portão. rsrsrsrs Eu até mexi no meu celular, pra disfarçar um pouco, mas quer saber? Pensei: dane-se! Ao invés de entrar, o que seria normal, eu encostei na parede, junto ao portão, e fiquei descaradamente olhando pra ele enquanto ele estava fechando o portão. Fiquei olhando até ele fechar e eu não ver mais nada. Fui tãaaaaaaaaaao cara-de-pau que nem sei como é que vou conseguir olhar pra ele de novo depois dessa.

Eu até agora tô tentando entender porque aquela acelerada tão alta, afinal, ele ia apenas guardar a moto na garagem. A minha imodéstia diz que ele quis chamar minha atenção. Não tinha motivo nenhum para ele dar aquele esticão no acelerador da moto, ele só ia fazer uma curvinha duas casas pra baixo para parar na porta de casa e abrir a garagem. O que faria até em ponto-morto, se quisesse. Ai, como eu queria que isso fosse verdade, que ele acelerou pra me dizer que tinha chegado e eu ficar lá, alimentando o ego dele com a minha babação! rsrsrsrs


E teve o outro episódio engraçado, na semana anterior. Eu estava no meu carro, estacionado em cima da calçada da mamys, com meu sobrinho. Ele adora brincar dentro de carros. De repente, abriram o portão da casa do Ricardo. Saiu uma roda e eu já vi que era a moto dele. Eba! Parei as rotativas nessa hora, claro. Debrucei-me no volante e fiquei lá, babaaaaaaaaaaaaaaanddo. Meu irmão tinha acabado de sair da casa da mamãe e estava na calçada, fumando.

Bem, o que se passou a partir de então foi muito sinistro também. E como eu gosto de dizer, pode ter acontecido ou eu posso ter imaginado. Louca, louca, claro. A cena toda se deu com o moço virado de frente para mim. E ele estava olhando para mim para ver se eu estava olhando, ou seja, alternava olhar pra mim com olhar para o que estava fazendo.

O Ricardo tirou a moto. Estacionou na calçada. Desceu da moto. Ficou olhando o painel da moto. Mexeu em algo do painel. Ameaçou ir para a garagem. Voltou e olhou a moto de novo. Foi na garagem. Fechou o portão. Voltou para a moto. Ficou batendo nos bolsos. Parecia que tinha esquecido algo. Fez menção de voltar para a garagem. Desistiu de voltar. Bateu nos bolsos novamente. Resolveu pegar o capacete. Colocou o capacete. Bateu novamente nos bolsos. Cumprimentou um outro motociclista que passou chispando na rua. Subiu na moto. Saiu. Passou e cumprimentou meu irmão com um gesto de cabeça e sem sorrir, como se estivesse cumprimentando outro policial. Eu fiquei dentro do carro, só apreciando. Sumiu. Não vi mais.

Eu meio que achei que ele tava querendo fazer cera ali para eu poder apreciá-lo. E eu apreciei. Muito. Cada segundo. Obrigada, Ricardo! Mas até aí, Inês está morta, né? Eu achar e ser real são coisas muuuuuuuuuuito diferentes. Mais tarde, eu de zueira falei pro meu irmão, já dentro de casa:

Eu - "O PM tava se exibindo pra mim aquela hora, não tava não?"

Maninho - "Não vi nada demais." Disse isso com uma cara bem séria e do tipo: "se enxerga mulher!"

Eu - "Hum, saco!"

Maninho - "Ele vai casar ano que vem."

Eu - "Ai, jura que vai casar?"

Maninho - "Bem, eu, pelo menos, vou fazer tudo pra ele casar."

Comecei a rir.

Eu - "Ah, agora eu tenho certeza de que ele estava mesmo se exibindo pra mim e que você pensou a mesma coisa. Se ele não tivesse, você não me daria uma resposta tão besta como essa, mano!"

Maninho - silêncio constrangido de irmão bobo e ciumento...

E, o mais importante, meu irmão mão me desmentiu a respeito da minha impressão sobre o Ricardo ter fingido que estava procurando algo só pra ficar ali, se mostrando pra babona aqui.

Ai, ai... quando eu vou crescer e parar de me empolgar com coisas tão idiotas, hein?


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